Patrícia de Melo e Liz, Savills: «Alcancei o meu objectivo: ser feliz e construir felicidade à minha volta»

À frente do leme da Savills em Portugal desde 2018, Patrícia de Melo e Liz recorda o percurso do real estate, de um segmento pouco profissionalizado para um dos grandes protagonistas da economia nacional. Fiel à noção de que «dois podem sempre mais do que um», acredita que “Ser Savills” significa fazer parte de uma equipa onde a autenticidade e expertise de cada um estão patentes em cada passo dado.

 

Por Tânia Reis

 

Patrícia de Melo e Liz co-lidera uma equipa de 153 pessoas e não tem dúvidas de que são elas o principal activo da Savills, pelo que, a par com a gestão do negócio, prioriza o seu bem-estar. Para o conseguir, está atenta às tendências do mercado, mas sobretudo aos interesses e necessidades das suas pessoas. Acredita e valoriza o seu desenvolvimento e evolução profissional, sem descurar iniciativas que quebrem a rotina e promovam a criatividade e interacção. O resultado é uma «empresa com personalidade forte, autêntica, na individualidade de cada um a trabalhar para um mesmo objectivo».

 

Ocupa o cargo de CEO da Savills desde Janeiro de 2018. Quais têm sido os principais desafios?
A Savills está em Portugal desde 2018, através da aquisição da então líder de mercado ibérica Aguirre Newman. No entanto, se contarmos com a fundação das empresas que deram origem ao que hoje é a Savills, somamos já 25 anos de existência no País, ao longo dos quais tenho assumido o leme desta equipa inspiradora.

Durante estes anos, foram inúmeros os desafios que surgiram, seja por oscilações que se fizeram sentir no próprio sector imobiliário, seja numa perspectiva interna da empresa. Destaco, para além das crises macroeconómicas globais, todos os processos de venda e aquisição nos quais estivemos envolvidos, onde nos deparámos também com o desafio da Gestão de Pessoas, superado com sucesso.

Paralelamente, na Savills, a nossa equipa tem registado um crescimento exponencial ao longo dos últimos anos, o que nos tem obrigado a pensar de forma mais estratégica e mais personalizada. Este é também um desafio que se pauta pela ambição de querermos fazer mais e melhor junto das nossas pessoas.

 

E que marcos destaca nesse percurso?
A significativa expansão e especialização de serviços da Savills em Portugal, a entregar sempre qualidade, é, para mim, a maior conquista que alcançámos. Aliado a essa expansão, o crescimento da equipa que, embora rápido em vários momentos da nossa história, se manifestou sempre sustentado numa permanente procura da excelência. Temos vindo a desenvolver as competências das nossas pessoas através de formação e certificações em várias matérias, com um resultado notável em todos os departamentos, o que nos tem permitido crescer de forma sustentada.

Recentemente, destaco a aquisição da Predibisa, empresa líder em serviços de Mediação Imobiliária Residencial e Comercial no mercado do Porto há mais de 30 anos, que nos permite consolidar a oferta de serviços no Porto, onde tínhamos já uma pequena equipa há mais de seis anos.

 

De que forma evoluíram os objectivos traçados para o negócio?
O mercado imobiliário tem sido uma autêntica estrela na economia nacional, nos últimos 10 anos. A Savills Portugal não foi excepção e vem respondendo de forma bastante positiva às exigências e diversificação deste nosso mercado, contribuindo para a especialização dos serviços, ultrapassando sempre os objectivos traçados.

O nosso país tem sido um caso de estudo em diversas vertentes, nomeadamente no crescente interesse por parte de empresas internacionais, assim como de pessoas oriundas de outros países, que pretendem fazer de Portugal a sua casa. Sermos um dos principais hubs tecnológicos europeus é também um factor que catalisa o sucesso do nosso mercado, a par dos elevados níveis de segurança e, claro, do clima ameno. Estes factores, aliados à crescente expertise da nossa equipa – que tem apostado na inovação técnica e em temas de preservação do ambiente nos processos construtivos e de manutenção do património –, têm contribuído para que os nossos objectivos de crescimento sejam ultrapassados com facilidade.

 

E que objectivos traçou para si mesma?
Os meus objectivos a nível profissional estiveram sempre ligados aos da empresa. O sentido de serviço por que pauto a minha actuação profissional, e a forma independente como procuro olhar para um objectivo comum, levam-me muitas vezes a essa intercepção. Ser a melhor líder e gestora que consiga ser, no sentido do desenvolvimento constante das minhas competências e das dos outros, para um bem comum. Liderar a melhor equipa que possa ter pela qualidade que oferece, inspirar os outros a fazer melhor todos os dias, entregar-me com empenho e entusiasmo em tudo o que faço, com a consciência de que sozinha nunca seria capaz de chegar onde já cheguei.

Resisto muito a heroísmos, pela noção que tenho de que dois podem sempre mais do que um, assim haja colaboração mútua e um espírito aberto a um conhecimento constante. Ver a empresa crescer e ver crescer as nossas pessoas, não apenas nas suas competências e evolução de carreira, mas também na sua vida. Quantos aqui já vimos entrar muito jovens e, mais tarde, a comprar casa, a casar, a ter o primeiro, o segundo e terceiro filhos, a estabelecer-se… Isso é motivo de sobra para me motivar e fazer sentir que todos os esforços valem a pena.

Também eu me incluo nessa evolução de vida e nessa prosperidade com enorme satisfação e uma forte sensação de ter alcançado o meu maior objectivo, ser feliz e construir felicidade à minha volta.

 

Que retrato faz do sector imobiliário?
Ao longo destes 25 anos, a realidade do sector imobiliário português tem sido pautada por diversas oscilações. De um segmento pouco profissionalizado em tempos de outrora, o imobiliário passou a ser um dos grandes protagonistas da economia nacional. Lisboa e Porto foram alvo de reabilitações profundas que trouxeram vida a edifícios riquíssimos arquitectonicamente, que se encontravam envelhecidos, impulsionando o mercado turístico e residencial. A capital passou a estar no topo da lista de destinos preferidos de turistas, residentes estrangeiros e nómadas digitais, e o boom do mercado residencial direccionado para o desenvolvimento de projectos high-end atribuiu igualmente uma projecção internacional à cidade.

Por outro lado, os anos de fortes alterações nas dinâmicas populacionais reflectem- se agora no surgimento de segmentos alternativos de mercado, como student housing e senior living. O Porto tem vindo a registar uma trajectória brilhante através de uma notória transformação do seu tecido urbano, sendo cada vez mais uma opção a considerar por parte de empresas internacionais que procuram uma nova localização na Europa.

Ainda no segmento residencial, existe uma crescente procura pela região norte do País e sabemos que não se cinge apenas a estas duas áreas metropolitanas, são vários os municípios que, de norte a sul do País, estão a fazer um trabalho notável de forma a impulsionar a realidade do imobiliário em Portugal.

Claro que estamos cientes dos desafios que 2023 nos trouxe, com uma Europa intimidada pelo aumento das taxas de juro e inflação. Ainda assim, vemos os mercados do sul da Europa a mostrar uma resiliência que nos traz confiança numa trajectória ascendente, nesta segunda metade do ano.

 

Quais as actuais prioridades na estratégia de negócio da Savills Portugal?
Consolidar as nossas equipas após o forte crescimento e diversificação de serviços que tivemos nos últimos anos e solidificar o serviço de qualidade que oferecemos aos nossos clientes em todo o País. Continuar a crescer não só na grande Lisboa, mas também no Porto e Algarve, de modo a optimizar a cobertura de serviços a todo o território.

 

E que prioridades assumem na Gestão de Pessoas?
As pessoas são o principal activo de qualquer empresa, pelo que a sua saúde e bem-estar deverão ser sempre priorizados. É para nós essencial facultar a todos aqueles que integram a Savills ferramentas que lhes permitam evoluir e transformar as suas competências, de forma a viverem uma vida plena, dentro e fora da organização. Nas políticas ESG [Ambiente, Social e Governança Corporativa] que seguimos, damos especial atenção à conciliação família e trabalho, que é um alicerce do equilíbrio das empresas e da sociedade em geral.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Agosto (nº. 152) da Human Resources, nas bancas. 

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