
Quase metade das mulheres em Portugal ganham até 1500 euros por mês (e quase metade dos homens mais de 2500 euros)
O estudo “Estado da Compensação 2024-2025”, da Coverflex, revela que em Portugal, as mulheres são a maioria nas faixas salariais mais baixas reportadas: 43,3% ganham até 1500 euros, contra apenas 28,1% dos homens.
No entanto, nos salários mais elevados, os homens dominam, 42,8% recebem mais de 2500 euros, enquanto apenas 24,9% das mulheres atingem esse patamar. Essa diferença amplia-se ainda mais no topo, onde apenas 2,4% das mulheres ganham acima de 5000 euros, comparado com 9,4% dos homens.
Neste estudo de mercado, 14,6% dos portugueses inquiridos percepcionam a existência de gender pay gap nas suas empresas, o que representa uma subida de 62% face aos números do ano anterior (9%). Este problema tende a ser mais evidente nas grandes empresas, em que 16,7% dos colaboradores relatam uma disparidade salarial, em comparação com 11,5% nas pequenas empresas e 14,2% nas empresas de dimensão média. A forma como esta questão é percepcionada também muda consoante o género, já que 22,8% das mulheres relatam uma disparidade salarial, comparado com apenas 6,4% dos homens.
O estudo mostra que apenas 12,1% dos mais de 2500 inquiridos indicam que as suas empresas têm, pelo menos, metade dos seus cargos de chefia ocupados por mulheres, um dado que confirma que a igualdade de género nos lugares de decisão permanece como um dos principais desafios estruturais do mercado de trabalho.
Ainda de acordo com a edição 2024-2025 de “O Estado da Compensação”, as respostas dos inquiridos revelam uma clara diferença entre a distribuição salarial, quando analisada por género.
A falta de estratégias robustas na área da diversidade e inclusão pode ser um dos factores que influenciam este cenário, já que apenas 33,1% dos profissionais que participaram no “Estado da Compensação” afirmam que as suas empresas possuem políticas bem definidas neste campo. Por outro lado, 30,6% desconhecem se existe uma estratégia clara, e 17,6% indicam que as suas organizações não têm qualquer iniciativa sobre o tema. No total, quase metade (48,2%) dos colaboradores em Portugal que fizeram parte do estudo não reconhecem um compromisso estruturado das suas empresas com a diversidade e inclusão, revelando a necessidade urgente de ações mais concretas.
O tema da licença menstrual, já legislada em Espanha, surge também como um ponto de interesse no debate sobre condições de trabalho mais inclusivas. Mais de metade dos profissionais ouvidos pela Coverflex (58,3%) defende a implementação de uma licença semelhante em Portugal para apoiar situações de dor menstrual intensa. Esta medida conta com o apoio de 64,3% das mulheres e de 52,3% dos homens, embora uma percentagem significativa dos participantes (30,8% dos homens e 19,4% das mulheres) refira não ter ainda uma opinião formada sobre o tema.
“O Estado da Compensação” é um inquérito criado pela Coverflex para entender como as pessoas se relacionam com as empresas onde trabalham e como as organizações em Portugal estão a abraçar a mudança e a preparar-se para o futuro. Esta quarta edição, 2024-2025, contou com a participação de um total de 2.641 inquiridos.