COVID-19. Fui mandado para casa. E agora, o que acontece ao meu salário?

Se em princípio não haverá problemas em relação aos pagamentos de salários do Estado, dos Ministérios, do Fundos de serviços autónomos, das empresas públicas e das grandes empresas, o mesmo pode não se verificar com as pequenas e médias empresas, que são a grande maioria do tecido empresarial português.

 

No “Primeiro Jornal” da SIC, de hoje (20 de Março), jornalista o José Gomes Ferreira procurou esclarecer todas as dúvidas que naturalmente estão a surgir às pessoas sobre o que irá acontecer ao seu salário no final do mês, se estiverem em casa sem trabalhar.

O jornalista salientou que existem várias distinções que é preciso fazer. «As grandes empresas mesmo que tenham um grande impacto no seu negócio, em princípio têm estrutura financeira que aguente pagar os salários este mês e, muitas delas, nos meses seguintes», disse.

E esclareceu: Quem está em casa a cuidar dos filhos, recebe dois terços do salário, um terço pago pelo empregador e outro terço pela segurança social. No caso das empresas públicas têm esses dois terços assegurados pelo próprio estado, por uma via e por outra, como empregador e como segurança social.

De acordo com José Gomes Ferreira, as dúvidas começam nos sectores mais atingidos, e que foram considerados para aceder a linhas de crédito para os apoiar, como empresas de Restauração, Turismo, Alojamento e Transporte Turístico, depois Indústria Têxtil, Vestuário Calçado.

Estas empresas têm acesso a linhas de crédito de 3 mil milhões de euros, para pagar os compromissos imediatos, que são salários.

O jornalista leu ainda a opinião de uma fonte do sector financeiro que trabalha com pequenas e médias empresas (PME), sobre esta linha de crédito e sobre a situação de várias empresas:

«Pode, sim, estar em causa o pagamento de salários em algumas empresas. Há muitas que não têm tesouraria para duas semanas de custos, incluindo salários, muitas já não estão a pagar as prestações dos empréstimos e têm de ter moratória obrigatoriamente. Esta sexta-feira, saiu a derrogação da Comissão Europeia, que autorizou estas linhas de crédito. Teoricamente, o dinheiro podia já estar disponível, mas há burocracia, critérios que é preciso cumprir, e as empresas estão com dificuldade em perceber quais são esses critérios. A burocracia inerente as essas linhas de crédito pode provocar que muitas delas não consigam ter essa liquidez a tempo de pagar os salários,»

José Gomes Ferreira alertou ainda para o problema do conjunto de pequenas e médias empresas que não estão incluídas nestas linhas de crédito e que podem não ter dinheiro para pagar salários.

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