Estudo revela o impacto da pandemia no sector energético

Mais de um terço (38%) das empresas do sector energético sofreu uma interrupção em Abril, devido à COVID-19. Por outro lado, 28% confirmou ter experienciado paralisações, desde Janeiro. Os dados são de um survey da Marsh JLT Specialty,  que avaliou o impacto da COVID-19 no Sector Energético.

 

Já cerca de um terço (31%) das empresas de energia (petróleo, gás, petroquímica e derivados) e eléctricas não experienciaram qualquer interrupção da actividade, desde que o surto de COVID-19 surgiu.

As grandes empresas (medidas pela dimensão de produção) não sofreram grandes interrupções, enquanto que as pequenas e médias empresas foram as que sofreram um maior impacto.

Inquiridas sobre qual a duração desta interrupção considerando como início Abril, a resposta mais comum é a de que demore entre quatro a seis meses (22%), seguida de 19% que afirma que vai durar entre sete a nove meses e 13% acredita que será de 10 a 12 meses. Apenas 3% referiu que vai durar três meses ou menos.

O survey mostra também que 13% dos inquiridos referiu que, desde o início do ano até à data, o impacto financeiro tinha excedido os 100 milhões de dólares e 10% afirmou esperar que o impacto financeiro global do ano de 2020 seja de mais de 500 milhões de dólares.

Uma pequena percentagem (3%) das empresas reportou incidentes de segurança que podem ser atribuídos à pandemia não sendo nenhum desses incidentes considerado como grave.

Outra das conclusões que o relatório apresenta é a de que dois terços das empresas, destes sectores de energia, não esperavam que os serviços de manutenção e outros serviços de avaliação como de integridade mecânica dos activos, condicionados pelo COVID-19, fossem um factor de risco crítico, que levasse à interrupção do negócio.

Quase metade das empresas inquiridas (41%) foram impactadas pela procura do cliente. No entanto, as empresas mencionam que a capacidade dos seus principais fornecedores, para a entrega e as limitações logísticas têm maior probabilidade de os vir a impactar no futuro, embora a maior parte ainda não tenha sido afectada pelos fornecedores.

Apesar do impacto do armazenamento de matérias-primas ou produtos ainda não ter atingido o seu ponto máximo, foi apontado como uma das causas da interrupção com probabilidade de se tornar mais grave.

A maior parte dos operadores não esperava que questões técnicas e operacionais se tornassem causas de interrupção do negócio, o que evidencia grande capacidade de reacção do sector, com os mesmos a encontrar planos alternativos de engenharia e de equipamentos.

O survey mostra também que a redução temporária de custos é uma das medidas que está a ser contemplada por empresas de energia, de modo a mitigar, a curto prazo, restrições de cash-flow.

Reduções e adiamentos nos investimentos são medidas de gestão de custos planeadas e em curso, apontadas por mais de metade dos inquiridos. O adiamento de serviços de manutenção, não essenciais, é a segunda opção apontada como estratégia de redução de custos, com mais de metade das empresas a referir que, muito provavelmente, irão reduzir estes serviços no ano de 2020. A manutenção essencial está assegurada, sendo que, mais de 60% das empresas refere que este nem sequer foi um tema considerado.

Algumas organizações estão a reduzir o número de colaboradores efectivos, em funções não essenciais fora do processo de operações, embora grande parte não esteja a considerar tomar esta atitude.

Na grande maioria dos casos (mais de 85%), as empresas não estão à procura de oportunidades para voltar a optimizar os seus negócios, estando, por outro lado, focadas em garantir defensivamente a continuidade das operações seguras.

Quase todas as empresas têm a equipa separada e mudaram os modelos de trabalho (incluindo o trabalho remoto). O número de horas extraordinárias do pessoal operacional aumentou. Cerca de metade das empresas inquiridas estão, pelo menos, a rever os planos corporativos e organizacionais, com o intuito de reduzir o número mínimo necessário de colaboradores nas áreas operacionais. Algumas já estão em processo de implementação.

A Marsh JLT Specialty realizou este survey, durante o mês de Abril, junto de mais de 4500 empresas do sector energético e eléctrico a nível mundial. O objectivo deste estudo foi o de compreender como a indústria respondeu e conseguiu mitigar o impacto da redução repentina da procura mundial de energia e da queda do preço do petróleo. Dos inquiridos fazem parte pequenas e grandes empresas, incluindo empresas do sector energético, como produtores de energia eléctrica, distribuidoras e mesmo petrolíferas, petroquímicas e derivados.

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