Um mundo em transformação e o risco de “navegar à vista
Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy
Novos desafios, novos cenários, novas atitudes! Como navegar em contextos organizacionais em transformação? O que podemos fazer hoje e a partir de amanhã? Estamos a enfrentar um novo mundo! Partimos de um conjunto de crenças, de valores e padrões de comportamento. De repente, colocamos tudo em causa. Seja pelo impacto de crises sanitárias preocupantes, seja por via de impactos ambientais em que já estamos atrasados na resposta, seja pela incompreensão de uma guerra em que o desprezo pela vida humana é uma realidade.
A Sociedade em que vivemos movimenta-se atrás do prejuízo. Os Estados, as respetivas lideranças, navegam à vista, pois não existe nenhum guia, nenhum manual, nem nenhum guru que antecipasse o que está a suceder. Há sempre quem aproveite e diga: eu bem avisei que algo de nefasto iria acontecer! Certamente, em reuniões recônditas de entidades secretas, alguém antecipasse. Mas se antecipou deveria ter gritado bem alto: Cuidado! Mas é aqui justamente que reside a questão: onde estão lideranças verdadeiramente influenciadoras que transmitam confiança, idoneidade, credibilidade. No fundo, um carisma positivo para uma liderança que transmitam que a transformação irá trazer benefícios para a comunidade.
Talvez as neurociências nos ajudem a perceber muito do que se passa. Certas investigações foram desvendando os mistérios dos mecanismos cerebrais por trás dos processos mentais, como a geração de emoções e comportamentos, a motivação, a tomada de decisão, a aprendizagem, a negociação, a resolução de problemas. Assim, como o que consideramos como comportamentos desviantes aliados a estes processos: o que leva a emitir-se uma ordem de se atacarem alvos civis numa guerra, por exemplo.
Mas situemo-nos num universo mais restrito do que nos rodeia. A vida dentro das organizações com que nos relacionamos e onde trabalhamos. Onde nos leva a auto-estima, ou a ausência dela, e que dilemas relacionais experimentamos no dia-a-dia. Sim, os desafios processam-se por fenómenos de osmose para a nossa vivência diária. Que compatibilidade entre os valores pessoais e organizacionais? Até onde experimentamos o nosso autocontrolo e gerimos conflitos, para nos conectarmos de forma empática e com consciência social? Basta-nos fazer uso de uma certa dose de inteligência emocional?
Vivemos no confronto entre o nosso normal, se é que hoje conseguimos saber verdadeiramente o significado de normal, e o que é atípico. Trabalhamos na base do exercício das nossas atividades, preocupando-nos com o desenvolvimento e bem estar das pessoas, ao mesmo tempo que somos confrontados por todos os canais de comunicação do que é pernicioso e/ou brutalmente imoral. Mas enquanto nada nos bate à porta, temos a perceção que tudo é muito longe, mesmo que a inflação e outros fenómenos se apresentem como resultados galopantes do que nos rodeia.
Por isso, é positivo que encaremos a realidade de frente e com sentimentos solidários. Há que libertar o nosso melhor potencial, adotarmos um modelo mental adequado, cuja essência seja a autenticidade, baseada numa postura de confiança e credibilidade. Relacionamentos éticos e de verdadeiro ganha-ganha, com monitorização constante dos riscos e de foco na inovação. Há claramente uma mudança de rumo que exige superação – um estímulo a um pensamento estratégico consistente e um propósito que se consolide num clima sinérgico total!