Espaços de trabalho partilhados: tendência do passado ou o futuro?

Cientes de que este é um importante mecanismo de atracção e retenção dos talentos, as organizações estão a apostar na modernização dos espaços de trabalho, tornando-os mais flexíveis e dinâmicos. 

Por José Rodrigues, director Geral do  Lisbon Art Center & Studios

 

Esta premissa levou a que as organizações apostassem em meios e pessoas especializadas em redesenhar os seus próprios espaços, criando zonas comuns de lazer e entretenimento, onde o networking e espírito de comunidade sejam factores-chave para que o sucesso destes profissionais seja igualmente o sucesso das suas organizações, sendo então trabalhada a retenção destes colaboradores.

Atracção, retenção e espaços de trabalho estão, cada vez mais, ligados entre si, fazendo com que os departamentos de Recursos Humanos sejam cada vez mais conhecidos por People Operations. Este movimento de repensar os espaços foi já iniciado há alguns anos, havendo vários casos de sucesso como a Google, a IDEO, a Farfetch e muitas outras, onde o escritório é também a extensão do carácter inovador das marcas.

Todavia, e apesar de todos estes esforços em criar um espaço de trabalho diferente, começou a surgir a necessidade da partilha de informação e de um networking mais alargado. Se a partilha de informação começou a ser resolvida com o crowdsourcing – e aqui temos vários exemplos de grande sucesso, como a Wikipedia, o Waze, entre muitos outros – e grandes empresas colocam “na crowd” importantes desafios para serem resolvidos por qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, e se o networking profissional também foi sendo resolvido com redes sociais como o Linkedin, as empresas, nas suas mais variadas dimensões, começaram a sentir falta de uma ligação mais genuína e frutífera entre a comunidade.

Estes foram os ímpetos que conduziram ao desenvolvimento dos já conhecidos espaços de trabalho partilhados (que Bernie De Koven denominou de coworking em 1999); espaços onde várias pessoas, empresas ou indivíduos, pudessem trabalhar enquanto alimentavam sinergias colaborativas entre elas. Casos de sucesso que tiveram início com espaços como aquele que Brad Neuberg criou, em São Francisco, em 2005, e que chamou de “Hat Factory”. Arrojado e inovador na altura, não era mais do que um apartamento com três profissionais da tecnologia, e que abria as suas portas para quem quer que precisasse de um lugar para trabalhar e partilhar experiências. E estava aberta a porta para o futuro. Hoje, estima-se, são mais de seis mil espaços desta natureza por todo o mundo.

As empresas, nas suas diferentes dimensões, desde unipessoais até multinacionais, ou até mesmo freelancers, nos dias de hoje adoptam estes espaços para os seus escritórios precisamente pela rede que podem criar, pelo benefício de ter uma comunidade perto de si onde podem ir beber informação e diferentes experiências e, claro, por toda a oferta de serviços que estes espaços nos dias de hoje oferecem. Naturalmente que o factor económico é igualmente importante, e se nos dias de hoje espaço significa dinheiro, desta forma, as empresas podem poupar significativamente ao contratar apenas os postos de trabalho que necessitam para as suas actividades, sendo que salas de reunião, casas de banho, salas de eventos, copas, entre outros, estão no então espaço partilhado.

Lisboa, que conta com uma impressionante luz natural, dias sol quase todo o ano e, obviamente, pessoas e ideias em circulação, está, nos dias de hoje, no top europeu para este tipo de espaços. As empresas estrangeiras encontram em Lisboa, e em Portugal, valores muito competitivos para a contratação de um conjunto alargado de profissionais de elevada competência, formados por instituições de reconhecimento internacional, e ainda profissionais que, após desafios internacionais, estão de regresso a Portugal. Tudo isto somado à nossa localização geográfica central entre a Europa e as Américas, com uma forte ligação histórica e emocional com o Oriente, e outros mercados desenvolvidos e emergentes, tornando-nos um lugar estratégico para a criação de bases neste país.

É natural que esta oferta tão diversificada de empresas locais ou internacionais despolete uma guerra para atrair os melhores talentos do mercado local. E é mais que evidente que não será apenas a compensação oferecida que irá ser o gatilho da decisão, mas também toda a envolvência de espaço e de ambiente de trabalho para onde irá. E é aqui que estes espaços também entram e que as organizações os possam utilizar como ferramenta de atracção.

Assim, e com toda a troca de experiências e desafios entre as pessoas e organizações nestes espaços, estou confiante que vamos assistir a uma cada vez maior geração de negócio e riqueza, estimulando uma competitividade saudável, que requer sinergias que permitam um crescimento mais rápido e sustentável do negócio de todos.

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