As complicações da ausência de comunicação não verbal

Por Maria Duarte Bello, CEO da MDB – Coaching e Gestão de Imagem, Coach PCC & Mentor Senior

É tentador pensar que uma reunião realizada com câmara de vídeo pode ser o substituto adequado para uma presencial, mas a verdade é que o corpo humano as decifra de uma forma completamente diferente. As chaves de comunicação que se perdem numa videoconferência são o tom de voz, uma parte das expressões faciais e os gestos físicos. Ao não serem tão evidentes numa videoconferência, o participante vê-se obrigado a prestar mais atenção e no fim, principalmente se houver muitos participantes, a reunião pode ser esgotante.

“A linguagem não verbal é o primeiro ingrediente da comunicação oral”. Equivale a mais de dois terços do que a pessoa quer partilhar: fornece a interpretação e o significado. Numa videoconferência geralmente ficamos sentados e quietos e o controle do espaço é muito importante, o que desencadeia, no final, um esforço psicológico excessivo. Quando um dos componentes da comunicação está ausente ou limitado – como acontece no zoom, teams ou outros – emissores e receptores veem-se obrigados a prestar mais atenção e a fazer um esforço maior para se expressarem e para se entenderem corretamente.

Outra circunstância que causa tensão nas videoconferências são os silêncios: numa reunião presencial, lida-se com eles de forma natural, sem que seja preciso forçar nada, mas não ocorre a mesma coisa numa reunião com uma câmara na frente, na qual só vemos os rostos dos participantes. Como sabemos as intervenções não fluem de forma natural, a não ser que haja um moderador que dê a palavra; o habitual é que uns atropelem os outros, ou, pelo contrário, que os intervalos entre cada fala sejam preenchidos por silêncios incómodos.

Como se isso não bastasse, as videoconferências têm uma dificuldade adicional que, paradoxalmente, deveria facilitar as coisas: a audiovisual. A imagem precisa de manipulação para que reflita a verdade, por exemplo, se quisermos parecer naturais, temos de atuar um pouco; se quisermos que o nosso rosto pareça natural, temos de nos maquilhar; se quisermos que a nossa voz se escute melhor, temos de subir ou baixar o tom de uma forma meio artificial. Tudo isto exige um esforço que provoca tensão em quem não está acostumado.

 As videoconferências chegaram para ficar e não são obviamente uma ferramenta nova. Uma boa regra geral antes de agendar uma reunião é considerar se vale a pena o tempo que se vai investir: um e-mail rápido, uma mensagem por chat ou um telefonema de 30 segundos podem ser suficientes para comunicar a mensagem e não é tão exigente como uma reunião por vídeo.

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