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Fosso salarial entre homens e mulheres aumentou mais de 70% nos últimos 10 anos
O número de mulheres a trabalhar aumentou 20,7% (mais 436.400 mulheres) nos últimos 10 anos, representando já 49,5% da população empregada. No entanto, e apesar do número de mulheres em cargos de liderança ter aumentado, o fosso salarial em relação aos homens agravou-se em 71,63% na última década. As conclusões são de uma análise da Randstad Research à evolução das mulheres no mercado de trabalho entre 2014 e 2024.
Em 2014, a média da diferença entre o rendimento médio mensal líquido de um homem e de uma mulher situava-se nos 141euros, com o rendimento médio do homem a situar-se nos 892 euros e o da mulher nos 751 euros. Em 10 anos, esta diferença aumentou substancialmente, fixando-se agora nos 242 euros, enquanto os homens recebem em média 1311euros por mês, as mulheres auferem apenas 1069 euros.
Apesar de ser o sector da agricultura, o que regista maior crescimento de fosso salarial (cerca de 750%), continua a ser nos serviços que se registam variações acima da média, existindo actualmente uma diferença de 304 euros.
O estudo mostra que o que diz respeito ao número de mulheres em cargos directivos, Portugal registou uma melhoria positiva de 25,2 pontos percentuais. Em 2014, o país estava 10,3 pontos percentuais abaixo da média europeia na percentagem de mulheres em cargos de liderança, com 9,5%. Chegados a 2024, Portugal iguala já a média europeia, com 34,7% das mulheres em cargos diretivos (presidência, membros do conselho de administração e representantes dos trabalhadores).
A população activa feminina aumentou 11,3% desde 2014 – mais do que a masculina (9,5%) -, representando actualmente 49,6% deste grupo. Em 2024, tanto a taxa de emprego, como a de atividade entre as mulheres continuam abaixo da média nacional (53,2% e 57,1%, respectivamente, face a 56,6% e 60,5%).
Actualmente, a maioria das mulheres empregadas trabalha por conta de outrem -51,4% face a 38,2% que trabalham por conta própria. Quando se analisa o emprego público, concluímos que 62,4% dos trabalhadores da Administração Pública são mulheres.
O crescimento da presença das mulheres no mercado de trabalho foi paralelo à diminuição do desemprego feminino, que, em 10 anos, registou uma queda de 45,6% (menos 157.900 mulheres desempregadas), fixando-se actualmente nos 6,9%, acima da média nacional de 6,7%. No entanto, esta queda foi inferior à do desemprego masculino, que diminuiu 48,9%.
Na posição de Portugal no Índice Global da Igualdade de Género, o país registou um crescimento de 53,7 pontos percentuais em 2013 para 68,6 em 2024. No entanto, Portugal continua 2,4 pontos percentuais abaixo dos 71 da média da União Europeia.
«Estes dados comprovam que ainda existe um longo caminho a percorrer para as mulheres em Portugal. Apesar de se ter feito um caminho próspero – há mais mulheres a trabalhar e com mais qualificações, bem como mais mulheres em cargos de direção-, no entanto as diferenças salarias continuam a aumentar, o que não só surpreende como nos deve deixar o alerta de que a igualdade de género no mercado de trabalho ainda não se alcançou e que as empresas devem continuar a fazer um esforço por este caminho», destaca Isabel Roseiro, directora de marketing da Randstad Portugal.