Já ouviu falar no software bossware? Se acha que está a ser vigiado pelo seu chefe, saiba se é legal

As mudanças que vieram com a pandemia da Covid-19 acabaram por ficar mais tempo do que o previsto a nível laboral. Muitas foram as empresas que optaram por manter o regime de trabalho remoto ou híbrido, contudo há ainda muito por aperfeiçoar nestes métodos.

 

Ainda que aparentemente exista mais flexibilidade e abertura quanto à presença física de um trabalhador no local de trabalho, esta mudança surge com algumas dúvidas e receios tanto pela parte dos colaboradores como das empresas.

Apesar de a produtividade ser subjectiva e o local onde os trabalhadores se sentem melhor também, cada vez mais os chefes sentem a necessidade de utilizar o chamado software de monitorização ‘bossware’ que permite, acreditam, assegurar a produtividade dos trabalhadores. Para aumentar a vigilância no teletrabalho e facilitar a monotorização dos trabalhadores, cerca de oito dos 10 maiores empregadores privados dos Estados Unidos da América (EUA) estão a recorrer a este serviço, segundo a revista Fast Company.

Um estudo, feito com mais de 1.200 empregadores nos Estados Unidos, indica que cerca de 60% das empresas utiliza tecnologia para vigiar os seus trabalhadores e quase nove em cada 10 fizeram despedimentos após a implementação do software de monitorização.

Embora esteja a ser mais utilizado do que nunca, este método não é recente. Mesmo antes de existir trabalho remoto, os patrões que não conseguiam controlar fisicamente os funcionários, recorriam a programas tecnológicos para o fazer. Posto isto, a questão que agora se coloca é se existe alguma regulamentação em torno da vigilância dos empregados e se é obrigatório que sejam avisados de que estão a ser vigiados.

Até ao momento, as leis que se debruçam sobre esta situação são, na maioria, inexistentes e as que existem variam de país para país. Em geral, não há nenhuma regra que obrigue os líderes a avisar os empregados de que estão a ser vigiados, informou o fundador e director executivo do Projecto de Supervisão de Tecnologia de Vigilância, Albert Fox Cahn.

O facto de se deixar de trabalhar presencialmente levantou dúvidas em relação à confiança por parte de muitas empresas nos empregados, contudo este método pode ter consequências negativas e o mesmo pode acontecer no sentido inverso. “A verdade é que este software desmoraliza os trabalhadores e é incrivelmente invasivo quando as pessoas estão cientes da sua presença”, advertiu Fox Cahn ao salientar que “o software não é capaz de fazer uma avaliação holística de como estamos a fazer um bom trabalho, por isso reduz o desempenho profissional a métricas realmente simples”.

Actualmente, não existem dados que demonstrem quantas empresas estão a monitorizar os seus funcionários através do uso de inteligência artificial (IA) ou outro software de rastreio, porém as ferramentas de vigilância cresceram exponencialmente nos últimos anos, o que começou a acontecer no início da pandemia de Covid-19.

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