Como se colmata a falta de talentos na Europa?

Para colmatar a enorme falta de talentos nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Science, Technology, Engineering, Maths – áreas identificadas pela abreviatura em inglês STEM), é necessário começar a envolver as mulheres. Todavia, como demonstrado por um novo estudo, as mulheres de STEM exigem locais de trabalho que lhes dêem maior apoio e empregadores que as ajudem a encontrar um melhor equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional.

 

A multinacional especialista em Gestão de Recursos Humanos Kelly Services inquiriu recentemente 164 000 trabalhadores de 28 países para entender a desigualdade de talentos existente entre homens e mulheres nas áreas de STEM.

O estudo demonstrou que a menor flexibilidade relativa à vida pessoal nas áreas de STEM e a predominância de uma cultura masculina estão entre os obstáculos que as organizações têm de ultrapassar para atrair trabalhadoras. Nas áreas de STEM em toda a Europa, as mulheres sentem-se menos seguras nas suas funções por comparação com os colegas masculinos: apenas 56% das mulheres inquiridas estão seguras de ocupar um cargo de grande exigência, em comparação com 67% dos seus colegas masculinos.

Ao mesmo tempo, 68% das trabalhadoras europeias em STEM inquiridas dizem que o equilíbrio trabalho-vida é um factor de atracção que poderia influenciar a sua decisão de aceitar um emprego em detrimento de outro.

Particularmente, 36% das inquiridas europeias de STEM dizem que preferiam mesmo prescindir de um aumento na remuneração a favor de horários ou regimes de trabalho mais flexíveis. Um total de 29% está preparado para sacrificar a progressão na carreira.

Quando analisados por país, os resultados são igualmente surpreendentes. No Reino Unido, 74% das trabalhadoras de STEM inquiridas consideram o equilíbrio trabalho-vida um fator atrativo. Em França, este valor encontra-se nos 72%. Na Alemanha e na Suíça, é de 66%. Portugal destaca-se com 79% das trabalhadoras a afirmarem a importância da conciliação da vida profissional com a vida pessoal quando avaliam um potencial empregador.

O inquérito, constante do relatório da Kelly “Women in STEM: Why an inclusive strategy is critical to closing the science, technology, engineering, and maths talent gap in Europe”, também demonstrou de forma convincente que as mulheres europeias em STEM consideram hoje que o equilíbrio trabalho-vida abrange uma conjugação de benefícios muito mais vasta para além dos horários flexíveis e da possibilidade de trabalho a partir de casa.

Por exemplo, dos inquiridos europeus:

·         58% valorizam a oportunidade para trabalhar em projectos inovadores durante o horário laboral, incluindo o trabalho de voluntariado.

·         43% apoiam políticas organizacionais para restringir o trabalho ou o acesso a emails fora do horário de funcionamento estabelecido, evitando que o trabalho invada o tempo pessoal

·         39% dizem que programas de bem-estar do empregador, como ginásios e actividades de redução de stress como ioga e meditação no local têm um impacto positivo no equilíbrio trabalho-vida

·         29% acreditam que as práticas de trabalho amigas do ambiente constituem um potencial diferenciador na escolha de um empregador em detrimento de outro.

Conforme demonstrado pelo estudo, o desejo de regimes de trabalho flexíveis é importante para mulheres de STEM de todas as idades e níveis – de mulheres com funções de nível básico e chefia intermédia, até às que ocupam cargos especializados e executivos.

O relatório é concluído com oito recomendações destinadas a ajudar os empregadores a optimizar a forma como recrutam e gerem os talentos das mulheres europeias de STEM. Estas incluem: adoptar como norma horários de trabalho flexíveis, tomar medidas para colmatar quaisquer disparidades salariais entre os sexos; reduzir preconceitos e obstáculos subtis no local de trabalho; proporcionar mentores para apoiar o desenvolvimento dos colaboradores, e promover mais mulheres para a administração de empresas.

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