A SAP anunciou modelo de trabalho 100% flexível, a nível mundial. E explica como o vai implementar

No seguimento das medidas adoptadas devido à pandemia, a SAP anunciou que vai implementar um modelo de trabalho 100% flexível para os seus mais de 100 mil colaboradores. Sempre com base na confiança e transparência.

 

Por Sandra M. Pinto

 

Fundada em 1972, na Alemanha, a SAP encontra-se em território nacional desde 1993. Ao dia de hoje, a organização tem mais de 103 mil colaboradores, de 145 nacionalidades, espalhados pelos quatro cantos do planeta. Em Portugal, a sua força de trabalho é composta por cerca de 450 colaboradores, oriundos de 11 nacionalidades.

Com uma história de crescimento consistente, a pandemia teve um forte impacto, «como nunca sentido, no dia-a-dia de todos os colaboradores e na organização no seu todo», reconhece Patrícia Cristóvão, directora de Recursos Humanos da SAP Portugal. «Uma experiência para a qual ninguém estava verdadeiramente preparado.» Porém, fruto da já vasta experiência que a empresa tinha num modelo de trabalho remoto e de ter equipas localizadas em diferentes geografias, «a gestão das pessoas tem sido bem-sucedida, e suportada num estreito acompanhamento pelos respectivos líderes».

A SAP já tinha adoptado nas últimas décadas uma política laboral que denomina como um formato agnóstico quanto à localização dos seus colaboradores para a consecução das respectivas tarefas. «Antes da pandemia já existia uma enorme flexibilidade quanto ao trabalho remoto», sublinha. «As nossas equipas já tinham à sua disposição equipamentos e condições técnicas para a realização das suas funções remotamente, como computadores portáteis, smartphones e acesso aos sistemas através de hotspot, se necessário. A crise do último ano e meio apenas veio exponenciar esta realidade.»

Para a responsável, a prova de que estão «a seguir o caminho certo» é o reconhecimento da SAP em 2021 como Top Employer em Portugal, tendo alcançado o primeiro lugar no ranking. «Mostra que somos uma organização onde as pessoas gostam de estar, que não só as valoriza e lhes permite desenvolver uma carreira, como as desafia a apresentar resultados e a inovar», acredita.

 

O modelo desejado
Logo em Fevereiro de 2020, ainda sem casos registados de COVID-19 em Portugal, assumiu uma posição pró-activa, através da implementação de medidas de sensibilização e segurança no seu escritório, para colaboradores, clientes e parceiros. «Cientes da realidade que todo o planeta vivia, antecipámo-nos e de imediato adoptámos o teletrabalho, para todos os colaboradores e em todas as localizações geográficas, assim que foi declarada pandemia, ainda antes das autoridades portuguesas terem implementado o primeiro conjunto de medidas mais restritivas, como o confinamento», partilha Patrícia Cristóvão.

No seguimento das medidas adoptadas devido à pandemia, e com a cultura que já existia, a SAP anunciou que vai implementar o modelo flexível de trabalho para os seus mais de 100 mil colaboradores. De acordo com a directora de Recursos Humanos, tal decisão resulta da conjugação de dois factores: «a noção de que os colaboradores têm vontade de abraçar um modelo mais flexível, que não se cinja ao trabalho remoto ou ao trabalho presencial nas instalações da empresa ou dos seus clientes; e a formalização de um conceito de trabalho que já era, de forma informal, adoptado por muitos dos nossos colaboradores».

Questionada sobre de que forma e em que moldes vai esse modelo funcionar, Patrícia Cristóvão esclarece que a SAP vai basear as suas formas de trabalho remoto num novo quadro mundial cuja configuração se enquadra num local de trabalho 100% flexível, onde a confiança é a norma. «Esta promessa de flexibilidade destina-se a garantir aos colaboradores as condições necessárias para que sejam produtivos, criativos e inspiradores, enquanto gerem o seu trabalho de forma responsável, com o cumprimento dos requisitos do negócio», salienta, ressalvando: «Mas é fundamental que tal não signifique uma quebra de laços e vínculos pessoais entre colegas, clientes e parceiros, pois a proximidade social é inerente ao ser humano, tantas vezes um desbloqueador de negócios e processos de trabalho mais complexos e, quase sempre, essencial para a criatividade das equipas.»

A responsável garante que a mudança foi muito bem aceite pelos colaboradores, que, em recentes inquéritos sobre o modo de trabalho pós-COVID, afirmaram «desejar muito esta flexibilidade de trabalho. Queremos que a confiança seja a norma, não a excepção», reitera. «Uma medida como a que implementámos exige sempre plena confiança na responsabilidade e profissionalismo dos colaboradores, por via disso, confiança é algo que a empresa tem demonstrado nas últimas décadas, com as nossas equipas a cumprirem os requisitos de forma exemplar.»

Também fundamental é potenciar um ambiente inclusivo, no qual as pessoas possam trabalhar a partir de casa, no escritório ou remotamente, sempre com todas as condições para que estejam habilitadas a desenvolver da melhor forma o seu trabalho. «Este modelo implicará, igualmente, horários de trabalho flexíveis e, com isso, os colaboradores decidirão quando exercerão as suas funções, alinhados com o contexto e as necessidades do negócio», revela. «Este novo modelo de trabalho é mais uma demonstração da preocupação da empresa em antecipar políticas diferenciadoras, sem que isso invalide o sucesso e a produtividade de todos os colaboradores.»

Na opinião da directora de Recursos Humanos da SAP Portugal, «o grande desafio é manter o espírito de unidade e criatividade das equipas, numa dimensão humana e de proximidade. A presença em escritório fomentava essa humanidade, criava uma proximidade e potenciava o brainstorming», constata, defendendo no entanto que o modelo flexível de trabalho não invalidará essa dimensão humana, «apenas a vai tornar mais imprevisível, de acordo com a agenda e necessidades de cada membro da equipa, pelo que cabe a todos, em conjunto, criar condições para não perder este espírito, antes pelo contrário, pois queremos fomentar a união de grupo e a capacidade de rumarmos no mesmo sentido».

 

Sustentabilidade e futuro
A flexibilidade surge como uma garantia, um vector estratégico do funcionamento da SAP, além de uma «prova do profundo respeito pelos colaboradores», afirma a responsável. «Vamos alcançar um conceito de trabalho que conjugue a capacidade de termos pessoas motivadas, flexíveis e capazes de responder aos desafios do tecido empresarial do século XXI, em simultâneo com uma empresa moderna, ciente do seu papel na sociedade, e não apenas no sector das TI [Tecnologias de Informação], com preocupações quanto ao bem-estar dos seus colaboradores e sustentabilidade ambiental e estrutural da organização.»

Sustentabilidade é precisamente outra palavra de ordem na SAP, havendo um compromisso para a promover em todas as vertentes do negócio. Há inclusive uma equipa global inteiramente dedicada a incorporar a sustentabilidade na estratégia da empresa e a impulsionar iniciativas deste cariz de forma transversal, seja nas suas práticas de negócio ou na implementação de programas relacionados. Para isso, a SAP definiu, por exemplo, que as suas operações devem considerar gestos tão simples como a redução do desperdício ou a eliminação de plásticos de única utilização, como as garrafas, os copos e colheres de café, substituídos por alternativas mais sustentáveis.

A SAP Portugal, em concreto, tem desenvolvido uma miríade de microacções de sensibilização junto dos colaboradores, para atingir a neutralidade carbónica até 2025. «Sabemos que o futuro não espera por segundas oportunidades, e acreditamos que podemos ser um exemplo, no imediato, também para clientes, fornecedores e outros parceiros», reforça Patrícia Cristóvão.

Da COVID-19 e do impacto que teve na vida de todos, e das empresas também, a directora de Recursos Humanos destaca o afastamento forçado dos colaboradores, mas também a ampla utilização das ferramentas digitais no contacto entre colegas, chefias, clientes e parceiros, o que «obrigou a uma gestão sensível das pessoas, cujas dinâmicas sofreram várias mutações e uma constante aprendizagem ao longo do último, quase, ano e meio. Também destaco a comunicação por videoconferência», continua. «Embora se sinta já um desgaste, vai continuar a ser, por certo, uma ferramenta válida de trabalho, com implicações na diminuição do tempo para deslocações e dinheiro despendidos, com naturais ganhos de produtividade.»

Relativamente ao futuro, a SAP Portugal encara-o com confiança e entusiasmo. «Estamos a viver, também, um momento de transformação interna e ajuste à nova realidade, mas mantendo sempre o enfoque no bem-estar e motivação dos nossos colaboradores, tal como em continuarmos a entregar valor aos nossos clientes», sublinha Patrícia Cristóvão, fazendo notar, em jeito de conclusão: «O nosso lema é, e continuará a ser, “Help the World Run Better and Improve People’s Lives”, e é para isso que trabalhamos todos os dias.»

 

Este artigo foi publicado na edição de Agosto (nº.128) da Human Resources nas bancas.

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