Fidelidade: Academia Wevolution e novos desafios formativos de modelo híbrido

A Fidelidade assenta a formação numa academia que passou por diversas transformações desde o início da pandemia.

 

Se antes a formação dos colaboradores da Fidelidade assentava principalmente num modelo presencial, hoje a aposta é no híbrido, em que as formações presenciais em sala coexistem com o online. O que não mudou foi o valor estratégico que a formação continua a ter, cada vez mais, para a seguradora portuguesa. Para saber mais sobre a academia Wevolution e a aposta da Fidelidade na formação, a Human Resources Portugal falou com Cátia Almeida e Joana Ferreira, coordenadoras desta academia.

Qual a importância estratégica da formação para a Fidelidade?
Joana Ferreira (JF): A formação na Fidelidade tem um papel fundamental no desenvolvimento das nossas pessoas e das suas competências. Assente nos valores da Academia Wevolution, pretendemos que os colaboradores tenham a oportunidade de construir o seu percurso formativo, que cada um de nós se torne num agente transformador dentro da organização e, acima de tudo, que possamos contribuir para uma cultura de aprendizagem contínua, cada vez mais necessária e importante no mundo em que vivemos.

A transformação do mundo, do negócio e, consequentemente, da forma como trabalhamos e até mesmo das funções que temos na organização trouxe um imperativo em capacitarmos as nossas pessoas. Por isso, o papel da Academia é altamente estratégico na organização.

Além disso, é também possível identificar em várias vertentes do nosso programa estratégico o reskilling ou upskilling dos colaboradores, seja pela implementação de novos sistemas/plataformas, seja pela aquisição ou consolidação de conhecimentos que ajudam a impulsionar o negócio e a forma como contactamos com os clientes.

 

Considera que a área de formação está em crescimento na Fidelidade?
Cátia Almeida (CA): É importante apoiar e impulsionar as nossas pessoas para um caminho de evolução e transformação, capacitando-as e preparando-as para as mudanças que queremos fazer e ver, contribuindo para o desenvolvimento das competências e conhecimentos, actuais e futuros. A formação tem aqui um papel fundamental, alavancando este percurso de evolução. Neste sentido, a formação continuará a ser uma aposta da organização, tendo que acompanhar, a par e passo, o desenvolvimento pretendido.

Adicionalmente, sendo a experiência e o conhecimento residente uns dos pilares da Fidelidade e tendo um legado tão importante a preservar, a sua partilha e conversação é também ele uma prioridade. Torna-se relevante criar mecanismos, formais ou informais, de partilha, conservando alguns destes conhecimentos através de formatos próprios de aprendizagem disponíveis no ecossistema da Academia Wevolution.

 

Que tipos de formação a Fidelidade disponibiliza aos seus colaboradores?
JF: A Fidelidade dispõe de um ecossistema de plataformas disponíveis para os colaboradores que espelha uma estratégia definida desde a origem da Academia: potenciar a utilização de formatos digitais de aprendizagem. Temos disponível uma plataforma online de gestão de aprendizagem, onde cada um tem acesso e gere os seus conteúdos de aprendizagem, presenciais ou online. Dispomos de um vasto catálogo de formações e iniciativas segmentados pelos nossos temas de aprendizagem, com iniciativas tão importantes como o desenvolvimento de power skills, formação de seguros, tendências de liderança ou de negócio.

Foi feito também um investimento importante em ferramentas baseadas nos conceitos de micro-aprendizagem e soluções de gamificação. Através de pequenos vídeos e TIP enviadas à organização, a plataforma Wevolution – Micro-learning permite-nos potenciar uma aprendizagem mais rápida e diversa, mas também mais focada em determinados momentos da organização, seja em formato web ou mobile.

Por outro lado, a plataforma Wevolution – Mlearning, através do seus quizzes, permite uma aprendizagem mais “lúdica” e complementar a outros formatos.

 

Existem algumas metodologias inovadoras, nesta academia, que pretenda destacar?
CA: A Academia teve, na sua génese, a aplicação do conhecido modelo de aprendizagem 70-20-10, incorporando nos seus programas, formações e iniciativas a conjugação, sempre que possível, das várias vertentes de aprendizagem. Na aprendizagem aplicada (70), o chamado learning by doing, tentamos garantir que as formações têm uma componente prática significativa, com cases práticos adaptados à realidade do grupo/área, a introdução de alguns simuladores, ou, na concepção e implementação de determinados programas, momentos de verificação da aplicação dos conceitos e conhecimentos e das mudanças de comportamentos esperados. Em algumas jornadas de aprendizagem, o próprio colaborador é desafiado a encontrar as respostas a alguns desafios expostos e a realizar algumas actividades relevantes. Já na aprendizagem social (20), entre pares ou através de mentorias, temos, por exemplo, comunidades de aprendizagem, onde a partilha e esclarecimento de dúvidas entre pares e experts potenciam o desenvolvimento do grupo, sessões específicas de feedback ou, até mesmo, a possibilidade de serem acompanhados ou de acompanharem a realização de uma actividade ou observação de determinados comportamentos, através de shadowing. Por fim, quando falamos de aprendizagem formal (10), através de conteúdos/programas formativos específicos, tentando trazer diversificação nos formatos, por forma a tornar a experiência de formação mais rica e completa, conciliando o melhor que cada formato confere à experiência de aprendizagem.

O programa de Onboarding Corporativo e a jornada de formação disponível para todos os novos colaboradores do Grupo Fidelidade, constituí um bom exemplo da aplicação desta metodologia. O objectivo é proporcionar uma experiência transversal que traduza quem somos, a cultura e os valores através dos testemunhos de colaboradores de várias áreas e empresas em sessões de partilha e network, sendo proposto, em cada momento, uma dinâmica por forma a se vivenciar os valores. Uma experiência que assegure a partilha de informação/ formação relevante, através de uma jornada inteiramente virtual, onde os colaboradores são convidados a viajar pelo mundo onde o Grupo Fidelidade está presente e, em cada país, são desafiados a realizar algumas actividades para melhor conhecerem a Organização e a sua estrutura. Outro elemento importante foi criar uma experiência e jornada que promovesse o relacionamento entre os novos e colaboradores existentes. Acreditamos que é um acolhimento diferenciador e centrado no colaborador, logo no momento de entrada e início de carreira. Até ao momento, o feedback tem sido bastante positivo, permitindo uma unificação da cultura e valores, bem como uma melhoria e agilidade na integração.

Está a decorrer um outro programa de formação, nomeadamente de upskilling, que tem na sua concepção a aplicação da metodologia T-shape, onde trabalhamos o desenvolvimento de competências e conhecimentos transversais, mas também o nível de expertise necessário que cada um necessita, com formação especializada, para o melhor desempenho de uma determinada função.

 

Além destes programas, que outros existem e em que áreas de formação?
CA: A Academia Wevolution procura potenciar o desenvolvimento de competências críticas das pessoas da Fidelidade no desenho, implementação e disponibilização de conteúdos e programas, com foco em seis áreas de aprendizagem fundamentais: (1) Liderança; (2) Saber Fazer; (3) Foco no Cliente; (4) Inovação; (5) Desenvolvimento Pessoal; (6) e, por fim, o Onboarding.

Decorreu ao longo deste ano um programa, enquadrado na área de Inovação, que teve um impacto muito positivo na organização. Falamos do programa “Pensar Futuro” que visou debater o futuro da área seguradora à luz das novas tendências nas áreas da mobilidade, experiência do consumidor e data em 2030. Foi um programa com oradores da Fidelidade e internacionais e teve como objectivos inspirar e apresentar o futuro da área seguradora à luz das novas tendências e concretizar o futuro da Fidelidade à luz destas novas tendências, apresentando o que está em curso e projectos futuros.

Outro exemplo, relacionado com a área do Saber Fazer, é o programa Protectores do Conhecimento que promove a partilha e conservação segmentada do conhecimento técnico na organização. Neste programa foi possível também mapear alguns dos conhecimentos core do negócio e identificar onde reside esse conhecimento.

 

Porque a integração de um modelo híbrido é uma realidade importante a considerar?
CA: Vivemos num mundo mais digital, tendo o contexto pandémico acelerado esta realidade. A área de ensino e formação sofreu uma enorme mudança, com impacto no incremento do acesso e procura de informação e conteúdos, na promoção de novas formas de aprender e na utilização crescente de plataformas e ferramentas, até então pouco utilizadas.

Antes da pandemia, a realidade da formação presencial era marcante, sendo o formato preferencial e mais significativo de aprendizagem. A Academia Wevolution já estava preparada para esta mudança, tendo, como referido, uma estratégia com foco no reforço dos formatos online, através do seu ecossistema de plataformas. Contudo, foi necessário converter e alterar muitos dos programas e formações existentes e apoiar na promoção de um mindset, reconhecimento e aceitação de outros formatos de aprendizagem, assentes no digital, pois alguns colaboradores ainda não tinham experiência formativa no online.

Hoje tornou-se uma realidade normal e considerável, representando, em 2021, cerca 95% da oferta e programas formativos realizados, quer de forma síncrona ou assíncrona.

Entramos em 2022 com a perspectiva e vontade de retomarmos o formato presencial, dado haver vantagens inegáveis e importantes a considerar em termos de aquisição de conhecimentos, desenvolvimento de competências e o reavivar a componente mais social e de partilha num ambiente formativo, mais fácil de promover presencialmente. Assim, é importante não descurar o caminho de evolução que fizemos, mas conciliar o melhor que cada formato imprime, contribui e potencia para o desenvolvimento pretendido. Queremos apostar em soluções blended/híbridas de formação, conjugando as vantagens de cada formato ao tipo de capacitação necessária, às competências a trabalhar e ao perfil do público-alvo.

 

Quais as principais vantagens de um modelo blended/híbrido de formação e que pretendem aproveitar?
CA: Ter um modelo blended ou híbrido de formação não passa, a meu ver, por construir programas ou jornadas que integrem o formato presencial, síncrono ou online em partes iguais. É uma abordagem mais abrangente tentando combinar as soluções formativas e formatos que melhor se adequam, como referido, à capacitação e desenvolvimento esperado. Como sabemos, para o desenvolvimento de determinadas competências, especialmente as comportamentais, o formato presencial confere um ambiente mais propício à aprendizagem, pois é possível realizar algumas dinâmicas entre o grupo, mas difíceis de realizar num formato síncrono ou online, pelo menos com os mesmos resultados.

Algumas das vantagens a destacar, são: uma maior flexibilidade na realização e evolução na formação e aquisição do conhecimento, onde partes da formação, eventualmente mais complexas, possam acontecer presencialmente, complementadas por conteúdos assíncronos onde cada formando realiza ao seu ritmo e no período que pretender; combina momentos de maior interacção/presença com momentos isolados e de independência na prossecução da aprendizagem; abrande vários estilos de aprendizagem, onde as várias preferências são consideradas; possibilita abranger um maior número de pessoas; minimiza o impacto negativo de ausência em alguns momentos pela existência de conteúdos complementares de aprendizagem; potencia a autonomia e responsabilização no desenvolvimento individual; e um maior sentimento de controlo, por parte dos formandos, do progresso realizado. Estas são vantagens que aumentam, naturalmente, o engagement e motivação no processo de aprendizagem, tão importante para obter bons resultados.

 

Quer partilhar exemplos práticos de formação com impacto positivo no negócio?
JF: Temos para a área comercial o programa iLead, que está a iniciar a sua 4.ª edição, e tem como objectivo renovar as práticas comerciais e as dinâmicas de vendas. O programa abrange conceitos tão diferentes e importantes como a influência e a comunicação persuasiva, o trabalho em equipa, a flexibilidade, organização e eficácia pessoal, bem como técnicas de venda, negociação e liderança e dinamização/motivação de equipas comerciais. Este programa é importante para a transformação, não só da forma de estar das nossas equipas comerciais, como também das suas práticas de vendas. É necessário que ganhem pró-actividade e atenção ao cliente, de forma a garantirmos uma experiência de excelência. Temos tido uma satisfação e feedback global muito positivos sobre este programa, mesmo sendo totalmente online desde o início da pandemia.

Por outro lado, o Programa de Produtos Financeiros tem como objectivo aprofundar, consolidar ou relembrar conhecimentos críticos, fortalecer a literacia financeira e reavivar conceitos essenciais de Macroeconomia, Mercados e Produtos Financeiros e de Seguros Financeiros dos colaboradores das mais diversas áreas que apoiam na concepção e gestão de produtos de uma área de grande importância para o negócio.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Academias de Formação” na edição de Março (n.º 135) da Human Resources nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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