
Existe um enorme desajuste de competências nos países europeus. A solução passa por aqui
A Spring Professional analisou o mercado actual e revela que a Quarta Revolução Industrial e a proliferação de novas tecnologias disruptivas ameaçam o emprego. Em muitos países, a COVID-19 criou uma crise conduzindo ao aumento das taxas de desemprego e exacerbando ainda mais a escassez de mão-de-obra qualificada. As diferenças geracionais estão a mudar as percepções em relação às empresas e à relação colaborador-empregador.
Embora muitos artigos e estudos analisem as tendências e mudanças que estão a ter impacto nas empresas, diz a Spring que a maioria ignora a componente essencial que determinará em grande medida o destino de qualquer organização ao longo deste e dos anos futuros, as pessoas.
O mundo do trabalho, em constante evolução, está a mudar as expectativas, deixando as empresas e os trabalhadores desactualizados. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) relatou que cerca de 80 milhões de adultos nos países europeus têm profundos desajustes de competências. Este desalinhar entre as competências disponíveis e as competências exigidas está a custar milhares de milhões às empresas.
De acordo com o Inquérito Anual Global de CEOs da PwC, ainda alusivo a 2019, 79% dos CEOs estão preocupados com a disponibilidade de competências, em comparação com os 63% de há cinco anos. Já o relatório “Towards a Reskilling Revolution”, publicado pelo Fórum Económico Mundial em colaboração com o The Boston Consulting Group, declarou que mais de um em cada quatro adultos relatou um desencontro entre os seus atuais conjuntos de competências e os requisitos do seu emprego.
Entretanto, a Deloitte Global Millennial Survey destaca que 49% dos millennials dizem que deixariam os seus empregos atuais para desempenhar melhores funções. As consequências de se agarrarem a estratégias antigas numa era de mudanças dramáticas podem ser devastadoras. O que podem as empresas fazer para maximizar todo o potencial da sua força de trabalho, tomar decisões de talento que apoiem o crescimento, e construir uma força de trabalho à prova de futuro que impulsione um elevado desempenho organizacional?
Há uma ideia que começa a chegar ao topo da discussão. A chave para a transformação da força de trabalho é agora a adaptabilidade, diz a Spring. É preciso olhar para os trabalhadores como mais do que um conjunto de competências actuais. O trabalhador à prova de futuro será aquele que tem capacidade para aprender e aplicar novas competências, abraçar novas mentalidades e ajudar na criação de novas culturas.
Isto exigirá investimento e uma nova forma de pensar sobre o ROI – o Retorno dos Indivíduos. Esta nova abordagem estratégica ao talento centra-se em ajudar as empresas a requalificar e reanimar a força de trabalho que têm hoje para preencher papéis atuais e futuros.
Estes investimentos podem assumir várias formas. Podem permitir que os trabalhadores assumam novos papéis e percursos de carreira num mundo cada vez mais orientado para a tecnologia, onde a automação dominará, por exemplo, através da requalificação ou realocação. Nos casos em que os indivíduos não podem satisfazer as exigências dos novos papéis, pode-se assumir a forma de um programa de transição abrangente que vai ajudar a encontrar um propósito num novo emprego noutra organização.