A dificuldade de atracção e fidelização de talento não tem mesmo a ver com salários?

Nunca é dito de forma directa. Fala-se de escassez de pessoas, de não abdicarem da flexibilidade, da necessidade de novos desafios “a cada seis meses” para se manterem motivadas, mas pouco ou nada se fala de salários. Até porque é um factor higiénico na relação de trabalho. Mas será que as empresas que pagam mais têm dificuldade em recrutar?

Por Ana Leonor Martins | Fotos Walter Vieira

 

Recentemente, foram divulgados os resultados do VIII Barómetro DCH sobre Gestão de Talentos em Espanha, Portugal e América Latina, em que se destaca que a maioria das pessoas, mais de 75%, se concentra no salário quando se trata de mudar de emprego ou empresa. O segundo motivo (57%) é a falta de expectativas de carreira, seguindo- -se o estilo de liderança (31%). Estes resultados corroboram a ideia de que o salário também é um factor relevante naquele que é actualmente considerado o principal desafio, não só da Gestão de Pessoas, mas das empresas: atrair e fidelizar talento. Outro facto que evidencia a importância do salário é a incapacidade de as empresas em Portugal competirem, neste âmbito, a nível internacional, reflectindo-se essa realidade na saída do País de cada vez mais profissionais qualificados. Do lado das empresas, alerta-se para a elevada carga fiscal sobre os salários.

Sobre outros desafios para as organizações, há quem refira os temas de ESG (governança ambiental, social e corporativa) e também da diversidade e inclusão. Sendo inegável que a atenção e o investimento nestas áreas está a aumentar, levanta- se a questões se é por obrigatoriedade legal, “pressão” exterior, ou se são de factos apostas estratégicas. Ligado ao tema da diversidade e inclusão está o da demografia, cujo impacto se está a intensificar, com alguns sectores a começar a “depender” da imigração. Por outro lado, parece que continua a negligenciar- se os profissionais com mais de 50 anos.

Olhando para o futuro, os responsáveis à mesa fazem notar a imprescindibilidade de se apostar no desenvolvimento de novas competências, não só para as necessidades actuais, mas para aquilo que serão as necessidades de futuro.

O almoço contou com a presença dos conselheiros: Ana Gama Marques (Altice), Ana Rita Lopes (Delta Cafés/Grupo Nabeiro), Fernando Neves de Almeida (Boyden), Joana Pita Negrão (Nova SBE), José Luís Carvalho (CUF), Maria João Martins (My Change), Nuno Troni (Randstad), Pedro Ramos (Keeptalent), Pedro Rocha e Silva (Neves de Almeida HR Consulting) e Vanda de Jesus (iCapital).

Almoço do Conselho Editorial da Human Resources, artigo publicado n.º 158, de Fevereiro de 2024

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