Compromisso com a sustentabilidade e, por inerência, com as pessoas

A Quilaban reforçou o compromisso com a sustentabilidade, reconhecendo ser também um importante valor ao nível da atracção e retenção de talento, e que «é impossível gerir e liderar as pessoas sem que se lhes apresente um caminho credível e sustentável para o futuro».

 

Por Tânia Reis

 

Com um universo de 220 pessoas no Grupo, das quais 120 na Quilaban, a empresa está presente no mercado português há quase meio século. Tendo começado a sua actividade na área de soluções de diagnóstico in-vitro e biotecnologia, actualmente opera em áreas como veterinária e ortopedia em mais quatro mercados: Angola, Moçambique, Guiné Bissau e Índia.

Foi em 1993 que surgiu a primeira grande parceria com uma multinacional, a Becton & Dickinson, que perdura ainda hoje e projectou a empresa para um nível superior de performance. Em 2007, a Quilaban entrava no mercado angolano com a aquisição da maioria do capital da Australpharma, empresa de distribuição farmacêutica, e a internacionalização seria reforçada em 2013 com a criação de mais três empresas: a MDS em Moçambique, dedicada à distribuição de medicamentos; a Quilaban Índia, focada no procurement e sourcing de medicamentos; e a Tecnosaúde em Angola, com serviços de formação e consultoria na área farmacêutica.

A estes marcos históricos, Sérgio Luciano, CEO da Quilaban, acrescenta outro: a conquista da representação para Portugal da Illumina, multinacional na área da sequenciação genética, em 2020.

Com uma estratégia assente em seis objectivos – notoriedade, pessoas felizes, liquidez, produtividade, rendibilidade e crescimento –, o líder refere que foram «a cultura forte, um propósito mobilizador, o envolvimento dos colaboradores no desígnio de desenvolvimento da empresa e a combinação de um espírito empreendedor, com valores fortes e com estratégias de gestão modernas e exigentes» que levaram à dinâmica de crescimento e robustecimento da performance da Quilaban, determinante para enfrentar as transformações no mundo do trabalho, com uma mudança dos paradigmas.

Após um contexto de inspiração industrial, «que motivou a designação de “recursos humanos”, assente em lógicas de trabalho intensivo, processos rígidos e lineares, num mundo em transformação relativamente lenta, com mudanças pontuais, predominância de competências técnicas e uma lógica de “empresa para a vida”», Sérgio Luciano faz notar que hoje as circunstância são diferentes, caracterizadas por uma «forte transformação tecnológica e digital, com fluxos muito mais rápidos e variáveis, com dimensões aparentemente paradoxais» que constituem enormes desafios para a liderança e para a gestão.

Nesta conjuntura, as pessoas são a «estrutura fundamental de aprendizagem e adaptação ágil das empresas»; não são mais um recurso, são a «rede neuronal e a inteligência das organizações. Da “empresa para a vida” passámos para o “projecto com significado”, elemento essencial para a identidade das pessoas com a empresa», acrescenta o responsável.

 

Sustentabilidade é o caminho
Atenta ao meio ambiente e à comunidade que a rodeia, e consciente do enorme desafio e da evidente necessidade de mobilização da sociedade em geral, para além dos governos, e com particular ênfase para o papel das empresas na prossecução da Agenda 2030 das Nações Unidas, na última década, a Quilaban tem pautado a sua actuação pela adopção de medidas no âmbito da sustentabilidade. A subscrição, em 2021, do United Nations Global Compact surgiu assim de forma natural, e resulta em simultâneo «como a expressão clara do compromisso com a sustentabilidade e o desejo de integrar uma rede que ajudará a potenciar a dinâmica da empresa de promoção da sustentabilidade».

Para tal, a Quilaban tem em curso programas específicos ao nível de três Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030: ODS 5 (Igualdade de género); ODS 8 (Trabalho digno e crescimento económico) e ODS 13 (Acção climática).

No âmbito da igualdade de género, têm «assegurado o equilíbrio ao nível da liderança das organizações do grupo e das práticas remuneratórias», o que leva a empresa a ter hoje um equilíbrio próximo dos 50/50 ao nível dos cargos de liderança e práticas remuneratórias equivalentes entre homens e mulheres.

No que diz respeito ao trabalho digno e crescimento económico, para além da actuação criteriosa nas práticas de negócio e no perfil dos parceiros com quem trabalham, têm em curso programas de apoio ao desenvolvimento dos colaboradores nos países de África onde estão presentes, designadamente através de políticas remuneratórias acima das práticas do mercado, de programas internos de educação para a saúde, de apoios à educação, e de garantia de condições essenciais de bem-estar nas empresas, complementando as suas condições pessoais.

No âmbito da acção climática, a acrescer aos programas de educação para o respeito ambiental e de práticas de reciclagem e promoção de modelos de economia circular na organização, a Quilaban está envolvida na transformação das fontes de energia, investindo em fontes de energia alternativa para responder às suas necessidades e em viaturas híbridas.

O programa “LINK – Ligados à natureza, às pessoas e à comunidade” promove anualmente diversas acções com impacto ao nível do ambiente, do bem-estar dos colaboradores e de envolvimento com as comunidades em que a empresa está integrada. impulsionado por um grupo de trabalhadores e com procedimentos de comunicação regular sobre a temática, o projecto mobiliza toda a organização. «As pessoas compreendem a importância desta dinâmica, envolvem-se, mobilizam-se e valorizam o facto de a empresa se mostrar comprometida com a sustentabilidade», acredita Sérgio Luciano.

A experiência “Quilaban On the Move”, levada a cabo recentemente, permitiu combinar a promoção da saúde e bem-estar com a preocupação ambiental. «Durante 30 dias, desafiámos as nossas pessoas a andar, correr, nadar ou andar de bicicleta, convertendo depois os km em árvores. 130 pessoas percorreram mais de 10 000 km e plantámos 400 árvores», revela ainda.

«Este é o caminho certo a seguir.» Uma empresa comprometida com a sustentabilidade é, por inerência, uma empresa comprometida com as pessoas, o que, para Sérgio Luciano, constitui «um importante valor ao nível da atracção e retenção de talento». O propósito de cuidar da saúde e bem-estar das suas pessoas, uma cultura empreendedora, de rigor e de transparência, e uma ambição de desenvolvimento que permite apresentar novos desafios aos colaboradores, promovendo o desenvolvimento conjunto, são os factores mais valorizados pelas equipas da Quilaban.

 

Soft skills cada vez mais “hard”
O CEO salienta também que «é impossível gerir e liderar as pessoas sem que se lhes apresente um caminho credível e sustentável para o futuro. Actualmente, as pessoas vivem um enorme desafio ao nível da compreensão das dinâmicas do mundo em que se inserem. A tensão emocional decorrente da incerteza, da velocidade da mudança, da volatilidade da realidade, da mudança de paradigmas, do desafio de combinar opções aparentemente paradoxais e da necessidade, para além de aprender, de desaprender, gera um enorme desgaste nas pessoas», identifica. «É essencial que as empresas se mobilizem para criar condições de desenvolvimento de competências comportamentais, de domínio emocional, e de relação empática que sejam facilitadoras da convivência com esta realidade – aliás, estas competências antes designadas de “soft” são, nesta realidade, cada vez mais “hard”.»

Nesse sentido, a Quilaban assume como prioridades criar processos de formação e treino experiencial nestas competências – que, «não sendo novas, são hoje ainda mais importantes» –, e reformular os modelos de trabalho e de colaboração, substituindo estruturas hierárquicas por estruturas colaborativas e multifuncionais.

Também não descura o bem-estar. Distinguida no Índice da Excelência e no ranking Happiness Works, a Quilaban promove várias iniciativas para envolver as suas pessoas, como a celebração de conquistas, o encontro anual com a partilha de experiências, a celebração de sucessos e a projecção do caminho e dos objectivos para o ano seguinte.

Sérgio Luciano destaca ainda outras iniciativas, como “às 9h00 com o CEO” onde as pessoas, num pequeno-almoço, podem colocar todas as questões que entenderem ao seu líder, «sem filtro e sem preparação prévia, partilhando depois a conversa com os seus colegas», ou do “Mood Sensor”, onde avaliam semanalmente «o sentimento das pessoas».

Mais: «Os colaboradores beneficiam de práticas remuneratórias justas e equilibradas, com os salários mínimos a começar nos 900 euros», têm dispensa no dia de aniversário e nas vésperas das principais festividades, e são convidados a escolher a sua planta no local de trabalho, exemplifica o responsável. A empresa mantém igualmente a ligação com ex-colaboradores pela partilha de experiências no evento bienal “Linked People”, que «reforça a identidade e o orgulho do que construímos juntos».

 

Envolvimento e desenvolvimento – os desafios futuros
Procurando mitigar com a sua cultura os desafios na atracção de talento, as maiores necessidades da Quilaban passam por perfis de natureza técnica, nas áreas Tecnológica, Comercial, Marketing, Logística e Diagnóstico.

Para Sérgio Luciano, «os principais desafios na Gestão de Pessoas estão relacionados com a manutenção da dinâmica de envolvimento das pessoas com a organização e com o desenvolvimento de competências ao nível do desenvolvimento de negócio, da transformação digital e tecnológica, da inovação e da gestão da mudança, num ambiente altamente volátil e desafiante. Igualmente desafiante é o desenvolvimento das lideranças, para que combinem visão, resiliência, sensibilidade e agilidade com um elevado nível de inteligência emocional e competência técnica», completa.

De âmbito geral, o objectivo da marca passa por continuar a promover as melhores práticas, a satisfação dos parceiros de negócio e a introdução de inovação, em conjunto com a manutenção de programas orientados para a sustentabilidade, com a monitorização regular de indicadores de performance que ilustrem a progressão nessas áreas.

 

Este artigo foi publicado na edição de Setembro (n.º 141) da Human Resources.

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