Conceição Zagalo, GRACE: «Portugal precisa de se afirmar perante o mundo e também bastar-se a si próprio»

Conceição Zagalo, presidente do Conselho Consultivo do GRACE – Empresas Responsáveis, destaca que «Portugal precisa de trabalhar. Precisa de produzir. Precisa de serenar. Precisa de crescer. Precisa de se afirmar perante o mundo e também bastar-se a si próprio. Só assim poderá levantar cabeça e gerar riqueza capaz de permitir aumentar salários.»

 

«Em tempo de grandes incertezas, qualquer opinião tende a enfermar de enviesamentos provocados por circunstâncias políticas, sociais, ambientais, e até de catástrofes que nos surpreendem a cada dia. Se há dois anos nos dissessem que estaríamos hoje a enfrentar grandes dúvidas quanto ao modelo de trabalho, creio que não imaginaríamos ser possível tanta complexidade e, sobretudo, multiplicidade de opiniões. Modelos de trabalho não presencial não era questão, a não ser em casos extremos e por razões menos agradáveis. De repente, ainda a digerirmos os efeitos da globalização e suas consequências no mercado laboral, levamos com uma pandemia que nos faz encarar como normal o que até então poderia parecer esquema absentista.

Mal refeitos da confusão gerada pelo inesperado, e em debates incessantes sobre saúde física e mental, conciliação trabalho/ família, e outros quejandos, apanhamos pela frente com o “tesourinho” da semana de quatro dias. Acontece isto quando é mais ou menos assumido que grassa em Portugal uma crise de talento e com ela uma não inferior crise de liderança.

Não quero parecer velho do Restelo nem desmancha-prazeres. Mas, vamos lá, há que trabalhar. É verdade que também há que descansar e ter vida própria. Mas as coisas não caem do céu aos trambolhões. Porquê quatro dias de trabalho, se o mundo gira ao longo dos sete da semana? Escolas, hospitais e demais serviços de saúde, supermercados, serviços públicos, turismo… quatro dias?

O País precisa de trabalhar. Precisa de produzir. Precisa de serenar. Precisa de crescer. Precisa de se afirmar perante o mundo e também bastar-se a si próprio. Só assim poderemos levantar cabeça e gerar riqueza capaz de nos permitir aumentar salários, viver com padrões mais nivelados com os melhores do mundo e, de uma vez por todas, termos uma classe média e trabalhadora que nos permita fazer engrossar a economia.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Fevereiro (nº.146) da Human Resources, no âmbito da XLV edição do seu Barómetro.

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