
Este índice mede a qualidade das elites (a nível mundial). Saiba como surgem classificadas as elites portuguesas
A Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) e a Universidade de Saint Gallen (Suíça), em colaboração com uma rede internacional de parceiros e instituições académicas, desenvolveram o primeiro índice mundial para medir a qualidade das elites, nomeadamente a forma como as acções e as diferentes abordagens na geração de riqueza das elites favorecem ou dificultam o progresso do seu país.
Trata-se de um índice de economia política baseado em quatro indicadores principais – poder económico, valor económico, poder político e valor político – que permite aferir a qualidade das elites de um determinado país e ajuda a prever como as empresas, sociedades e países irão alcançar o sucesso em termos de crescimento económico e de desenvolvimento humano.
O primeiro estudo sobre a qualidade das elites abrange 32 países a nível mundial. Singapura ocupa o primeiro lugar no ranking de 2020 do índice, sendo as elites empresariais desta cidade-Estado, as maiores criadoras de valor do planeta. Nos posicionamentos cimeiros encontram-se ainda a Suíça (segundo), a Alemanha (terceiro), o Reino Unido (quarto) e os Estados Unidos (quinto).
As elites portuguesas estão classificadas a meio da tabela (14.º) no conjunto dos países analisados, apresentando melhor posicionamento que outros países do Sul da Europa como a Itália (17.ª) ou Espanha (18.ª) e até mesmo que a França (15.ª).
«Esta realidade poderá ser o catalisador de uma nova fase de convergência real com os restantes países Europeus, já iniciada antes da actual crise pandémica, mas que com esta sofreu um forte revés. Esta classificação esconde, contudo, grandes disparidades ao nível das quatro áreas do índice, revelando melhor desempenho ao nível da capacidade de criação de valor por parte das elites económicas (10º) e muito pior pelas elites políticas (25ª)», destaca Cláudia Ribeiro, que juntamente com o Óscar Afonso (ambos investigadores do CEF.UP), é responsável pelo estudo a nível nacional.
«Avaliar os modelos de negócio das elites de um país em termos de criação de valor – em oposição à extracção de valor da sociedade em geral – é um factor crucial para compreender e prever o conjunto alargado das oportunidades de negócio de um país, o seu perfil de risco e o seu potencial de crescimento futuro», salienta o Professor da Universidade de St.Gallen, Tomas Casas.
Simultaneamente, Guido Cozzi, também professor da Universidade de St.Gallen, considera que o Índice da Qualidade das Elites é um recurso extremamente valioso, agora à disposição dos nossos líderes, para os ajudar a compreender como as suas acções podem contribuir para diferentes níveis de desenvolvimento.