CH Consulting: Reinvenção no mercado e na gestão de pessoas

A CH Consulting comemora 25 anos de história. Ao longo deste tempo, tem vindo a reinventar-se e a consolidar a sua experiência na consultoria de Gestão de Pessoas.

 

Criada há mais de 25 anos, a CH Consulting deu os seus primeiros passos na área da contabilidade, mas rapidamente solidificou a sua posição no sector da consultoria. Numa jornada que já ultrapassa as duas décadas, a empresa conquistou notoriedade e procura reinventar-se tanto no serviço prestado, como na gestão de pessoas. Em entrevista à Human Resources Portugal, António Henriques, CEO da consultora, utiliza a palavra «reinvenção» para descrever os últimos 25 anos.

A realidade da CH de hoje é a que sonhou há 25 anos?

Não, de todo. Para ser honesto, já nem me lembro de qual era o sonho. Em 1998, quando iniciámos a actividade, começámos a prestar serviços de contabilidade, uma área que abandonámos em 2010, promovendo uma spin-off de duas colaboradoras. Os primeiros passos na consultadoria começaram em 2003, há 20 anos. De lá para cá, temos estado em permanente ebulição, sempre à procura de novos desafios. Hoje, temos uma ambição do tamanho mundo, com uma estratégia de crescimento internacional muito agressiva.

Se tivesse de eleger uma palavra marcante para descrever esta trajectória qual seria?

Reinvenção, sem dúvida. A capacidade de nos reinventarmos ao longo do tempo tem sido o elemento que mais contribuiu para chegarmos onde estamos, com uma empresa financeiramente sólida, uma marca reconhecida pelo mercado, excelentes profissionais e uma visão optimista sobre o futuro.

Considera-se o principal responsável pelo êxito alcançado?

Não, de forma alguma. A minha autoestima é forte, mas não vai tão longe. Nestes últimos 25 anos, passaram pela CH centenas de colaboradores com muitas qualidades, humanas e técnicas, que ajudaram a construir a nossa casa. Um dos meus maiores méritos tem sido saber rodear- me das melhores pessoas. A minha responsabilidade estará, porventura, no envolvimento pessoal em questões relacionadas com a cultura organizacional. Uma imagem de marca muito forte que o mercado reconhece e que nos diferencia quer na ambição quer na definição da estratégia corporativa.

A retenção das pessoas é um tema que o preocupa?

A gestão de pessoas é um tema que me é muito querido. Estou envolvido activamente em todos os dossiers de recrutamento para posições-chave no Grupo, tendo alguns processos de Recursos Humanos altamente personalizados, onde investimos muito. No negócio da consultoria, depois da confiança, as pessoas são o activo mais valioso. Porém, quando se somam 25 anos de trajectória, apendemos a perceber que a vida é feita de ciclos e que a mudança é um estado natural com o qual temos de viver todos os dias. Quando as pessoas seguem outros caminhos é porque acreditam que será melhor para o seu futuro e isso deixa-nos felizes.

O que é que mais aprecia na liderança de uma organização?

A autenticidade e sofisticação. Não falo no sentido tecnológico do termo, mas antes no nível de integração e coerência das coisas. Depois de 25 anos na actividade de consultoria de gestão, cada vez aprecio mais o que é genuíno, ainda que simples, em detrimento de posicionamentos muito elaborados, plásticos e sem identidade.

Como é que se consegue criar e preservar a cultura de uma organização?

Não há uma receita única, mas uma coisa é certa: exige muito trabalho. O José Manuel Seruya, o nosso consultor associado, tem uma metáfora – que acho imensa piada – onde faz a analogia com a religião e com a leitura do “Pai Nosso”. Não é suficiente conhecer-se o conteúdo, é preciso repetir-se a mensagem regularmente. O papel da comunicação interna é decisivo neste processo de aculturação colectiva. Claro que há uma regra sagrada, tem de existir coerência entre as políticas e a prática.

O que mais aprecia numa equipa?

Pessoalmente, aprecio muito a inteligência, o sentido crítico das pessoas e a boa-disposição. A diversidade de olhares enriquece muito a análise e a riqueza das reflexões.

A meritocracia integra o vosso plano de gestão de pessoas?

É uma disciplina muito presente na nossa cultura. Não só no plano do reconhecimento onde elegemos todos os anos os nossos “Monstros do Ano”, na nossa “Gala Monstruosa” – um evento que integra o jantar de Natal e onde juntamos todos os colaboradores –, como também ao nível da remuneração, com uma política de prémios anuais e por projecto. Ao nível da gestão de carreira, temos a expressão máxima que passa pela nomeação do partner da CH Consulting. Este ano nomeámos mais dois novos partners, o Carlos Adegas e a Maria Fernanda Carmo.

Quais as condições para se ser partner na CH?

Promovemos muito a cultura do exemplo, pelo que são, normalmente, os colaboradores com provas dadas na organização, alinhados com o ADN organizacional e muito comprometidos com o projecto e com o negócio. Têm de ser exemplos de inspiração para os demais.

A CH Consulting conquistou mais de 320 prémios nos últimos anos. Que importância dão a estes reconhecimentos?

Os prémios têm uma história. Em 2010, quando decidimos evoluir do segmento das PME para as grandes empresas, vimos nos prémios de excelência uma boa estratégia para a afirmação da qualidade e singularidade das nossas práticas de gestão e um veículo de promoção da marca. É um dos nossos cases, tendo conquistado distinções e prémios em 18 áreas de prática diferentes, o que é um motivo de grande orgulho. Três centenas depois, é natural, contudo, que seja um tema visto internamente já com uma certa normalidade.

Tendo sido eleitos várias vezes a melhor empresa para trabalhar em Portugal, qual é a importância que atribuem à felicidade?

Continuamos a dar muita importância ao bem-estar das pessoas, muito embora o happiness seja um conceito datado e já menos valorizado. Como estamos sempre muito à frente, é natural que tenhamos menos curiosidade quando os temas ficam mais maduros.

O que mudou com a COVID-19 na sociedade?

No essencial, o que mudou foram as pessoas. Todos nós, de uma forma geral. Há uma alteração profunda nas prioridades das pessoas e na sua relação de compromisso com as organizações e com o trabalho, num sentido lato. Este é um caminho sem retorno, sendo que as organizações vão ter de se ajustar.

Qual é a vossa prática no que diz respeito ao teletrabalho?

No essencial, acompanhamos as tendências de mercado, muito embora tenhamos políticas diferentes nas várias áreas de negócio, em função das especificidades e dos estilos de liderança.

Consideram o teletrabalho nocivo para as organizações?

As generalizações são, como sabemos, muito perigosas. Eu, pessoalmente, sou fã e altamente produtivo a trabalhar em casa. Em funções como programação, esta é hoje uma realidade incontornável, com ganhos visíveis de produtividade. Mas essa não é uma regra transversal. Por exemplo, na função pública é desastroso, tendo-se deteriorado brutalmente o serviço que é prestado aos cidadãos. O conselho que dei a um dos meus filhos, que recentemente se mudou para Lisboa, para estagiar numa multinacional foi: «Vai para a empresa, não fiques a traballhar em casa!» O mais difícil sempre é alcançar o equilíbrio. Numa perspectiva de crescimento, para as pessoas, não tenho dúvidas de que, a prazo, é prejudicial o conforto do lar.

Qual a vossa posição sobre a semana dos quatro dias?

Na nossa actividade, é uma prática muito fácil, porque há uma lógica muito forte de projecto. Noutros sectores a questão não é tão pacífica. Uma coisa é certa, a esmagadora maioria do tecido empresarial português não está preparado do ponto de vista de competitividade para suportar a medida do ponto de vista económico, se o espírito for trabalhar 80% do tempo e ganhar 100% do salário. Ainda que mal comparado, o caso da saúde em Portugal é paradigmático. Reduzimos o horário de trabalho semanal em nome das melhores condições de trabalho dos profissionais de saúde, mas depois deixamos de cumprir a missão principal, que é termos cuidados de saúde dignos para os cidadãos.

Qual a estratégia actual de internacionalização da CH Consulting?

Temos planos de crescimento para a área internacional, onde actualmente temos projectos em curso em 17 países e quatro continentes. A área de recursos humanos é uma das áreas onde temos conquistado mais contratos internacionais e onde perspectivamos continuar a crescer.

Ler Mais