A criatividade nas empresas

Opinião de Marisa Garrido

Directora de RH da RTP e Conselheira da Revista HR Portugal

O tema da criatividade é dos temas mais densos e complexos, por se tratar de um processo intelectual que associa emoções. E quando o contextualizamos no universo empresarial, adicionamos mais um ingrediente que consiste na necessidade de sistematização, o que logo à partida pode parecer contraditório.

Nos últimos anos, no contexto empresarial, a criatividade esteve sempre muito associada às indústrias criativas, tais como a publicidade, o cinema, a televisão, a rádio, a indústria editorial, o design, a moda, a música, as artes performativas, entre outras, sendo a criatividade a principal característica, tanto nos seus resultados e outputs gerados, como o modo e meio para atingir os mesmos.

Se analisarmos estas indústrias, ao contrário do que provavelmente é o nosso “pré-conceito”, estas apresentam características interessantes, que na minha opinião se podem aplicar ao contexto actual empresarial e que, sumariamente, podem traduzir-se numa combinação entre “arte, negócio e tecnologia”. Desde logo, neste sector, a criatividade é considerada o elemento central, assumindo-se como necessária para a geração de valor. Por outro lado, existe a preocupação permanente em “fazer bem e com arte”, assegurando o sentido de utilidade e valor efectivo. E por último, a eficiência e optimização dos processos, recorrendo indubitavelmente à tecnologia no que toca às principais ferramentas de trabalho.

Hoje, a necessidade permanente das Empresas em continuar a criar valor através de novas soluções e oportunidades, obriga-as a refinar a “arte de fazer… mais e melhor”, passando obrigatoriamente, pela criatividade, que conflui com as questões de inovação, principalmente no contexto de restrições e contenções em que vivemos.

É fácil perceber assim a actualidade deste tema nas empresas, qualquer que seja a actividade, sendo um factor imperativo para o desenvolvimento, sustentabilidade e sobrevivência das mesmas, como forma de transformar capital intelectual em valor real para o negócio.

A questão da criatividade depende invariavelmente das Pessoas… e todas têm essa capacidade, mais ou menos exercitada, independentemente do seu background e perfil e, quando incentivadas e orientadas, os resultados da sua criatividade são evidentes. Para além de outros factores “mais emocionais”, a criatividade depende muito da capacidade de reunir os conhecimentos e informação adequados e abrangentes, de direccionarmos e gerarmos associações de ideias… mas também de permitir e ser ousado, ir para além do estabelecido e conhecido, sair da “zona de conforto”, ter curiosidade pela diversidade e versatilidade…

Da minha experiência profissional, os processos criativos criam motivação, adrenalina e “dependência muito positiva” nos colaboradores, o que contribui para uma melhor gestão e desenvolvimento do talento interno, facilita indiscutivelmente a formação de equipas com elevado desempenho e fomenta o conhecimento organizacional, entre outros. Incentivar e valorizar a criatividade nas empresas, constitui um factor diferenciador e vantajoso, para um conjunto cada vez maior de Pessoas, permitindo atrair outros colaboradores.

Para terminar, a criatividade é uma realidade universal nos dias de hoje, e veio para ficar… independentemente da indústria, não só pelo valor que pode aportar para as empresas e para as próprias Pessoas, mas essencialmente como um dos meios eficazes para lidar com as dificuldades que o mundo e a sociedade atravessam actualmente.

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