Estudo revela as tendências que vão afectar a actividade das empresas nearshore

O teletrabalho e a robotização são duas das principais tendências que mais vão afectar a actividade das empresas nearshore, um sector que emprega mais de 55 mil trabalhadores em Portugal, de acordo com a segunda edição do estudo Nearshore em Portugal: Tendências na Gestão de Talento, um projecto conjunto da Aon, APDC e Experis.

O sector de Nearshore em Portugal tem registado um desenvolvimento significativo nos últimos anos. De acordo com o estudo realizado pela AICEP, entre 2015 e 2019 o sector de Business Services em Portugal traduziu um crescimento de 43%.

De acordo com o estudo Nearshore em Portugal, 29% das empresas considera que o teletrabalho e as reuniões virtuais são a principal tendência que irá afectar o seu funcionamento, seguindo-se a robotização (22%), a inteligência artificial (17%) e a aproximação das cadeias de abastecimento (17%).

Em termos de força de trabalho, analisando o perfil de competências mais requeridas das empresas inquiridas no estudo, ao nível das soft skills, destacam-se o espírito de equipa (67%) e adaptabilidade (64%), com maior representatividade. No que refere às hard skills, ganham evidência os domínios de outros idiomas (33%), competências de customer service (25%) e de project management (25%).

O espírito crítico (50%) e criatividade (31%) são das soft skills mais difíceis de recrutar e, ao mesmo tempo, apresentam uma predominância menor (respetivamente, 28% e 25%).

Já as competências de data analytics (42%), cloud computing (36%) e cibersegurança (36%) são das hard skills mais difíceis de recrutar, sendo hoje relativamente menos representadas (respetivamente, 19%, 17% e 6%).

Quanto à situação atual de pandemia, metade das empresas declararam não ter procedido a quaisquer alterações nos processos de recrutamento (50%), mas para 33% dos entrevistados o recrutamento foi seletivo e prudente (condicionado a posições chave ou substituições) e, para 11%, houve uma aceleração das contratações (originada pelo aumento na procura dos serviços).

No entanto, quanto à forma de trabalhar o cenário muda. Aqui a grande maioria das empresas foi obrigada a repensar os seus modelos de trabalho, sendo que 63% das empresas participantes passaram para um modelo de teletrabalho total e 34% optaram por um modelo híbrido, com teletrabalho parcial.

E face à imprevisibilidade, 26% das empresas tenciona manter o modelo de trabalho adotado e 54% tenciona evoluir para um modelo de trabalho híbrido (teletrabalho parcial).

Sobre as políticas de bem-estar adoptadas para colaboradores, e em resposta à COVID-19, 66% das empresas implementou um horário de trabalho flexível para colaboradores com filhos pequenos e 46% das empresas melhorou e promoveu ainda mais os programas existentes de assistência ao colaborador (EAP – Employee Assistance Program). Cerca de 20% atribuíram subsídios adicionais para pagamento de equipamentos adaptados ao trabalho remoto.

Relativamente às tendências de compensação e benefícios, a maioria das empresas (71%) não prevê alterações ao nível da compensação em consequência do impacto da pandemia de COVID-19 no mundo do trabalho.

Ainda assim, 17% das empresas tencionam ajustar os seus planos de incentivos e 3% preveem aumentar o salário base, bem como introduzir benefícios ao nível do bem-estar. 50% das empresas quer implementar de programas de saúde mental, 60% irá apresentar beneficios flexíveis aos seus colaboradores, 33% irá adquirir mobiliário de escritório para os seus colaboradores que fiquem em casa, 30% irá avançar com programas de apoio à saúde física e 27% irá investir em tecnologia adicional.

Na perspetiva das empresas participantes neste estudo, Portugal continuará a ser um destino atrativo para outras nacionalidades. A qualidade de vida, como clima, segurança, infraestruturas, sistemas de saúde pública (89%), as oportunidades de desenvolvimento de carreira (33%) e a tipologia de funções a recrutar (31%) estão entre os pontos fortes do país.

No entanto, as principais dificuldades em atrair talento de outras nacionalidades, destaque para os packs salariais/benefícios (58%) e a diminuição da mobilidade geográfica, em consequência da pandemia (31%).

As empresas de Nearshore localizam-se predominantemente nos grandes centros urbanos – Lisboa e Porto- Contudo, cidades como Braga, Aveiro, Covilhã, Leiria e Évora também já se encontram entre os destinos escolhidos.

Este estudo envolveu 41 empresas, o que se traduziu num universo de cerca de 55.000 colaboradores.

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