As Universidades e o Mundo Real!
Ricardo Florêncio
Director da Revista HR Portugal
Tal como já referi noutras ocasiões, infelizmente no nosso dia-a-dia fazemos muitas vezes o que temos de fazer, e não o que devemos fazer. Do mesmo modo, os temas mais importantes são frequentemente afogados pelos mais mediáticos.
Penso que um dos assuntos mais prementes a debater é o possível desequilíbrio entre a formação que é dada nas universidades, faculdades, institutos, ao nível do curso básico, face as necessidades reais do mundo de trabalho. Estarão os cursos básicos actualizados em comparação ao mundo real? Não tenho dúvidas do interesse, actualidade e qualidade das acções subsequentes e da panóplia de opções, como mestrados, MBA, pós-graduações, programas para executivos, etc. E, sejamos objectivos, neste tipo de programas muito se tem evoluído, havendo uma maior sintonia entre necessidades, objectivos e acções.
A questão centra-se assim nos cursos básicos das mais diversas áreas de intervenção. E do que se vai falando, e comentando, há um certo distanciamento entre as matérias, cadeiras e métodos com que se vão municiando os alunos nos estabelecimentos de ensino, e os conhecimentos e características que são necessários nas empresas. Não é uma questão de agora, mas que se vem prolongando no tempo, sem resolução aparente.
É preciso admitir, contudo, que não existe uma resposta concreta, nem se sabe muito quem tem a razão do seu lado. Se por um lado poderá haver algum conservadorismo da parte das instituições, também é verdade que a proliferação de cursos tem levado a que haja um naipe de opções enorme. Talvez mesmo demasiadas. E aqui entra-se noutra discussão. Faz sentido existirem cursos que não têm procura, e que, como tal, têm poucos alunos? Faz sentido existirem cursos que notoriamente não têm saídas profissionais, nem agora, nem num futuro próximo? E tem de existir assim tantas opções logo nos cursos básicos? Tantas Engenharias, em que em algumas delas de Engenharia nada têm. Tantos cursos com a denominação de Gestão, mas que, no fim, os conhecimentos de Gestão
de Empresas são muito reduzidos.
São temas que certamente ficarão no nosso radar para discussão futura.
Editorial publicado na edição de Abril de 2016 da revista HR Portugal