Ana Côrte-Real: «As empresas precisam de equipas com o cérebro por inteiro»
Ana Côrte-Real, Associate dean para a Formação Executiva da Católica Porto Business School defende que «as empresas, em termos de talento, precisam de equipas com o cérebro por inteiro: com um cérebro analítico e com um cérebro criativo». Leia o seu comentário aos resultados do XXXII Barómetro Human Resources.
«Os resultados deste Barómetro vêm reforçar questões que, não sendo propriamente novidade, não deixam de ser relevantes: redesenho das formas de trabalhar, os desafios e os papéis da liderança no contexto actual, a expectativa de aumento do desemprego, a importância crescente das competências digitais, do domínio das ferramentas de produtividade e colaboração, e o destaque das áreas análise de dados, cibersegurança e e-commerce como as que estão a estimular o maior recrutamento. O facto de termos, hoje, um consumidor híper-conectado torna as competências digitais fundamentais para as organizações. É imprescindível que os profissionais se mantenham atentos às tecnologias, como elas evoluem e, sobretudo, em que medida estão realmente a melhorar a vida dos clientes das suas empresas. O futuro vai solicitar expertises muito específicos dentro da área digital. Por outro lado, as novas fontes de dados como a internet of things, plataformas de redes sociais, softwares como Siri e Alexa, que geram grandes quantidades de dados, que os sistemas actuais e humanos são incapazes de processar, reforçam as necessidades de competências na área de análise de dados. Na verdade, as empresas, em termos de talento, precisam de equipas com o cérebro por inteiro: com um cérebro analítico e com um cérebro criativo. O que sempre funcionou – e vai continuar a funcionar – é que cada marca seja capaz de contar uma “bela” história. Não queria deixar de referir o paradoxo do digital. Estamos sempre a pensar que o futuro será ainda mais digital. E os resultados do Barómetro mostram claramente esta tendência e preocupação por parte das empresas. Mas há sinais evidentes de que o futuro do digital também tem de ser analógico. Por isso, as empresas têm de continuar a apostar em equipas capazes de perceber todos os sinais do mercado.»
Este testemunho foi publicado na edição de Setembro da Human Resources, no âmbito da XXXII edição do seu Barómetro.