Serious Games: Isto é brincar com quem trabalha!

Brincar a sério, nas organizações, não é uma brincadeira de crianças. Exige foco e disciplina, por um lado, e capacidade de improviso, por outro. E brincar com quem trabalha e/ou no trabalho pode revelar-se muito promissor do ponto de vista do resultado final: a criatividade traduz-se seriamente em inovação.

 

Por Rita Oliveira Pelica, Chief Energy Officer da ONYOU & Portugal Catalyst – The League of Intrapreneurs

 

O intraempreendedorismo, entendido como a prática de empreender dentro de uma organização, exige criatividade, autonomia e colaboração para transformar ideias em iniciativas que acrescentem valor. Neste contexto, os serious games surgem como ferramentas imprescindíveis para fomentar comportamentos intraempreendedores, promovendo um ambiente propício à inovação. Ao combinarem elementos lúdicos usuais dos jogos com objectivos específicos de aprendizagem e de desenvolvimento, os serious games transcendem o entretenimento, potenciando competências críticas como a resolução de problemas, a tomada de decisão e o trabalho em equipa. Brincar ao nível 3.0, numa alusão ao efeito sinérgico da colaboração (1+1=3).

Daí o brincar a sério, com uma intenção, com um propósito, tratando das dores organizacionais, com as “próprias mãos” – literalmente. E quando aparentemente já se tentou de tudo, numa alusão aos métodos mais tradicionais, é preciso tratar-se do tema com a devida seriedade.

Podíamos pensar num Jogo da Glória para Empresas ou num Sabichão da Inovação. Na verdade, um dos exemplos mais emblemáticos de serious games é o LEGO® Serious Play® (LSP). Efectivamente, foi através do LSP que me tornei “professora de LEGO para adultos”, encontrando o meu próprio propósito: ajudar as pessoas nas organizações a ver a sua capacidade criativa, de comunicação e de colaboração, através de evidências: as suas construções em LEGO.

Esta metodologia utiliza peças de LEGO como mediadoras para facilitar o pensamento criativo e estratégico, promovendo o envolvimento activo de todos os participantes. 100/100: todos falam e todos ouvem, ultrapassando os 80/20 de Pareto! De uma forma multissensorial (visual, auditiva e cinestésica), através do #handstorming e do #brainstorming, trabalha-se a assertividade da comunicação e a escuta activa, e alarga-se o pensamento crítico e o improviso. Através de metáforas visuais e da construção de modelos tridimensionais (designados por protótipos), o LSP permite explorar ideias complexas, identificar desafios e criar soluções colectivas.

A aplicação do LSP no contexto do intraempreendedorismo ajuda a desbloquear o potencial criativo dos colaboradores, indo estes além do óbvio (pensando verdadeiramente “fora da caixa”), estimulando a criação de diagnósticos visuais, a geração de ideias e a formulação de estratégias inovadoras em ambientes organizacionais. O LEGO torna-se a linguagem comum, explorando possibilidades, através de uma panóplia de cores e de diferentes formas.

Tendo subjacente o conceito de design thinking, ou melhor, o de thinking by design e não by the book, o LSP enquanto serious game cria um ecossistema de aprendizagem activa onde os colaboradores experimentam, testam e refinam as suas ideias de forma ágil, mais intuitiva e colaborativa.

Um exemplo prático desta intersecção é o uso do LSP em workshops direccionados para a identificação de oportunidades intraempreendedoras. Imagine uma equipa de colaboradores desafiada a repensar processos internos ou problemas específicos. Utilizando o LSP, cada membro constrói representações físicas das suas percepções sobre os desafios e as oportunidades da organização. Em conjunto, criam-se narrativas partilhadas, num processo de co-responsabilização. Do storybuilding ao storytelling, criando um espaço seguro para a exploração criativa, para a transição de ideias em soluções viáveis.

Se não experimentou ainda, ponha as suas “mãos à obra”. Está na hora de elevar o intraempreendedorismo para o próximo nível, na sua organização! Brinque com quem trabalha.

 

Este artigo foi publicado na edição de Dezembro (nº. 168) da Human Resources, nas bancas.

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