Angola quer atrair investidores e parceiros em Portugal

No seminário “Investimento estrangeiro em Angola”, organizado pela Porto Business School, membros do governo angolano reconheceram importância do apoio de empresas portuguesas no desenvolvimento do país, através da criação de emprego e da qualificação dos profissionais.

 
Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças e presidente-executivo do banco luso-angolano BIC Portugal, moderou a sessão que contou com a participação de Cândido Pereira Van-Dúnem, ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, e de Isaac Francisco Maria dos Anjos, governador da Província de Benguela.

«A diversificação da Economia é a solução mais urgente para que, no futuro, não sejam tão evidentes os efeitos da crise provocada pela subida do preço do petróleo. O caminho passa por aproveitar as potencialidades ‒ apostar noutras indústrias, utilizar os recursos naturais, qualificar os cidadãos ‒ e transformar as riquezas do país em produtos de exportação. Precisamos, hoje, de parceiros estratégicos que nos ajudem na expertise e know-how na forma como vamos desenvolver a nova era de crescimento de Angola”, comentou Cândido Pereira Van-Dúnem, resumindo aquela que foi uma das principais conclusões lançadas no seminário da Porto Business School.

O ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria de Angola realçou ainda a importância de integrar todos os cidadãos na reorganização económica e social do país: «Angola conta com cerca de 25 milhões de habitantes, dos quais 800 mil são cidadãos e familiares de antigos combatentes. Por isso mesmo, temos uma oportunidade de integrar estes recursos humanos, numa perspectiva de economia de mercado mais global. A presença de empresas e do know-how português tem sido uma parte fundamental para este projecto. Queremos, por isso, reforçar a ligação, estreitar as parcerias e confiar na presença portuguesa no país.»

Seguiu-se a intervenção de Isaac Francisco Maria dos Anjos, que apresentou aos participantes os projectos económico-sociais “Cidade do Sal” e “Benguela Costa Nova”, cujo objectivo é repensar a estratégia de crescimento da região. «Queremos criar zonas de produção de alta qualidade e de todo o tipo de produtos, que possam ser exportados para as grandes potências mundiais. Temos, por isso, previstos vários projectos, nomeadamente uma auto-estrada Benguela-Lobito, a requalificação urbana do Lobito ‒ que deixa de ser o espaço para a indústria ‒ o loteamento industrial da Catumbela, a aposta em opções turistas e atractivas para a região, e a criação de uma zona de expansão económica do Cubal, através de um pólo industrial, com serviços e habitações», esclareceu.

O seminário contou igualmente com a participação e testemunho de Carlos Palhares, antigo aluno da escola de negócios do Porto e chief executive officer (CEO) da Mecwide, uma empresa portuguesa que actua na área da metalomecânica e que passou pelo processo de internacionalizar até Angola. Entre as principais dificuldades, o gestor apontou os custos de operação e contexto – nomeadamente em Luanda -, os recursos humanos – como a falta de preparação dos locais e as condições de envio de expatriados -, a incerteza legislativa, o valor do investimento e as dívidas.

Fernando Teixeira dos Santos encerrou a sessão destacando as principais conclusões sobre o futuro do investimento estrangeiro em Angola e as relações com Portugal: «Há vários anos que ouvimos os empresários portugueses a falar das dificuldades e das derrotas quando procuram levar os negócios para Angola. Mas não desistem e é esse factor que é distintivo nas relações entre Portugal e Angola. Os portugueses podem ter um papel relevante no desenvolvimento do país, especialmente na qualificação e formação dos recursos humanos locais, aos vários níveis, desde a gestão até à produção nas indústrias”, defendeu.

Desde 2014 que Angola vive uma crise financeira provocada pela dependência das exportações de petróleo. O programa em curso, promovido pelo Governo, prevê a diversificação das exportações e importações, numa aposta em novos sectores de actividade, novas parcerias comerciais e investimento no desenvolvimento do país.

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