Novos empregos são novas oportunidades, se se tomarem as decisões certas!

Por António Saraiva, Business Development manager_ISQ Academy

Num comunicado à imprensa, relativo ao Relatório sobre o Futuro do Emprego 2025, do Fórum Económico Mundial de 2025, realça-se que deverão existir 78 milhões de novas oportunidades de emprego até 2030. Mas salienta-se um sentido de urgência – é necessário melhorar a qualificação das forças de trabalho. As contas são simples: geram-se 170 milhões de novos empregos, mas destituem-se 92 milhões de outros. Tudo isto em perspectiva de cinco anos.

As tendências também mais do que conhecidas, e discutidas, em linha com as diversas transformações, tecnológicas, demográficas, económicas e a transição verde. Os que se prevêem aumentar mais rapidamente estão relacionados com a tecnologia – dados e IA. Sendo que esperam crescimentos acelerados nas funções básicas da economia. Curiosamente, ou não, o relatório induz que, a par do crescimento das competências tecnológicas, as competências cognitivas e de colaboração serão determinantes. Tudo isto passa, para que o processo seja equilibrado, por uma acção colectiva com carácter de urgência entre os sectores público e privado e com a educação e a formação particularmente envolvidas. Logicamente, porque se detectam lacunas relevantes em muitas competências essenciais para se enfrentarem os desafios.

Há que tomar consciência que cerca de 40% das competências exigidas têm de mudar. Não falamos só de IA, big data ou segurança cibernética. Há todo um trabalho de base que incentive a criatividade, a flexibilidade e a agilidade, já que existe a necessidade de se agregarem factores diferenciadores e tomadas de decisão rápidas. Se a IA e as energias renováveis estão a transformar o mercado, não podemos colocar de lado as responsabilidades e a capacidade de resposta que certos sectores têm de dar em todo o processo transformacional. São casos concretos a educação e formação, mas também toda a área dos cuidados a prestar aos cidadãos, pois as exigências de saúde e bem-estar são altamente relevantes, mas também essenciais para quem trabalha.

Há um dado curioso citado, e que advém do relatório: numa força de trabalho de 100 pessoas, o mais normal é que 59 necessitariam de reskilling, ou pelo menos upskilling até 2030. Nas mesmas conclusões, estima-se que 11 delas não receberão a formação devida. Se extrairmos estas contas para a dimensão global, pode significar que 120 milhões de profissionais estarão em risco a médio prazo. É tão só um exemplo! O que significa que o sentido de urgência é grande, não só de adaptação às novas circunstâncias e desafios, mas essencialmente a necessidade de, desde já, os sistemas de educação e formação manterem aqui o seu foco.

E, neste contexto, mesmo com grande dose de responsabilidade, não é uma tarefa exclusiva dos governos. O trabalho em conjunto de quem conhece bem o mercado, seja público e/ou privado, mas também a necessidade de regulação, organização e planeamento são cruciais. Por experiências recentes, cada vez mais os designados acordos de regime não são tidos em consideração, o que se prevêem riscos que poderiam ser evitados. Há, pois, a necessidade de acções urgentes e de cariz colectivo. Eliminar jogos de poder é algo de premente e actuar-se em função de uma transição dinâmica dos empregos, devidamente planeada, bem como aproveitar-se o enorme potencial da IA e das tecnologias verdes.

Não chega, pois, produzirem-se relatórios. Há que assumir as respectivas conclusões e actuar-se. Se conciliar todos os actores é difícil, que cada um assuma, no mínimo, uma quota parte de responsabilidade. E quem gere pessoas… pode dar sempre um forte pontapé de saída.

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