Europa deverá perder 15% da sua força de trabalho até 2050 e Portugal terá um dos piores cenários

A Europa deverá perder 15% da sua força de trabalho até 2050 e Portugal cerca de 28% até 2070. As empresas já estão despertas para o problema de falta de mão-de-obra que já se sente e se vai agravar nas próximas décadas e preparam programas para sensibilizar e combater o idadismo, o preconceito com base na idade, mantendo os seus recursos humanos activos por mais anos, revela o Dinheiro Vivo.

 

Estima-se que, em 2050, a população mundial com mais de 60 anos ultrapasse os dois mil milhões de pessoas, cerca de 20% da população estimada para essa data, e que, na Europa, um terço tenha mais de 65 anos. O velho continente, o mais envelhecido de todos, deverá perder, em pouco mais de 25 anos, cerca 15% da sua força de trabalho.

Portugal terá um dos piores cenários, segundo o Eurostat, que projecta que, em 2070, tenha perdido cerca de 28% da sua população activa, ou seja, terá menos um milhão de portugueses no mercado de trabalho.

A publicação revela que Portugal é o quarto país mais envelhecido da Europa e tem por isso muitos desafios pela frente, não só a estimular a silver economy, como a proporcionar um envelhecimento activo na sua força de trabalho.

Empresas como a Ageless Portugal, fundada em 2021 por Mónica Póvoas, dedicam-se a promover e apoiar a mudança de comportamentos no que diz respeito à valorização da sabedoria e experiências dos maiores de 55 anos, promovendo a sua contratação e a sua inclusão, combatendo o etarismo, ou idadismo (preconceito ou discriminação com base na idade).

Apesar de não haver estudos que mostrem que a contratação de maiores de 50 anos está em fluxo ascendente, os dados estatísticos dão-nos alguns sinais positivos, segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2011 a taxa de emprego da faixa etária entre os 55 e os 64 anos era de 40% e na faixa acima dos 65 era de apenas 5,9%. Actualmente, no terceiro trimestre deste ano, a taxa de emprego dos 55 aos 64 anos situa-se nos 66,5% e acima dos 65 está nos 9,3%.

«Podemos realmente verificar que o número da população activa dentro desta faixa etária tem aumentado exponencialmente, mas pode ficar a dever-se a inúmeras variávei», afirma Mónica Póvoas. Um estudo da Ageless Portugal, realizado em 2021, mostra que 66% destas pessoas trabalha apenas porque ainda não se encontra na idade legal para a reforma, 54,6%, não quer sofrer cortes na pensão e apenas 7,5% para se manter ocupado e produtivo.

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