A sociedade entra pelas empresas dentro. E os elefantes, ficam na sala?

“A sociedade entra pelas empresas dentro. E os elefantes, ficam na sala?”. Foi esta a provocação que deu tema à 28.ª edição da Conferência Human Resources, que se realizou no passado dia 24 de Outubro, no Museu do Oriente, em Lisboa. Num programa que focou vários “elefantes” – da cultura organizacional e modelos de trabalho à tecnologia, passando pela escassez (ou não) de talento e competências, até ao idadismo e absentismo – mais de 20 especialistas partilharam as suas perspectivas e experiências. Com mais ou menos optimismo, ficou claro o caminho a seguir para “expulsar uns elefantes da sala e emagrecer outros”.

 

O tema parece ter sido certeiro, pois despertou a curiosidade dos profissionais, que, na semana anterior à da realização da XXVIII Conferência Human Resources, esgotaram a lotação do auditório no Museu do Oriente. No dia, para além da “casa cheia”, com cerca de 400 pessoas presencialmente, um recorde no live streaming (transmitido via Sapo e pelo site e LinkedIn da Human Resources Portugal), ultrapassando-se as 75 mil entradas. Na sua intervenção de abertura, Ricardo Florêncio, CEO do Multipublicações Media Group, justificou o mote desta 28.ª edição – “A sociedade entra pelas empresas dentro. E os elefantes, ficam na sala?”: «Com toda a diversidade de temas que existem hoje na esfera da Gestão de Pessoas, o leque de escolha era muito grande. Optámos por um caminho mais ambicioso, trazendo para a discussão aquilo de que habitualmente não se quer falar.»

«Hoje, mais do que nunca, assistimos a um transportar de todas as situações que vivemos no dia-a-dia para dentro das empresas», entre elas «os diversos problemas pessoais com que as pessoas se debatem, de ordem financeira, familiar, de ansiedade, de frustração… E se algumas dessas situações têm origem nas próprias empresas, muitas delas são trazidas de fora para dentro. E têm um grande impacto nas organizações», alertou.

Mais: «Não é de agora, mas sente-se um ambiente muito diferente nas organizações, que está a agudizar-se. Apesar de muita insistência por parte das empresas, e de todo o investimento que fizeram nos seus escritórios, as pessoas não querem voltar ao trabalho presencial. Há uma grande relutância, e mesmo uma negação, por parte dos colaboradores. Porquê? E qual pode, ou deve ser, a resposta das entidades empregadoras», perguntou. «E os profissionais exigem, mas dão? Entregam resultados? Por outro lado, estará o problema nas exigências dos profissionais ou na incapacidade de as empresas para se adaptarem à mudança?»

Além do impacto do teletrabalho na produtividade, na ligação à empresa, nas relações e no ambiente de trabalho, o tema da motivação – ou falta dela – também não foi esquecido: «Há desinteresse pelo trabalho? As pessoas estão desmotivadas? Que papel pode representar a cultura e o propósito, neste novo binómio sociedade/empresa? E, considerando que Portugal tem das taxas de ansiedade mais altas da Europa, os modelos flexíveis estão de facto a trazer maior bem-estar e equilíbrio? Os profissionais estão mais desconectados, não só das empresas, mas também das pessoas? Qual o estado da arte das competências relacionais? Será que, como disse o psicólogo organizacional Richard Davis, “as pessoas estão a perder as competências cognitivas e sociais de que necessitam para uma vida pessoal e profissional próspera”?». Ricardo Florêncio concluiu constatando que são, de facto, muitos «os elefantes na sala», deixando o repto para a manhã: «vamos tentar expulsar alguns».

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Novembro (nº. 167) da Human Resources, nas bancas.

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