Me ou We? Perdeu-se o “fit” entre empresas e profissionais?

O fenómeno “The Great Resignation pode ainda não ser uma realidade em Portugal, mas não há grandes dúvidas de que houve uma mudança na dinâmica da relação entre profissionais e empresa.

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Não é um fenómeno massivo como nos Estados Unidos da América, mas as empresas em Portugal também têm sido confrontadas com colaboradores que voluntariamente pretendem sair, e a maior parte das vezes não porque têm uma oferta melhor, mas simplesmente porque querem uma vida diferente. Num contexto de escassez de capital humano (transversalmente e não só de talento especializado), como podem as empresas parar esta tendência e fazer os profissionais voltarem a valorizar o We e não só o Me?

Estatisticamente, pode não ser uma realidade relevante no nosso país, porque a maioria dos profissionais não se poderá dar ao luxo de se demitir e ficar sem rendimento, mas se essas pessoas forem as relevantes e não as dispensáveis, que todas as empresas terão, o tema torna-se relevante. A solução passará por tornar as empresas mais atractivas, por reequacionar aquilo que é a sua EVP, tendo em conta o que os profissionais actualmente valorizam. Mas as empresas também não se podem descaracterizar. É preciso encontrar um meio-termo entre o Me e o We, o “fit” entre empresas e profissionais.

Por outro lado, quando o caminho deixa de ser conciliável, também não deve ser encarado como um drama. No futebol, é comum as “estrelas” saírem. Mas é importante começar a trabalhar o offboarding, para manter esses talentos como embaixadores da marca e até, quem sabe, para que possam regressar.

Como habitualmente, o almoço do Conselho Editorial da Human Resources realizou-se no Vila Galé Ópera, em Lisboa, a convite de Gonçalo Rebelo de Almeida. Estiveram presentes os conselheiros: Ana Porfírio (Jaba Recordati), Catarina Tendeiro (People Advisor and Coach), Diogo Alarcão (gestor), Inês Madeira (Grupo FHC), Joana Queiroz Ribeiro (Fidelidade), Margarida Cardoso (Tabaqueira), Maria João Martins (My Change), Pedro Ramos (Keeptalent), Pedro Rocha e Silva (Neves de Almeida HR Consulting), Sara Silva (L’Oréal) e Tiago Brandão (The Browers Company).

Artigo publicado na Revista Human Resources n.º 136, de Março de 2022

Ler Mais