Os líderes não nascem, são criados
A liderança é um tema que não pode ser ignorado pelas empresas, uma vez que tem impacto directo na cultura e no sucesso das organizações.
Por Cyril Desmedt, People Partner e Learning & Development Specialist na tb.lx
Embora seja possível admitir que haja pessoas que nascem com características de personalidade propícias à gestão de pessoas, um líder constrói-se, percorrendo um caminho, aprendendo e desenvolvendo-se. As organizações precisam de se focar nesse processo de construção de lideranças, pois os comportamentos e atitudes dos líderes são permanentemente escrutinados pelas equipas e replicados no ambiente laboral.
Se é verdade que uma boa liderança pode atrair talento para as empresas, uma liderança ineficaz pode significar custos monetários reais para as organizações, já que, segundo o mais recente relatório da Gallup, 70% do empenho e da rotatividade dos profissionais nas empresas podem ser explicados pela percepção que estes têm acerca das práticas de liderança.
A produtividade e a perda de profissionais capacitados produz prejuízos elevados para a actividade e para o sucesso de qualquer organização. Assim, e de acordo com o relatório “Creating People Advantage 2023”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG) e pela World Federation for People Management Associations (WFPMA), o investimento no desenvolvimento das lideranças deve passar a ser uma das prioridades da estratégia empresarial porque afecta directamente a cultura da organização.
Quais são então as competências que os bons líderes necessitam? Além da capacidade de inspirar, envolver e motivar os colaboradores no desempenho das suas funções, os profissionais em cargos de liderança devem procurar criar ambientes seguros e construir relações de confiança, baseadas no diálogo aberto e na transparência. Um bom líder aceita as suas vulnerabilidades e não tem medo de ter conversas difíceis.
Adquirir estas competências pode não ser um processo natural, já que os líderes não nascem, mas são criados. Por isso, é importante investir no desenvolvimento de diversas competências essenciais, nomeadamente a construção de confiança nas equipas, conhecendo as suas capacidades e valores; o desenvolvimento de skills de comunicação, como a gestão de expectativas; o conhecimento sobre a realidade do negócio e da estratégia organizacional, considerando desafios e oportunidades; e a capacidade de avançar e ajudar os profissionais a encontrar uma solução para os desafios.
As empresas devem então procurar favorecer o desenvolvimento contínuo das capacidades de liderança, visando o avanço de colaboradores com potencial dentro da sua estrutura interna. Estas estratégias podem englobar a implementação de programas específicos de liderança direccionados para o desenvolvimento de competências para a sua vivência prática.
Destes programas podem fazer parte a criação de espaços de reflexão individuais e em equipa através da atribuição de feedbacks construtivos, a construção de espaços para a partilha de experiências e conhecimentos – como reuniões ou oportunidades de socialização -, o acompanhamento e orientação dos profissionais por líderes mais experientes e a formação específica e direccionada para abordar as lacunas e os pontos fortes.
Neste âmbito, a ênfase no experiencialismo é particularmente poderosa. Ao atribuir responsabilidades de liderança de forma progressiva, determinadas pessoas podem pôr-se na pele de um líder e exercer as suas funções na prática. Esta abordagem permite-lhes ver se isto está de acordo com o que gostariam de fazer e, ao mesmo tempo, as empresas podem avaliar se os profissionais em causa são adequados para o papel de um gestor.
A liderança vai muito além dos títulos, podendo ter um carácter formal ou informal ao longo do desempenho das funções no quotidiano. Pessoas que não têm medo de pensar estrategicamente e de tomar iniciativa dentro do seu âmbito e área de especialização demonstram potencial que pode ser trabalhado para atingir a excelência na gestão de equipas. Assim, as empresas beneficiam não só das lideranças formais como da promoção e do desenvolvimento de líderes informais.
Neste quadro empresarial actual, a adaptação ágil às mudanças dos cenários económicos, tecnológicos e sociais e à rápida evolução do contexto de mercado, requerem líderes capazes de assimilar novos conhecimentos e estratégias, mantendo a eficácia nas suas funções.
A possibilidade de aceder a programas específicos focados na liderança e no desenvolvimento de ambientes positivos e inspiradores fortalece as bases necessárias para enfrentar os desafios complexos e dinâmicos do mundo corporativo, resultando em líderes mais prontos, eficientes, éticos e inovadores.