Fiabilidade, sustentabilidade e responsabilidade – pilares da IA, também, em Gestão de Pessoas

Por António Saraiva, Business Development manager_ISQ Academy

 

A recente Cimeira de Acção sobre a Inteligência Artificial (IA) teve o propósito de promover uma IA fiável, sustentável e responsável. Ao reunir líderes mundiais, cientistas e a indústria tecnológica, teve como vantagem a discussão em torno do impacto da IA na segurança, economia e governação a nível internacional. Acima de tudo, a designada propriedade intelectual foi discutida seriamente pela primeira vez, de forma tão global, sendo lançado um forte apelo para que se concilie o desenvolvimento da IA com o respeito pelos direitos de autor e outros conexos.

Mas tão importante quanto a propriedade intelectual, são as questões éticas subjacentes e sem se enquadrar, também, um modelo comercial que se afigure como justo. Mas estas questões, já antes tinham sido alvo de análise e reflexão. Atente-se, por exemplo, na Recomendação do Conselho da OCDE sobre IA, em Maio de 2024, que coloca a tónica no respeito pelo Estado de direito, a transparência e explicabilidade e a responsabilização e, claramente em linha, com a Declaração da Assembleia Geral das Nações Unidas, de Março de 2024, sobre desenvolvimento de sistemas de Inteligência Artificial seguros, protegidos e fiáveis.

Na Cimeira de Paris, em que estes princípios foram reforçados, um grupo de mais de 60 empresas europeias lançaram uma iniciativa para fazer da Europa “um líder mundial em Inteligência Artificial” (“EU AI Champions Initiative”). Pretende-se, assim, a adopção em larga escala da IA na Europa, em colaboração estreita com a Comissão Europeia e todos os governos dos países membros, apelando-se a um quadro regulamentar simplificado, uma estratégia abrangente e que “desbloqueie a inovação local e a liderança global”. Sem deixar de se reiterar a fiabilidade, segurança, ética, sustentabilidade.

Mais que nunca, e perante estes desígnios e acções que vão surgir a partir desta iniciativa, os desafios, ao nível da Gestão, em particular no que concerne às Pessoas, serão acentuados. Neste particular, há sempre um ponto de partida de relevante importância: por um lado medidas adequadas de introdução de dados e protecções específicas para a protecção de dados pessoais. Sem sombra de dúvida, mesmo numa cultura organizacional forte, assentes em valores bem assimilados, será necessária uma atenção especial à revisão dos códigos de conduta. Se bem que os benefícios que a IA pode aportar são imensos, não devem nunca ser escamoteadas medidas de segurança e reforço de padrões éticos, minimizando claramente os riscos.

Toda esta transformação digital já está na agenda para a redefinição de práticas organizacionais, sabendo-se claramente que a IA acrescenta maior eficiência e precisão de acção. Sendo um dos principais motores de inovação, vamo-nos apercebendo das reais potencialidades em Gestão de Pessoas, seja pela melhoria da comunicação organizacional, no contributo que pode oferecer na correspondência de competências e exigências de perfis, mas também na redução de enviesamentos de dados importantes na gestão dos talentos.

E, como não podia deixar de ser, as questões de produtividade. Segundo certos relatórios, organizações que utilizam processos de avaliação do desempenho com IA, observam melhorias significativas globais nas métricas medidas, com impulso na produtividade da organização. Porquê? Porque fornecem análises em tempo real, o que permite detecção rápida de melhorias, personalizam os planos de desenvolvimento e detectam facilmente tendências para evolução na carreira. E são meramente alguns exemplos, fundamentais para benefício e satisfação das Pessoas.

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