A gestão das pessoas nas redes sociais é possível?

Por Valter Ferreira – Marketeer, Economista do território, Inovador e Especialista em cidades humanas e inteligente

 

As redes sociais enquanto plataforma digital tiveram um impacto tremendo na forma como comunicamos e mantemos diálogos com amigos, família e colegas. O aparecimento destas plataformas democratizou a forma como todos podem manifestar a sua opinião e ter iguais oportunidades de serem ouvidos. O fator comum às redes sociais e diferenciador de todos os outros meios está na comunicação instantânea e bidirecional.

Então, se tiveram este impacto significativo em toda a nossa experiência do dia-a-dia, desde a forma como desenvolvemos relações à forma como nos mantemos informados sobre o mundo, por que não tiveram também, na forma com as organizações gerem os seus trabalhadores?

Por vezes até podemos nem pensar nisso, ou pensar exatamente o oposto, mas as redes sociais vão crescer enquanto ferramenta para os gestores de pessoas. Por exemplo, profissionais de recursos humanos vão continuar a sua aposta no crescimento da sua rede no LinkedIn ao mesmo tempo que as organizações o continuarão a utilizar para atrair talentos. Sabendo que, em média, um trabalhador português passa duas horas e nove minutos nas redes socias, temos encará-las como uma mais-valia da estratégia de marca de uma organização, muito para além do esforço de marketing.

No entanto, construir um perfil incompleto no LinkedIn ou nem tão pouco ter uma página da sua “marca” em qualquer outra rede social deixa uma organização deficitária. Não se pode ter medo dos cliques, tem que se marcar presença em várias redes no esforço de perceber qual serve melhor a estratégia de recursos humanos ou aquela onde a “marca” terá mais brilho. E, muito importante, não apostar apenas nas velhinhas LinkedIn, Twitter ou Facebook. Considerar todas as opções do Instragram ao Snapchat ou do TikTok ao Reddit e claro, não esquecer o Youtube ou outra plataforma de vídeo (o vídeo gera cerca de 82% do tráfego online).

Se a aposta é a de multiplataforma, importa não colocar os mesmos conteúdos em todas sem ajustá-los à realidade de cada uma. Uma estratégia de recursos humanos deve ser demonstrativa da ligação de todos os esforços, ainda que com diferentes focos em cada. A atualização das redes sociais pode também ajudar a direcionar o tráfego para o website da organização, tornando estratégias de recrutamento em campanhas de publicidade.

Na diversidade de opções que existem nas redes sociais torna-se fácil uma organização perder o foco e esquecer-se da coerência e dos seus propósitos. É preciso ter presente que uma organização não existe sem as pessoas que nela trabalham e que colegas felizes contribuem para uma melhor, mais produtiva e mais atraente empresa.

As redes sociais dotam os gestores de pessoas da oportunidade de criarem relação com todos os seus trabalhadores independentemente da sua localização, tenham estes a capacidade de garantir que estas plataformas dão visibilidade e credibilidade. Ao mesmo tempo esta presença é um ótimo barómetro para perceber como a organização é percecionada pelos atuais e potencias trabalhadores.

Uma das funções dos departamentos de recursos humanos é comunicar e gerar discussão em torno de vários assuntos de gestão de pessoas, tais como atração de talentos, liderança, comunicação interna, entre outros. Então, as redes sociais são uma ferramenta que as organizações têm ao seu dispor.

Assim, as redes sociais têm que ser vistas muito além do esforço de marketing. Devem ser encaradas como uma plataforma de storytelling. Estas devem contar a história de uma organização e das pessoas que a constituem.

Uma organização cujo departamento de recursos humanos não tenha presença nas redes sociais é uma organização que está a ficar para trás. Os recursos humanos nas redes sociais estão em franca expansão e uma estratégia de redes socias para gestão de pessoas deve ser transversal a vários objetivos, não só para recrutamento, mas também objetivos de marketing, pois uma missão sólida passa por atrair clientes e trabalhadores.

Ainda que pelo entusiasmo que escrevo sobre este tema e os benefícios evidentes desta aposta possam passar a mensagem que colocar as redes socias ao serviço da gestão das pessoas é fácil de implementar, dificilmente o será. Isto porque conseguir o envolvimento de um trabalhador requer o compromisso de todos os outros departamentos da organização e, claro, requer também que existam as competências e a apetência para o mundo digital.

As redes sociais são então muito mais do que uma atividade de suporte na gestão das pessoas. São a redefinição do envolvimento, da comunicação e do recrutamento.

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