Cibersegurança e privacidade é o maior risco a nível global, mas gestores de RH e de risco identificam outros em Portugal. Saiba quais são

O estudo “MMB People Risk Report 2022” demonstra que os gestores de RH e de risco hierarquizam de forma distinta os principais riscos para as pessoas comparativamente com a média global. Embora coincidam na colocação da cibersegurança e privacidade dos dados no topo da lista dos principais riscos, as práticas legais, de compliance e financeiras; benefícios, política e tomada de decisão de recompensas e transparência; obsolescência de tecnologia de RH; e saúde mental completam o top 5 dos principais riscos identificados no nosso país.

Nota para o facto de a nível global os riscos legais, compliance e financeiros e saúde mental não vão além da 12.ª e 20.ª posição, respectivamente, o que constitui uma grande diferença na hierarquização dos principais riscos.

1. Cibersegurança e privacidade dos dados
No que concerne a este risco, a liderança de topo reconhece que os cibercrimes, cada vez mais sofisticados e frequentes, têm empurrado esta ameaça para o topo da agenda das lideranças executivas. 77% das empresas portuguesas dizem que estão actualmente a abordar o risco da cibersegurança e da privacidade dos dados e 78% dizem que têm papéis e responsabilidades claras para gerir a exposição a estas ameaças. Contudo, apenas 37% têm actualmente em vigor políticas eficazes de cibersegurança, programas e sistemas de apoio, tais como autenticação multi-factor, formação e gestão de fornecedores e encriptação de dados. Em contraste, 44% das empresas a nível mundial e 41% em toda a Europa dizem ter estes sistemas.

 

2. Práticas legais, de compliance e financeiras
Está entre os riscos que mais preocupam as empresas em Portugal. O desalinhamento dos benefícios e de outras práticas de RH aos requisitos regulamentares, fiscais e laborais conduzem a penalizações, litígios e danos de reputação. A falta de práticas e investimentos financeiros responsáveis aumenta o risco de atividades fraudulentas e perdas financeiras. Os resultados do estudo indicam que 78% das empresas portuguesas dizem que já estão a gerir este risco, em comparação com apenas 68% das empresas a nível mundial e em toda a Europa. 69% das organizações em Portugal afirmaram também que têm papéis e responsabilidades claras na gestão de ameaças legais e financeiras.

 

3. Tomada de decisão e transparência nas políticas de benefícios e remuneração
A carga administrativa e fiscal sobre as empresas portuguesas está a crescer à medida que a complexidade organizacional aumenta. A incapacidade de gerir programas de benefícios ou fundos de investimento de forma precisa, justa e de acordo com as promessas feitas resulta em erros dispendiosos e obrigações não cumpridas. Como resultado, muitas empresas estão cada vez mais a ver a necessidade de uma política forte de tomada de decisão relativamente a benefícios, recompensas e transparência. Uma em cada duas organizações revela planear investir na optimização dos custos dos benefícios de bem-estar e saúde dos colaboradores nos próximos dois anos, bem como considerar oportunidades de externalização e simplificação da gestão.

 

4. Obsolescência de tecnologia de RH
Esta ameaça resulta numa incapacidade de tornar as actividades, benefícios e cuidados de saúde mais personalizados, convenientes e seguros. Isto pode conduzir a um subaproveitamento da experiência do colaborador, resultando em última análise numa maior rotatividade e perda de talento. Um terço dos gestores de RH e de risco inquiridos identificam a mudança – cultura adversa como um desafio para atingir os objectivos de digitalização e maior flexibilização.

 

5. Saúde mental
A pandemia causou a deterioração da saúde mental, com impacto empresarial grave, incluindo baixa produtividade, aumento dos benefícios gastos e danos na proposta de valor e na reputação da marca. A má saúde mental continua a ser a causa número um de absentismo e é parte integrante de outros 10 principais riscos, incluindo eventos pessoais catastróficos e a natureza mutável do trabalho. 72% das empresas em Portugal dizem estar actualmente a gerir o risco associado à saúde mental, em comparação com apenas 66% em toda a Europa. Apesar de estar no top 5 dos riscos em Portugal, apenas 44% das organizações estão a planear investir na saúde mental no futuro.

O estudo identifica ainda as barreiras que as empresas portuguesas dizem enfrentar para mitigar estes riscos: dificuldade em alterar o comportamento pessoal, um obstáculo à digitalização acelerada e ao nível de riscos ambientais e sociais; complexidade organizacional dificultando a abordagem a riscos ligados a práticas de talento, ambientais e sociais; implicações legais, laborais e fiscais; falta de visão, estratégia e envolvimento da liderança sénior para abordar riscos de governance e financeiros; 33% das empresas portuguesas afirmaram não dispor de recursos qualificados para compreender e abordar os riscos de saúde e segurança.

Para gerir estes riscos, as organizações em Portugal planeiam investir no aumento dos custos de saúde, protecção contra riscos e benefícios de bem-estar (50%); cibersegurança e privacidade de dados (49%); saúde e bem-estar dos colaboradores (49%); questões de liderança (ambiente e social) (49%); sucessão e risco de pessoa-chave (48%).

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