Esmagadora maioria dos colaboradores estão satisfeitos o trabalho híbrido. Há um motivo que se destaca (e não é o worklife balance)

O estudo anual do Fórum de Ética da Católica Porto Business School revela que o nível médio de satisfação dos colaboradores com o actual modelo de trabalho é de 65%. No entanto, se analisarmos os níveis de satisfação médio por modelo de trabalho, verifica-se maior satisfação com o trabalho híbrido (81%) e menor nível de satisfação com o modelo de trabalho presencial (50%)

 

Dos subgrupos que são mais prováveis de estarem satisfeitos com o actual modelo de trabalho destacam-se os trabalhadores mais novos (idade 18-24) (75%) e os trabalhadores com idade entre 55-64 anos (70%) e 65+ anos (70%) em comparação com os trabalhadores com idade entre 25 e 39 anos (62%) e 40-54 anos (63%). E os trabalhadores homens (68%), comparado com mulheres (62%) e líderes em comparação com liderados (66% vs 64%).

Nesta amostra constata-se que a variação de satisfação com o actual modelo de trabalho é sempre favorável no caso do trabalho híbrido relativamente ao presencial, ainda que com variações significativas: por decisão da organização, a variação é de 33 p.p. (67 vs 26); por acordo entre ambos, a variação é apenas de 9 p.p. (86 vs 77); por preferência do trabalhador, a satisfação é quase idêntica (85 vs 81)

O estudo mostra também que o factor mais relevante para escolher trabalhar remotamente é a poupança de tempo em deslocações (60%), seguido da maior tranquilidade e concentração (47%) e do tempo para o próprio e família (45%).

Para o trabalho presencial destacam-se o gosto de trabalhar com colegas e em equipa (40%), a possibilidade de adquirir mais conhecimento (30%), seguindo-se o gosto de socializar (15%).

De salientar as variações de preferências, entre quem ocupa cargos de liderança e quem é liderado. No que diz respeito aos factores que estão na base da preferência por trabalhar remotamente, os líderes valorizam menos, em cerca de 10 p.p., a poupança de tempo em deslocações (53% vs 64%), a tranquilidade e capacidade de concentração (41% vs 50%) e o tempo pessoal e/ou familiar (37% vs 48%).

No que fiz respeito aos factores que estão na base da preferência por trabalhar presencialmente, quem ocupa cargos de liderança valoriza menos o gosto de trabalhar com colegas e em equipa (38% vs 45%), a aquisição de conhecimento (28% vs 34%) e a socialização (14% vs 18%).

As diferenças de preferências entre quem está a trabalhar em modo híbrido face aos que se encontram exclusivamente em modo presencial são significativas. A percepção da poupança de tempo em deslocações (77% vs 45%) e o aumento de tempo para a família (61% vs 30%) são os factores onde se encontram maiores variações.

Inversamente, a percepção sobre o gosto de trabalhar com colegas e em equipa (35% vs 48%) e a aquisição de conhecimento através da partilha informal entre colaboradores (23% vs 37%) é mais valorizada por quem está actualmente no modelo presencial.

O maior impacto positivo do actual modelo de trabalho na saúde e bem-estar dos 1226 respondentes ocorreu nas dimensões mental (37%) e física (34%), seguindo-se de perto a dimensão financeira (29%), e com menor intensidade a dimensão social (20%). Por outro lado, a dimensão social foi a condição mais reportada pelo seu impacto negativo, com 22% dos respondentes, seguida pela condição financeira, com 20%.

De salientar que, nas dimensões financeira, mental e física, a percepção de melhorias foi muito mais significativa (com variações de cerca de 50 p.p.) nos trabalhadores que afirmam estar actualmente no modelo de trabalho híbrido.

De facto, 72% dos que consideram ter tido melhorias a nível financeiro estão em trabalho híbrido e apenas 18% em presencial; 70% dos que consideram melhorias na dimensão mental estão em trabalho híbrido comparando com 20% em presencial; 70% que consideram melhorias físicas estão igualmente em modelo híbrido e apenas 21% em presencial. Na dimensão social as variações na percepção de melhorias entre modelos, 54% vs 38%, não são tão significativas (16 p.p.).

O presente inquérito foi desenvolvido pelo Fórum de Ética da Católica Porto Business School e foi respondido exclusivamente via web, durante o mês de Outubro, tendo sido recolhidas 1226 respostas.

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