
Aumento dos salários na zona euro abranda no segundo trimestre. Banco Central Europeu atento ao impacto na inflação
O aumento dos salários na zona euro foi de 3,55% no segundo trimestre, face a igual período do ano anterior, depois de terem subido 4,74% no primeiro trimestre, anunciou o Banco Central Europeu.
Entre Abril e Junho deste ano, o aumento homólogo dos salários negociados na zona euro (3,55%) é o mais baixo desde o último trimestre de 2022.
Os dados sobre a evolução dos salários antes da reunião em Setembro do BCE é um indicador a que o banco central presta «especial atenção» pelo impacto que pode ter na inflação no sector dos serviços.
«A queda dos salários negociados na zona euro no segundo trimestre foi superior à esperada», disse o economista sénior da zona euro no ING Research, Bert Colijn, advertindo que, apesar de poder haver ainda «surpresas positivas» no final do ano, o aumento dos salários conhecido «torna ainda mais provável um corte de 25 pontos base [nas taxas de juro do BCE] em Setembro».
O economista refere também que o abrandamento dos salários «trará algum alívio para aqueles que defendem um ciclo de cortes graduais nas taxas de juro, uma vez que o crescimento salarial negociado de 3,55% em termos homólogos está mais em linha com as perspectivas da inflação a médio prazo».
No entanto, o economista adverte para o facto de o crescimento salarial ser ainda «demasiado elevado» para se atingir o objectivo de inflação de 2%, dado o «fraco crescimento da produtividade».
Assim, o caminho para a moderação salarial poderá «estar repleto de obstáculos» e o segundo semestre de 2024 poderá ainda trazer «algumas surpresas», uma vez que os sindicatos, particularmente na Alemanha, continuam a exigir salários elevados nas negociações.
«Embora isso seja óptimo para os consumidores e melhore um pouco as perspectivas económicas, poderá ser menos positivo para o BCE no final deste ano», sublinha Colijn.