Carla Alves Sousa, NCN Portugal: «A requalificação não é mais uma opção, não é mais uma escolha, tornou-se uma necessidade»

Na 29.ª Conferência Human Resources, Carla Alves Sousa, manager na NCN – New Career Network Portugal, defendeu que «a requalificação não é mais uma opção, não é mais uma escolha, tornou-se uma necessidade para todos».

 

Sob o mote “Encontrar Talento no Século XXI: Transformar desafios em oportunidades”, começou por dizer que «quando se está à procura de talento, procuram-se as melhores pessoas para as equipas». E o que é isto de ter as melhores pessoas? «É ter aquelas pessoas que, antes de mais, vão ajudar a alcançar aquilo que são os objectivos da equipa e da empresa. Quando se está num processo de recrutamento, não se conhece quem está do lado lá e por isso procura-se por referências de qualidade para ter confiança que aquela pessoa será a pessoa mais indicada para ajudar a alcançar os objectivos.»

Carla Alves Sousa citou um estudo que revelou que 75% dos empregadores europeus dizem que têm dificuldades em preencher as suas vagas. E salientou «na apresentação do Steve, foi partilhado que em Portugal este número é muito maior, 84%. Portugal será dos países mais pressionados relativamente à obtenção de talento, ao preenchimento das vagas.»
A manager na NCN frisou ainda que «sabe-se também que cerca de 87% dos empresários europeus revelam que já estão a ver um tipo de gap de competências nas suas organizações, ou que esperam vir a ter nos próximos anos. E olhando para o mercado de trabalho europeu, à data de hoje, há cerca de quatro milhões de vagas de emprego por preencher, mas há 11 milhões de desempregados. As pessoas estão cá, estão disponíveis para trabalhar.»
A responsável não tem dúvidas que esta diferença «só pode existir porque há um desvio de competências. Há 11 milhões de pessoas disponíveis para trabalhar, mas há quatro milhões de empregos que não estão a ser preenchidos. E, portanto, significa isto que as competências que as pessoas, estes desempregados, têm hoje em dia para oferecer no mercado de trabalho, não são as competências que estão a ser procuradas por estes empresários, por estes empregos.»
Citando um estudo da McKinsey que revela cerca de 20 milhões de trabalhadores europeus, terão de mudar de carreira até 2030, manager na NCN deixou claro que «as pessoas são as mesmas. Os 11 milhões de desempregados estão lá, mas serão necessárias novas competências. Há áreas que vão sofrer uma maior pressão de procura e outras entrar em declínio. E é preciso ajudar estas pessoas a alcançarem novas competências e poderem direccionar-se para novas carreiras.»
Olhando para Portugal, 71% dos colaboradores terão de adquirir novas competências até 2030, contra 58% da média global. Mais uma vez, Portugal será dos países que sofrerá uma maior pressão para aquilo que é requalificação, para aquilo que é obtenção de novas competências e para aquilo que é exploração de novas carreiras.
Carla Alves Sousa salientou ainda que «se até há uns anos atrás se vivia numa era em que não havia um emprego para a vida, actualmente vive-se um novo paradigma, no qual não há uma carreira para a vida». E lançou a questão «quando se recruta num mercado em que já não há uma carreira para a vida, o que é que permite ter confiança ao recrutar alguém que não fez um percurso natural na área para a qual estou a recrutar?»
Para responder à questão, a responsável apresentou o exemplo de Daniel, um dos alunos que frequentou o programa PROMOV. «O Daniel foi operador industrial desde que deixou a escola e, portanto, toda a sua experiência profissional acumulada foi como operador industrial. O Daniel não seguiu um curso superior tradicional, mas a dada altura sentiu que queria mudar de carreira, queria mais e tinha competências para mais. Então, fez um dos cursos da NCN em Data Analyst.»
A manager na NCN deixou um alerta «é preciso criar confiança nos recrutadores, confiança nas empresas para olharem para outro tipo de talento, porque sim, cada vez mais vão existir pessoas que fizeram carreira em zig-zag, pessoas que não acumulam experiência nas áreas para as se quais está a recrutar e o objectivo é poder contribuir com confiança para este ecossistema.
Neste contexto foi exibido um breve vídeo sobre a NCN – New Career Network, lançada em Portugal no final do ano passado, que integra a iniciativa Reskiling for Employment (R4E) e pretende ajudar a colmatar a necessidade de requalificar 20 milhões de europeus.

No vídeo foi revelado que o R4E é uma iniciativa de impacto social, liderada por algumas das maiores empresas da Europa. A New Career Network liga candidatos que procuram uma nova oportunidade de carreira a programas de requalificação com alta empregabilidade e, após a sua conclusão, a oportunidades de emprego ajustadas ao seu perfil. A plataforma, impulsionada por inteligência artificial, orienta os candidatos através de percursos de carreira, avaliações de competências e auxilia na correspondência de programas de emprego.

Posto isto, a responsável não tem dúvidas que «a requalificação não é mais uma opção, não é mais uma escolha, tornou-se uma necessidade.

E tornou-se uma necessidade para todos nós». Justificando que foi por esse motivo é que foi lançado o New Career Network, «uma plataforma digital cujo o objectivo foi, antes de mais, juntar no mesmo sítio, quase que numa lógica de marketplace, quem está à procura de uma nova oportunidade de carreira ou de uma reflexão sobre a sua carreira e quais os set de competências que tem de adquirir, as escolas que têm cursos de formação e as empresas. Todos os cursos que estão disponíveis na New Career Network são cursos com empregabilidade acima de 70%.»
Para concluir, a responsável fez notar que a plataforma existe porque «o desafio de recrutar olhando para o talento de outra forma, não estando à espera de uma carreira tradicional, é um desafio que pertence a todos porque, como se viu, as pessoas são as mesmas. Terão sim de obter novas competências e cabe-nos a nós criar estas oportunidades. E é preciso criar estas oportunidades porque não podemos deixar ninguém para trás.»