Apenas 5% dos empregadores pensam contratar no segundo trimestre deste ano (e 6% vai despedir)

Os empregadores portugueses preveem um clima de contratação pouco animador no segundo trimestre do ano. Segundo o ManpowerGroup Employment Outlook Survey, num universo de 514 empresas portuguesas inquiridas, apenas 5% dos empregadores antecipam um aumento nas intenções de contratação, no segundo trimestre de 2021, enquanto 6% esperam reduzir a sua força de trabalho e 81% não avançam qualquer alteração.

 

De acordo com os dados do estudo, a projecção para a Criação Líquida de Emprego, no período de Abril a Junho, é de -1%, caindo seis pontos percentuais em relação ao trimestre anterior e 14 pontos percentuais se compararmos com as previsões pré-pandemia do período homólogo do ano passado.

Neste segundo trimestre, as intenções de contratação são negativas em quatro dos sete sectores de actividade em análise. Contudo, mesmo naqueles sectores que mostram intenção de contratar, as previsões estão muito abaixo dos valores verificados em períodos anteriores.

O estudo mostra que os empregadores do sector da Restauração e Hotelaria anunciam os planos de contratação mais pessimistas, com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de -6%. Este valor representa uma redução de 27 pontos percentuais face às estimativas pré-pandemia anunciadas há um ano, mas traduz um crescimento de 10 pontos percentuais face ao primeiro trimestre de 2021.

No sector do Comércio Grossista e Retalhista observa-se o mesmo sentimento, com uma Projecção de -5%, diminuindo em três e 18 pontos percentuais relativamente ao último trimestre e ao segundo trimestre do ano passado, respectivamente.

Nos sectores da Indústria e da Construção, os empregadores avançam igualmente intenções de contratação pouco animadoras, com projecções de -3% e -2%, respetivamente, em queda face às perspectivas anunciadas no trimestre anterior.

A contraciclo, o sector das Finanças e Serviços destaca-se com a actividade de contratação mais sólida, apresentando uma projecção para a Criação Líquida de Emprego de +5%, pelo segundo trimestre consecutivo. Não obstante, numa comparação com o período homólogo do ano passado apresenta uma das reduções mais significativas, caindo 23 pontos percentuais.

Os sectores de Outras actividades de Serviços e Outras actividades de Produção mostram igualmente um optimismo cauteloso, avançando com projecções de +1%, valor que traduz, no entanto, um decréscimo de nove e 11 pontos percentuais respectivamente face ao trimestre passado.

O estudo revela ainda que segundo trimestre, observa-se uma contracção nas perspectivas de contratação de todas as regiões do país, face às previsões anunciadas para o primeiro trimestre e para o período homólogo de 2020.

A região Norte revela um optimismo cauteloso, com os empregadores a avançar com uma projecção de +1%, valor que traduz, no entanto, uma queda de quatro pontos percentuais face às estimativas do trimestre anterior. O Grande Porto apresenta as melhores perspetivas para este período, com uma projecção de +4%, em queda de um ponto percentual relativamente ao primeiro trimestre.

Já a região Centro apresenta as intenções de contratação mais pessimistas, apontando uma projecção de -3%, um valor dez pontos percentuais abaixo do declarado no trimestre anterior. Na Grande Lisboa, as perspetivas de contratação diminuem oito pontos percentuais na comparação trimestral, situando-se a Projecção para Criação Líquida de Emprego em -5%.

E a região Sul avança com previsões de um mercado de trabalho incerto, com uma Projeção de -1% e uma redução de dois pontos face às estimativas do trimestre anterior e de 16 pontos relativamente ao período homólogo do ano passado.

O estudo revela também que no que diz respeito ao tamanho das empresas, três das quatro categorias analisadas esperam reduzir a sua força de trabalho durante o próximo trimestre.

As grandes empresas antecipam o mercado de trabalho mais forte, com uma Projecção de +5%. Não obstante, estes empregadores relatam uma diminuição de seis pontos percentuais em relação ao último trimestre e de 23 pontos percentuais comparativamente ao período de homólogo de 2020.

Contrariamente, as microempresas demonstram um maior pessimismo e antecipam reduções moderadas na sua força de trabalho. A Projeção avançada é de -6%, o que representa uma diminuição de nove pontos percentuais relativamente ao trimestre anterior e de dez pontos percentuais face ao segundo trimestre de 2020.

Globalmente, 31 dos 43 países e territórios analisados esperam reforçar a sua força de trabalho no próximo trimestre, enquanto que 10 preveem diminuir as contratações. Taiwan, EUA, Austrália e Singapura apresentam os mercados de trabalho mais fortes, enquanto que o Reino Unido, África do Sul e Panamá, apresentam as projecções mais pessimistas.

Na Europa, as oportunidades de contratação continuam limitadas. À semelhança do que acontece em Portugal, também Espanha e Itália apresentam perspectivas de redução no mercado de trabalho. Em Espanha os empregadores reportam uma projecção para a Criação Líquida de Emprego de -1%, o mesmo valor que no trimestre anterior e, em Itália, a Projeção é de -2%, quatro pontos percentuais abaixo das previsões do período de Janeiro a Março.

Na Grécia, em França e na Alemanha as projeções são mais positivas, esperando-se uma projecção para Criação Líquida de Emprego de +7% para os dois primeiros países e de +3% para o terceiro. Não obstante, os três países registam diminuições das previsões de contratação relativamente ao trimestre passado e ao período homólogo de 2020.

O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou 42000 empregadores em 43 países e territórios. As entrevistas foram realizadas durante as circunstâncias excepcionais do surto de COVID-19, pelo que os resultados do estudo deverão refletir o impacto da emergência global de saúde e consequente perturbação económica.

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