Consulting House: Competências para o futuro da vida

O termo soft skills surgiu nos anos 60 pelo Exército Americano, referindo-se a qualquer competência que não envolvesse o uso de máquinas.

 

Por: Ricardo J. Vargas, CEO da Consulting House e autor de liderança internacionalmente publicado

 

Nunca fui fã da divisão soft vs hard skills, sempre me pareceu uma desculpa para preguiça mental. Quando comunico online, estou a usar soft ou hard skills? Quando resolvo problemas, o sucesso depende do conhecimento técnico ou da criatividade?

 

O futuro já não é o que era
Uma coisa sabemos: por mais soft que sejam as competências, algumas delas são mesmo melhores promotores do desempenho. Durante cinco anos, o survey do LinkedIn “The Skills Companies Need Most” classificou as soft skills no topo. A colaboração, a comunicação, a persuasão, a liderança, a criatividade e a adaptabilidade prevalecem.

Estudos mostram que a formação em soft skills aumenta a produtividade e a retenção em 12% e devolve um retorno de investimento de 256%, e que as soft skills de um líder conseguem aumentar a performance da sua equipa em 30%.

A Revolução Híbrida, acelerada pelos confinamentos que enfrentámos, tornou as soft skills em requisitos de sobrevivência. Vimos um declínio de 3,5% na felicidade global dos colaboradores entre Outubro de 2020 e Outubro de 2021. Dois terços dos colaboradores dos Estados Unidos, disseram em questionário que a pandemia de COVID-19 os fez reflectir sobre o propósito de vida – quão soft é isto?

A saúde mental tornou-se um problema: 48% dos colaboradores reportaram stress alto a extremo no ano passado e, embora 96% dos CEO acreditem que estão a fazer o suficiente pela saúde mental dos seus colaboradores, apenas 69% dos colaboradores sentem o mesmo. Não conseguimos ultrapassar estes desafios apenas com hard skills.

A McKinsey publicou um estudo com 18 mil pessoas, em 15 países, que definiu 56 competências fundamentais para as pessoas prosperarem no trabalho, organizadas em quatro dimensões: cognitiva, interpessoal, auto-liderança e digital. A maioria das competências são soft e depois temos o digital.

 

Bem-vindo à empresa centrada nas pessoas
Na Consulting House, recebemos este estudo com agrado. Defendemos desde sempre que as soft skills são as principais impulsionadoras do desempenho. Em 2016, postulámos que as soft skills são a base das empresas porque nós somos as nossas soft skills e sabemos as nossas hard skills. A identidade é perene e é a base da sustentabilidade da empresa.

Além disso, o conjunto de competências proposto pela McKinsey em 2021 espelha o modelo que desenvolvemos em 2010. Trabalhamos nas melhores formas de desenvolver 45 das 56 competências agora propostas pela McKinsey. O nosso modelo Competency Loop agrupa-as em quatro dimensões, considerando um loop de desenvolvimento contínuo (ver figura) de competências intrapessoais, interpessoais, gestão de tarefas e liderança. Em cada uma destas áreas incluímos 45 das competências agora consideradas essenciais para o futuro do trabalho (e mais algumas).

 

Competências intrapessoais – Seja a liderança que quer ver na empresa
O desempenho é o resultado da aplicação de competências. Mas a decisão de quais competências desenvolver, quando as implementar, como superar barreiras e acreditar em resultados aparentemente impossíveis, pertence ao indivíduo. As empresas tradicionais têm um líder, as empresas preparadas para o futuro têm apenas líderes.

A ABC News previu que com estruturas mais planas os trabalhadores terão que se autogerir, adoptando uma mentalidade empreendedora. Esta realidade chegou mais rápido com o downsizing das empresas durante a pandemia.

Em 2013, criámos o único programa validado cientificamente que desenvolve a Auto-Liderança em contexto empresarial – o Self-Leadership Accelerator®. Este programa é um dos pilares da nossa dimensão de competências intrapessoais – uma base de talento ágil, eficaz e eficiente. A sua empresa precisa disto para prosperar em tempos de crise.

A Auto-Liderança é o processo pelo qual uma pessoa influencia e regula o seu próprio comportamento, pensamentos e motivação para alcançar objectivos relevantes para si. Resumidamente, esta competência mensurável e treinável aumenta os resultados do negócio, a adaptabilidade, a satisfação no trabalho, o flow, a produtividade e até a felicidade das pessoas que a possuem, de acordo com investigação publicada e em publicação.

Combinado com outros programas, desenvolvemos competências intrapessoais como: compreensão das próprias emoções e gatilhos, auto-controlo e regulação, entendimento dos próprios pontos fortes, integridade, auto-motivação e bem-estar, auto-confiança, coragem e tomada de risco, condução de mudanças e inovação, energia, paixão e optimismo, quebra de ortodoxias, responsabilidade e determinação, orientação para o alcance de objectivos, coragem e persistência, lidar com a incerteza e auto-desenvolvimento.

 

Competências de gestão de tarefas – Como fazer o que faz a diferença
Por três anos consecutivos, a criatividade tem sido uma das cinco principais soft skills que as empresas mais precisam, de acordo com o LinkedIn. Na Consulting House, consideramos a criatividade como uma competência de gestão de tarefas.

Para estimular a criatividade e inovação desenvolvemos o programa “Leading Innovation and Creativity” que apoia os nossos clientes no desenvolvimento de novos produtos através da melhoria do pensamento criativo e inovador aplicado aos seus desafios. Os resultados desta intervenção para um cliente, foram surpreendentes, impulsionando vários projectos e produtos em curso, e geração de ideias para novos projectos.

As competências de gestão de tarefas visam a eficácia e eficiência do quê e como fazer as nossas funções. Os vários programas que temos nesta área promovem o desenvolvimento de competências como: criatividade e imaginação, traduzir conhecimentos para diferentes contextos, adoptar uma perspectiva diferente, capacidade de aprendizagem, desenvolvimento de planos de trabalho, gestão e priorização do tempo, pensamento ágil, resolução estruturada de problemas, raciocínio lógico, procura de informações relevantes.

 

Competências Interpessoais – Caminhamos em frente juntos
As empresas são feitas de equipas e pelas equipas. As competências interpessoais são necessárias para desenvolver uma colaboração alinhada para alcançar resultados, por meio do convívio com colegas, chefias, clientes e fornecedores. Para fortalecer o desempenho interdepartamental de uma equipa de managers experientes, desenvolvemos um programa à medida para um cliente que incluiu competências interpessoais. Esta intervenção impactou não apenas os participantes, mas também aqueles com quem eles interagiam. Foi reportado: aumento da colaboração entre managers de diferentes departamentos, comunicação mais aberta e assertiva, maior satisfação, maior competência e auto-confiança na liderança, melhor fluxo de processos de trabalho e melhor comunicação intra e interdepartamental.

Algumas das competências que desenvolvemos nesta dimensão são: entender preconceitos, storytelling e public speaking, fazer as perguntas certas, sintetizar mensagens, ouvir activamente, empatia, inspirar confiança, humildade, sociabilidade, promover a inclusão, resolver conflitos, colaboração, influência e persuasão, compreender a diversidade cognitiva e a inclusão.

 

Competências de liderança – De volta a casa
A liderança pode ser uma tarefa complexa que requer a integração de várias competências. O nosso trabalho é torná-la simples e rápida de executar, garantindo resultados. O nosso programa “Strategic Leadership Development” é a base de várias academias de liderança implementadas nos nossos clientes. A implementação deste programa na equipa de vendas de um cliente promoveu um aumento de 82% nas vendas totais, com um aumento médio de 23% por vendedor. Registou-se também um aumento de outros KPIs: produtividade individual, actividade, recrutamento e retenção da rede de vendas, eficiência nas reuniões e comunicação entre os departamento de vendas e outros departamentos.

Os nossos programas de desenvolvimento de liderança incluem competências como: visão estratégica, consciência organizacional e pensamento sistémico, motivação e diversidade cognitiva, coaching, empowering, ser um exemplo, gestão de cultura, gestão de carreira, gestão da mudança, liderança executiva, desenvolvimento de equipas de liderança.

 

O modelo competency loop
As quatro dimensões do desenvolvimento de competências alimentam-se num ciclo virtuoso. Ser líder requer competências intrapessoais, interpessoais e de gestão de tarefas, além das específicas de liderança. Estas competências não são etiquetas de caixas, são um ciclo contínuo para atingir níveis elevados de desempenho à medida que crescemos nele. Mais importante, estas não são competências para o futuro do trabalho, são competências para o futuro da vida. Hard skills são competências para o trabalho. Soft skills são competências para a vida. Ricardo J. Vargas CEO da Consulting House e autor de liderança internacionalmente publicado Hard skills são competências para o trabalho. Soft skills são competências para a vida.

 

Bibliografia: todas as referências deste artigo podem ser consultadas em consulting-house. eu/competencias-para-o-futuro-da-vida

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Formação” publicado na edição de Junho (n.º 138) da Human Resources.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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