Um “trilema”!
Ricardo Florêncio
Os principais responsáveis de Gestão de Pessoas e de Gestão de Marca, Marketing, Comunicação têm de, cada vez mais, trabalhar em conjunto e em perfeita sintonia. Se em relação aos gestores de Marketing e Comunicação já todos estavam cientes da sua capital importância enquanto embaixadores das suas marcas, a novidade há dois ou três anos reside no papel que se espera que os directores das áreas de Gestão de Pessoas/Recursos Humanos desempenhem nesta mesma área. As questões de comunicação interna, employer branding, engagement e muitas outras são assuntos partilhados entre estas duas áreas. São temas cada vez mais importantes e vitais para o sucesso das organizações. E ainda mais quando se deparam com o possível “trilema”, ou seja, como conjugar o employer branding, o engagement e os novos métodos e locais de trabalho.
As estratégias e as práticas de employer branding visam atrair, captar e manter o talento nas organizações e colocar as marcas/empresas na mente de todos os stakeholders com uma imagem muito positiva e favorável, dando a conhecer uma cultura de sucesso. Por outro lado, o engagement permite e favorece o estabelecimento de altos índices de satisfação, conforto e felicidade na empresa no relacionamento interpessoal, transformando cada colaborador e parceiro num embaixador da marca, num amplificador das mensagens positivas que a empresa tem a transmitir.
Penso que até aqui estamos todos de acordo. Mas como conseguir atingir estes resultados quando uma boa parte dos colaboradores das empresas raramente está fisicamente nessas empresas? Como conseguir um engagement com as marcas, e o que elas carregam e transmitem, quando não convivem e se relacionam com os outros colaboradores? Como podem sentir o pulsar de uma organização quando não vivem o ambiente dessas mesmas empresas? Como criar uma relação de proximidade, quando muitas vezes esses colaboradores não estão imbuídos, e mesmo desconhecem, a cultura das empresas?
Pode-se argumentar que toda a tecnologia e a digitalização promovem essa aproximação e podem substituir a componente de contacto físico, e que esta mesma tecnologia permite uma maior aproximação das pessoas. Mas será mesmo assim?
Relembro um comentário de um amigo que me dizia que esperava que os seus amigos lhe dessem os parabéns por mais um aniversário pessoalmente, ou pelo menos com um telefonema, e que iria ficar desiludido se algum destes seus amigos lhe desse os parabéns apenas pelas redes sociais…
Editorial publicado na edição de Fevereiro de 2017 da revista Human Resources