APESPE-RH acusa Governo de estigmatizar os trabalhadores temporários

A Associação Portuguesa de Empresas do Sector Privado de Emprego e de Recursos Humanos (APESPE-RH) acusou o primeiro-ministro, António Costa de estigmatizar os trabalhadores temporários ao anunciar o reforçar as medidas de vigilância epidemiológica nas empresas de trabalho temporário, avança Lusa.

 

«Esta é uma questão de saúde pública e a associação colabora com todas as entidades governamentais. A questão que nos preocupa é que o sector do trabalho temporário é um sector que tem vindo a ser discriminado ao longo dos tempos (…). E quando estamos numa fase colaborativa e ouvimos o senhor primeiro-ministro dizer que o foco são os trabalhadores temporários, é grave. O vínculo contratual é o menos importante no meio disto tudo», disse o presidente da APESPE-RH, Afonso Carvalho.

Em declarações à agência Lusa, o responsável criticou as palavras de António Costa que na sexta-feira, no final da reunião de Conselho de Ministros, em que ficaram definidas as medidas para a próxima fase de desconfinamento, que arranca hoje, disse que o Governo vai reforçar as medidas de vigilância epidemiológica no sector da construção e nas empresas de trabalho temporário para controlar focos de infecção pela COVID-19.

António Costa comentava o foco de contágio detectado na Azambuja, tendo dito: «Não tem a ver com os residentes na Azambuja, tem sobretudo a ver com um conjunto de trabalhadores que trabalham naquela plataforma logística através de empresas de trabalho temporário.»

Esta palavras desagradaram à APESPE-RH, associação que conta com cerca de 40 associadas o que corresponde a cerca 90 mil trabalhadores, 80% dos quais do mercado nacional.

Afonso Carvalho contou que a associação está a colaborar com o Ministério do Trabalho e da Segurança Social e comunicou, por sua iniciativa, casos suspeitos de infecção, aproveitando para criticar as medidas implementadas para o sector.

«Este sector, apesar de ser um sector que está altamente regulamentado na lei, só no início da pandemia teve um decréscimo de actividade de cerca de 50% e nem por isso foi contemplado em questões de ‘lay-off’ simplificado, algo que também nos desagradou bastante. E quando estamos numa fase colaborativa e ouvimos o senhor primeiro-ministro dizer que o foco são os trabalhadores temporários, é grave. O vínculo contratual é o menos importante no meio disto tudo», disse o dirigente associativo.

De acordo com o presidente, a APESPE-RH comunicou já oito casos suspeitos que «foram imediatamente tratados e cada empresa associada tem posto em prática planos de prevenção em colaboração com as empresas clientes ou utilizadoras».

«E estamos a testar preventivamente. Arrisco dizer que a taxa de infectados será muito reduzida (…). Não queremos que exista um estigma crescente em relação a esta população. Queremos que a opinião pública seja esclarecida. A questão é imaterial», frisou.

Já em comunicado, a APESPE-RH diz-se «desrespeitada, ofendida e até, insultada», pedindo que «em nome da verdade e do rigor» António Costa «ou quem por ele devidamente mandatado» fizesse um esclarecimento.

«Desta forma, muito nos agradaria que, em nome da verdade e do rigor, o senhor primeiro-ministro ou quem por ele devidamente mandatado, viesse rectificar as declarações em causa, repondo o rigor das mesmas, em nome da verdade, transparência e clareza que sempre se exigem a um Governo, e, ainda mais, num momento com a gravidade e impacto como aquele que actualmente vivemos», termina a nota da APESPE-RH.

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