G de Gente
Jorge Marques
Administrador do Grupo CRH
No prefácio do livro “G de Gente: A força da Natureza Humana e os caminhos da Neurogestão”, Fernando Carvalho-Rodrigues escreve que “ há gosto pelo passado que como sabe é sempre perfeito.
Nos verbos assim é. Na descrição passada da acção, o tempo é o do passado e até do mais que perfeito. Este livro é para o tempo que vem. É um livro de futuro. E do futuro, o tempo é o de indicativo imperfeito. Este livro é o guia para o mundo imperfeito… Cada dia que passa, por cada vez que aprendemos alguma coisa como gerir humanos temos vindo a transferir esse conhecimento para não-humanos. A eles, não-humanos conferimos poder e damos a propriedade da governança…”.
Este livro não fala de modelos ou das formas em como fazer as coisas, mas insiste que temos que olhar para tudo com um novo olhar, só a partir daí poderemos encontrar as novas soluções de que tanto precisamos. O nosso olhar está viciado pela rotina e por uma falsa segurança.
Fala-se da introdução da vida biológica nas organizações; do paralelo que temos que estabelecer entre Ciência e Gestão; da necessidade de construir o futuro já hoje; da transformação daquilo que parecia não ter valor e passou a ter; das perspectivas do feminino e masculino na Gestão e na Liderança; nas múltiplas inteligências, ao ponto de se perguntar, qual das inteligências é mais inteligente?; do jogo entre o presente e futuro na Gestão ou entre a saudade e a descoberta; propõe se então que se veja o mundo como ele é, ou seja, ao contrário…
Quando optei pelo título “G de Gente” pensei que seria altura de se falar com clareza sobre o G de Gestão… a Gestão é hoje, fundamentalmente, a Gestão e Liderança de pessoas. O domínio técnico das diferentes funções ou competências, é sempre transferência do conhecimento das pessoas para as organizações. Estamos portanto a confundir estatutos com sabedoria… temos assim que nos precaver e não confundir os centros de inteligência e conhecimento, porque pode acontecer que estejamos completamente iludidos… estamos a assistir a um progressivo afastamento da realidade à medida que se vai adquirindo um maior estatuto profissional. Naturalmente que esse afastamento corresponderá cada vez mais à ignorância naquilo que nos julgamos sábios. Porque ambição de carreira é uma coisa e sabedoria é outra. Temos todos que baixar à real se é esta realidade que queremos mudar.
Sobre o feminino e o masculino escrevo que: “A Economia e Gestão estão bem marcadas por algumas das características masculinas… as mais graves, as que de alguma maneira nos levaram a esta triste situação, são sem dúvida a questão da manifestação de um poder que está completamente fora de moda, agravado depois com representações ainda mais tristes da manutenção e conquista desse poder… existem algumas características femininas que eu diria que são as bases das competências do futuro…”
Ver o mundo ao contrário é a verdadeira proposta… um olhar diferente sobre tudo… mas mesmo tudo… Um livro que vale a pena!