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Uma em cada quatro empresas tem um responsável por Segurança e Saúde no Trabalho
Os portugueses estão entre os trabalhadores europeus mais sujeitos a riscos psicossociais nos locais de trabalho, sendo também aqueles com menor representação laboral, anuncia a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA).
Nas organizações nacionais regista-se um envolvimento significativo dos trabalhadores na gestão dos riscos, transversal a todos os sectores de actividade, quantificado em 88,2% – 55,7% considerando os riscos psicossociais. No que se refere às formas de representação dos indivíduos nas organizações, em Portugal o cenário mais comum em 24% das organizações é existir um responsável em matéria de segurança e saúde no trabalho. De acordo com a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA), que divulgou os novos resultados da análise ao Segundo Inquérito Europeu às Empresas sobre Riscos Novos e Emergentes (ESENER-2).
Em contraponto, a representação dos trabalhadores através de entidades colectivas, como comissões de trabalhadores e sindicatos, de modo geral, assume valores residuais (4,8% e 8,6%, respetivamente), especialmente quando comparado com países como Noruega, Irlanda e Suécia, onde a representação sindical se posiciona acima dos 54%.
Os últimos dados estatísticos apresentados confirmam as conclusões já avançadas: clientes difíceis, pacientes ou alunos são a principal causa associada aos riscos psicossociais no nosso país (66,3%), principalmente nas áreas da Saúde, Educação e Serviço Social onde estes factores têm uma expressão de 79% em Portugal, uma realidade que também se reflecte no sector dos transportes, comércio e restauração, onde esta percentagem é de 74,4%. A pressão para o cumprimento de prazos é também um factor de risco (40,1%), especialmente no ramo de serviços em tecnologia, finanças e científico (56,1%), bem como nas indústrias de construção, gestão de águas e fornecimento energético (50,8%).
Apesar da sensibilização para a gestão dos riscos no local de trabalho, a falta de consciência para o tema dos riscos psicossociais, especificamente, constitui uma barreira à sua monitorização nas organizações nacionais. A este factor, somam-se a necessidade de acompanhamento especializado (29,4%) e a relutância para abordar abertamente estas questões (24,6%).
Para maioria das organizações portuguesas, a complexidade da legislação (42,3%) e as questões burocráticas (38,3%) constituem os principais obstáculos à gestão global da segurança e saúde nas empresas. Contudo, no sector da administração pública, a disponibilidade financeira (62,9%), a indisponibilidade horária (40%) são fortes condicionantes à gestão global de riscos no local de trabalho.
Apesar destes constrangimentos, o cumprimento das obrigações legais é apontado pelas empresas portuguesas como o principal motivo para a gestão de riscos, seguindo-se evitar represálias, a necessidade de ir ao encontro das expectativas dos trabalhadores e de aumentar a produtividade.
A segunda edição do Inquérito Europeu às Empresas sobre Riscos Novos e Emergentes (ESENER-2) da Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA) registou respostas de cerca de 50 mil empresas sobre a gestão da segurança e saúde no trabalho (SST) e riscos no local de trabalho com uma atenção particular na participação dos trabalhadores e riscos psicossociais.