A tendência “colaboradores boomerang” está a ganhar força. E faz-se sentir em alguns sectores em particular

Imagine que mudou há pouco tempo de emprego e, de repente, o seu antigo empregador oferece-lhe uma oportunidade de regressar ao antigo trabalho. Se até há algumas décadas tal era pouco provável, os tempos mudaram e o mundo laboral também. Dados recentes do LinkedIn, que analisaram 32 milhões de usuários norte-americanos, mostram que estas reaproximações se tornaram cada vez mais frequentes e recordam a importância de os colaboradores “saírem pela porta grande” e as empresas não lhes “fecharem as portas” definitivamente.

 

A percentagem de colaboradores que regressa continua a aumentar e constituiu 4,3% de todas as mudanças de emprego no ano passado (comparando com os 2% registados em 2010). Nos Estados Unidos o tempo médio para estas “contratações boomerang” diminuiu para 17,3 meses após a saída do colaborador, ao passo que em 2010 eram 21,8 meses.

Os resultados da análise mostram que o “ciclo boomerang” aumentou em sectores como artes e entretenimento (11 meses), educação (13,4 meses) – nomeadamente no ensino superior-, enquanto sectores como indústria e finanças a percentagem foi mais baixa, com 3,8% e 3,4% repectivamente, com uma média aproximada de 22 meses.

As vantagens destas “contratações boomerang” não são difíceis de enumerar.

É mais fácil recontratar um antigo colaborador do que integrar um novo, avançam os especialistas. Estima-se que substituir um colaborador com um salário de 60 mil dólares/ano pode custar à empresa cerca de 40 mil dólares. Contudo, recontratar um “boomerang” pode poupar à empresa mais de 2/3 deste valor, já que o colaborador está perfeitamente familiarizado com a cultura da empresa e o onboarding decorre de forma mais simples e rápida.

Também o hiato do colaborador, que desenvolve novas competências e ganha uma perspectiva externa diferente sobre a empresa da qual saiu, são pontos positivos que não devem ser esquecidos.

Esta tendência vem mostrar que a forma como as empresas se relacionam com os ex-colaboradores mudou. Segundo um artigo do Financial Times, «os empregadores olham para o ex-colaboradores como uma oportunidade, e não uma traição». Até o sector público está a aperceber-se da mais-valia na “re-conexão” com antigos colaboradores que possam querer regressar. O Estado da Califórnia, por exemplo, tem um site “boomerang” que convida ex-funcionários a registarem-se para futuras oportunidades de trabalho.

Contudo, especialistas em recrutamento revelam que esta tendência acarreta os seus riscos. O maior será os colaboradores “abandonarem o barco” uma segunda vez.  Uma análise rigorosa ao candidato e uma conversa transparente sobre o que será diferente no seu regresso podem ajudar a reduzir estes riscos.

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