E se lhe pagassem para regressar ao escritório? Esta empresa está a fazê-lo

Muitos trabalhadores dizem que aceitariam um corte salarial se pudessem trabalhar a partir de casa. A Cameo, plataforma de vídeos de celebridades, está disposta a dar aos seus colaboradores um aumento — e outras vantagens — para os atrair de volta ao escritório, reporta a Fast Company.

 

Empresas como a Amazon e a JPMorgan adoptaram políticas rigorosas de regresso ao escritório a tempo inteiro, eliminando por completo a opção de trabalho híbrido. Com excepções limitadas, os trabalhadores que optarem por não cumprir estas novas regras dificilmente manterão os seus empregos, e muito menos receberão um aumento.

Uma empresa, no entanto, está disposta a desembolsar milhares de dólares para atrair os trabalhadores de volta ao escritório. De acordo com a CNBC, a plataforma de vídeos de celebridades Cameo prometeu a cada um dos seus colaboradores mais 10 mil dólares anuais (quase 10 mil euros) em troca de idas ao escritório da empresa em Chicago, quatro dias por semana.

«Queríamos mesmo transformar a sede numa vantagem e não num castigo», disse o CEO da Cameo, Steven Galanis, à CNBC. «Sabemos que estamos a pedir para abdicarem da flexibilidade e queríamos compensar os colaboradores por isso.»

Além do aumento de 10 mil dólares, os colaboradores que regressaram ao escritório esta semana receberão vantagens como almoço e estacionamento gratuitos, bem como acesso a um ginásio.

Embora se aplique actualmente apenas aos colaboradores residentes em Chicago, a empresa disse que ajudará a cobrir as despesas de deslocação e estenderá estes benefícios a pessoas sediadas noutros locais, caso estejam interessadas em mudar-se.

A equipa de liderança decidiu-se pelo valor de 10 mil dólares considerando a quantia que faria diferença para a maioria dos colaboradores, mas especialmente para aqueles que estão numa fase inicial da sua carreira. «Esta pode ser a diferença entre conseguirem um apartamento na cidade ou terem de apanhar o comboio porque vivem com os pais nos subúrbios», explicou Steven Galanis, acrescentando que ninguém se demitiu em resposta a esta mudança de política.

Muitos colaboradores das empresas têm resistido às medidas de regresso ao escritório em parte porque não querem abdicar da flexibilidade que o trabalho híbrido proporciona.

Outra razão é o custo financeiro do regresso ao escritório: de facto, vários estudos demonstraram que muitos profissionais estão dispostos a aceitar um corte salarial por um emprego que lhes permita trabalhar a partir de casa e manter alguma flexibilidade. Uma pesquisa conduzida pela Harvard Business School descobriu que 40% dos trabalhadores aceitariam um corte salarial de pelo menos 5% para manter um emprego remoto; cerca de 9% dos inquiridos disseram que aceitariam um corte de 20% ou mais. Verificou-se que as mulheres eram mais propensas a abdicar de uma percentagem mais elevada dos seus salários.

Como ir ao escritório implica custos para muitos colaboradores, principalmente despesas relacionadas com a deslocação, é possível que alguns vejam o tema de outra forma se receberem uma compensação adicional.

A Cameo não planeia monitorizar quem vai ou não. A sua abordagem pode servir de modelo para outras empresas que queiram trazer os colaboradores de volta ao escritório, sem levantar animosidades ou perder os melhores talentos.

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