A Arte da Guerra
Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy
A Arte da Guerra é um tratado militar escrito durante o século IV a.c., durante o período dos Estados Belicosos da antiga China, pelo estrategista Sun Tzu. No prefácio de um outro documento deste tempo, Zhanguo e Chan Kuo, referiam: usurpadores se proclamam senhores e reis, Estados governados por pretendentes e conspiradores reforçam seus exércitos para se tornarem superpotências.
Talvez o paradoxo da Arte da Guerra esteja na sua oposição à guerra: guerreia contra a guerra, através dos seus próprios princípios, infiltrando-se nas linhas inimigas, revelando os segredos e mudando o coração dos adversários.
Este tratado, hoje em dia, ultrapassou as fronteiras da designada estratégia militar, para a estratégia empresarial. Não qual Napoleão que a utilizou, ou Mao Tse Tung que cita nos seus escritos passagens do tratado, mas essencialmente interpretações que procuram aliar fórmulas dos sucessos de campanhas militares ao sucesso de uma Empresa.
Na sua base, Sun Tzu, é muito pragmático aconselhando a não se entrar em longas e desgastantes batalhas. Por isso, quando uma Organização se perde numa campanha demorada de confronto concorrencial, o mais certo é fragilizar e consumir recursos, além de toda uma desvalorização da sua imagem, da sua Marca.
Mas porque procuramos na guerra soluções organizacionais? A guerra em si mesma, à partida, não nos devia trazer nenhum ensinamento. Mais ainda quando, todos os dias, somos confrontados com a brutalidade da mesma, mesmo sem estarmos envolvidos diretamente. Mas sim, ela traz-nos ensinamentos. Já o filósofo humanista Confúcio, na véspera da era dos referidos Estados Belicosos, trabalhava contra a deterioração dos valores humanos, sabendo que a mesma determinava a imersão numa sociedade que iria viver séculos de conflitos.
E o problema está aí mesmo: a deterioração dos Valores. Nomeadamente, quando se usurpa o poder para se atingirem objetivos individuais. Ainda não nos consciencializámos do verdadeiro impacto que a guerra atual irá ter. Temos apenas consciência do que está a acontecer com quem a sofre diariamente, seja no terreno, seja em gerações que se vêem espoliadas de praticamente tudo e, muito certamente, a procurar soluções fora do seu ambiente, empurradas para novas adaptações, em particular do ponto de vista de cultural.
Mas Sun Tzu, transmite-nos alguns ensinamentos na sua Arte da Guerra: planear como chave do sucesso, mobilização geral para todos os desafios, estratégias de dissuação (comunicação) e de alianças (parcerias) e a importância do conhecimento do terreno.
Estamos, pois, perante um desafio gigantesco. Se a recente pandemia nos mostrou que não existem referenciais estáticos, que a flexibilidade é mais que uma palavra, esta guerra brutal e inusitada, apela a objetivos comuns, fluxos de informação eficientes, adaptações contínuas e lideranças fortes.
Uma liderança em contraponto com o que desencadeou esta guerra. Uma liderança baseada na integridade, na gentileza, na disciplina, na coragem e, acima de tudo, na sabedoria. E recordando um ditado chinês: “um soldado incompetente é um problema individual, mas um general incompetente é um problema de todo o exército”.
“Até que o Sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão” (Confúcio).
E acreditemos que uma estratégia humanista vencerá!