Brigitte Felber, country manager da Nespresso em Portugal: «É preciso um novo estilo de liderança»

Olhando para a forma como, hoje, se fazem negócios, em comparação com há 20 ou 30 anos, Brigitte Felber não tem dúvidas de que existe a necessidade de implementar um novo estilo de liderança. À frente dos destinos da Nespresso em Portugal, defende que um líder é muito mais do que um construtor de competências ou um coordenador.

 

Por Ana Leonor Martins

 

Depois de 14 anos na Ásia, nos últimos oito dos quais também como country manager, Brigitte Felber aceitou o desafio de vir liderar a Nespresso em Portugal, onde chegou há pouco mais de um ano. No nosso país, impressionou-a os jovens profissionais altamente qualificados, a grande diversidade e uma forte mentalidade de empreendedorismo, acompanhada de uma excelente ética de trabalho. Assumindo-se como uma «pessoa de pessoas», admite que o principal desafio desde que chegou tem sido não conseguir estar próxima, fisicamente, das equipas. Até porque, seja colaboradores, parceiros ou clientes, é pelas pessoas que a Nespresso procura continuamente fazer mais e melhor.

 

Como encarou o desafio de vir liderar a Nespresso Portugal?
A Nespresso é uma marca global, e acredito que as pessoas que aqui trabalham deverão ter também uma visão global. Sou uma pessoa que gosta de desafios e, depois de 14 anos no mesmo continente, decidi que seria uma mais-valia para mim e para a Nespresso aceitar esta função, num país completamente diferente. É um mercado diferente, com uma realidade nova. Esta é, sem dúvida, a parte mais interessante, pois estamos a falar de uma adaptação que exige grande determinação, interesse, novos métodos de trabalho e de gestão de pessoas.

 

Qual a importância estratégica que Portugal assume no grupo?
Os portugueses são amantes assumidos de café. Este é um mercado muito interessante devido ao elevado consumo de café, tendo em conta que, actualmente e segundo a Marktest, são mais de 7,3 milhões os portugueses que possuem máquina de café em sua casa. Sabemos ainda que as máquinas de café com sistema de cápsulas são as mais comuns, estando presentes em 66,4% dos lares portugueses – o que representa uma excelente oportunidade para a Nespresso.

Outro factor que me impressionou foi a recente adaptabilidade a um ambiente mais digital. Existe uma vibração muito boa, com jovens profissionais que são altamente qualificados, assim como uma grande diversidade e uma forte mentalidade de empreendedorismo acompanhada de uma excelente ética de trabalho, que é a chave para o progresso de um país.

Estas são características essenciais e, portanto, tenho uma perspectiva muito positiva para o futuro de Portugal, e estou muito motivada para continuar a trabalhar em conjunto com a equipa local e contribuir para o sucesso futuro da marca.

 

Conhecia o País? O que mais a impressionou?
Já tinha visitado Portugal, mas apenas em contexto de negócios. A primeira vez que vim a Portugal foi há 13 anos e ainda me lembro de me ter apaixonado pela beleza da cidade. Claro que fiquei com grandes expectativas e confesso que, quando cheguei, percebi desde logo que Portugal tem uma cultura muito aberta e acolhedora, o que fez com que me sentisse confortável desde início.

Para mim, ter a hipótese de me integrar na cultura e me sentir bem-vinda é o mais importante, e só tenho de agradecer aos portugueses pela sua incrível hospitalidade. Para além de ter a possibilidade de visitar as cidades históricas e monumentos, assim como apreciar a bela paisagem e litoral, que torna este recanto da Europa ainda mais especial. Posso dizer que eu e o meu marido estamos muito felizes por estarmos em Portugal, e que ter a oportunidade de desempenhar esta função na Nespresso em Portugal é como um sonho tornado em realidade. Já sinto o País como se fosse meu. Posso dizer que me sinto em casa.

 

O que lhe foi pedido?
Em Portugal, a Nespresso é uma marca sólida e bastante forte. O consumidor português valoriza, para além do simples acto de beber um café, a experiência única que a Nespresso lhe proporciona. Por isso, fora todas as adaptações ao contexto em que vivíamos, o essencial para qualquer BEO [business executive officer] é manter a equipa motivada e focada no cliente e no futuro.

Acredito que a minha experiência anterior, todo o conhecimento digital e o facto de ter vivido num ambiente em rápida mudança, vão ajudar-me fortemente a impulsionar a transformação digital aqui em Portugal em conjunto com a equipa.

Numa perspectiva de gestão interna, sou, desde sempre, fascinada por gestão de equipas e indivíduos, e por entender os seus valores e motivações. Acredito piamente em trabalhar em conjunto como uma equipa onde todos têm o direito de se manifestar e ser ouvidos, para fazer do ambiente de trabalho um lugar onde sejamos capazes de criar e alcançar resultados juntos.

 

Que prioridades de acção definiu, sendo que assumiu funções em Julho de 2020, ou seja, já no actual contexto de pandemia?
No contexto em que vivíamos, o grande objectivo foi continuar a oferecer a experiência Nespresso a todos os clientes, da melhor forma. A equipa rápida e continuamente procurou ter a mentalidade de encontrar soluções para os desafios do contexto e, em conjunto, conseguimos manter a nossa diferenciada oferta.

Depois das adaptações mais operacionais e necessárias ao contexto, retomámos o nosso foco ao inicial: sabemos que o futuro da Nespresso passa por estar cada vez mais perto do consumidor português e continuar a entregar-lhe esta experiência memorável de café. Colocar “o consumidor no centro de tudo” continuará a ser o meu foco, bem como o da minha equipa, e continuaremos a surpreender através de novos momentos de consumo, ou através de uma maior experiência digital e inovadora.

 

Quais foram os principais desafios e dificuldades que sentiu nestes 12 meses como country manager da Nespresso Portugal?
Em termos de desafios, pude constatar que também aqui o mercado se tornou mais digital e este tipo de negócio foi fortemente alavancado com o contexto vivido – isso traz desafios. No entanto, creio que os desafios se convertem também em oportunidades muito interessantes, que estarão principalmente ligadas ao futuro do comércio offline versus online, mas também dos hábitos futuros de consumo de café, já que a diversidade de pessoas e culturas também trará novas formas de desfrutar o café no futuro.

 

A pandemia afectou o vosso negócio e a estratégia para Portugal?
A grande alteração foi no início do confinamento, com a necessidade de, rapidamente, nos adaptarmos a um negócio puramente digital. Sabemos que a experiência em boutique é muito apreciada pelos nossos clientes e esforçámo-nos para a manter o melhor possível.

No entanto, em termos de estratégia, não tivemos alterações, pois o nosso foco sempre foi no cliente e oferecer a melhor experiência: seja nas boutiques, online ou por telefone.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Setembro (nº.129) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, pode comprar a versão em papel ou a versão digital.

Ler Mais