Filipe Seixas, PHC Software: Criar a melhor experiência de trabalho

Na PHC Software, o foco da Gestão de Pessoas traduz-se na construção da “Best Experience at Work”. Filipe Seixas, há um ano naquela que tem sido considerada como a empresa mais feliz para se trabalhar em Portugal e eleita a melhor PME nos Prémios Human Resources, garante que não há fórmulas mágicas. «Há, sim, esforço combinado e contínuo», sendo a cultura «a peça fulcral deste puzzle».

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Assim que se entra na PHC Software, percebe- se que não estamos na presença de uma “empresa qualquer”. Ou, pelo menos, de um “escritório qualquer”. Podia ser só “cosmética”, mas ao percorrer os corredores e ver parte (porque o regime de trabalho é híbrido) do espírito que lá se vive e o entusiamo nas palavras de Filipe Seixas, um PHC recente, restam poucas dúvidas de que não é. A bússola orientadora é uma «cultura autêntica», que declina no propósito “Better Management for Happier People” e em valores como adapt and grow, cool but pro e make an impact, e onde flexibilidade e colaboração se interligam com aprendizagem e socialização. Tudo isto em prol do bem-estar das pessoas, na certeza de que traz ganhos de produtividade. É uma cultura que cria valor. Para todos.

 

O nome do departamento que lidera – People Experience – “denuncia” uma nova forma de encarar a Gestão de Pessoas? E já é uma visão generalizada?
Na PHC, a experiência de trabalho está no centro da Gestão de Pessoas. Reconhecemos a importância de proporcionar um ambiente de trabalho estimulante e diferenciador, com impacto positivo na vida dos colaboradores – que, no nosso caso, se traduz na construção da “Best Experience at Work”.

Esta visão está a tornar-se uma tendência cada vez mais generalizada em grandes empresas, especialmente internacionais. O impacto positivo do bem-estar dos colaboradores, da consequente produtividade, e na retenção de talento, é bastante claro e tangível.

Nas empresas nacionais, nomeadamente fora do sector das Tecnologias de Informação [TI], sinto que ainda há um caminho maior a percorrer.

 

Quais são hoje os grandes temas nesta área?
Temos vindo a assistir a uma escassez significativa de talento qualificado, em especial no sector tecnológico. E este desafio, que todas as empresas estão neste momento a enfrentar, está a obrigar a uma redefinição de abordagens e de estratégias para a atracção e retenção de talento.

Desde logo, o trabalho híbrido versus o full remote, um equilíbrio desafiante de atingir. É fundamental ouvir as equipas, perceber os seus pontos de vista, aquilo que as faz mais felizes e, simultaneamente, produtivas, e adequar, a partir daí, a estratégia adoptada. Sem nunca esquecer a saúde financeira da empresa.

Ligada a este ponto está a questão do bem-estar e da saúde mental. A oportunidade de ter flexibilidade e de fazer uma gestão autónoma do tempo, equilibrando com o presencial e os momentos de equipa, são factores de grande importância neste âmbito.

Depois, existe o tema da diversidade e inclusão, que deve fazer parte das prioridades de todas as empresas. Equipas diversas são equipas criativas, invariavelmente. O contactar com diferentes culturas, com diferentes formas de estar e de pensar, é fundamental.

Destaco ainda a aprendizagem contínua. Hoje, os profissionais gostam de ter competencias técnicas de diferentes áreas, porque sentem que isso complementa o seu trabalho-base. E complementa mesmo. Por isso, o reskilling e o upskilling são duas dimensões que as empresas, e em particular os departamentos de Gestão de Pessoas, não podem ignorar.

 

E na PHC, quais são os temas prioritários na área que lidera?
Na PHC, temos em conta todos os pontos que referi. Dedicamo-nos à construção de um ambiente de trabalho que proporcione condições de topo para um rendimento de topo, que passa por ter umas instalações de excelência, uma cultura trabalhada profissionalmente e as melhores práticas de benefícios e bem-estar no local de trabalho. Tudo isto para permitir equilibrar a vida profissional e pessoal das nossas pessoas.

Neste cenário, a construção de uma cultura autêntica, onde os melhores métodos de trabalho – a título de exemplo, as metodologias ágeis ou o trabalho remoto – se interligam com a aprendizagem, a socialização e a consciência do impacto do nosso trabalho, necessita de uma atenção redobrada.

Assim, o nosso foco passa por trabalhar a cultura de forma profissionalizada, para que o sentimento de pertença e de identificação dos nossos PHC se mantenha em níveis desejados. Acompanhamo-los de perto, com equipas especializadas e orientadas à aplicação destes objectivos. Criamos equipas com a segurança psicológica, o bem-estar e a produtividade que desejamos.

 

Em que consiste essa “Best Experience at Work” e como se consegue proporcioná-la a mais de 250 pessoas diferentes?
A nossa abordagem é human-centric, o que significa que colocamos sempre a pessoa no centro de toda e qualquer decisão que tomamos. Seja colaborador da PHC ou ainda não.

A “Best Experience at Work” considera as várias fases do ciclo de vida do colaborador. Começa na experiência durante o primeiro contacto com a PHC, nas redes sociais, por exemplo, passa pelo processo de recrutamento, tem em conta toda a sua estadia na empresa, e prolonga-se até à sua saída. Todas estas fases são cuidadosamente pensadas, para que todos os pontos de contacto com a PHC permitam uma experiência incrível.

Faz também parte dessa experiência a nossa House of Digital Business, que é como chamamos à nossa sede, no Tagus Park. É um local que foi pensado de raiz para a máxima descontração e máxima produtividade. A experiência do colaborador é de excelência quando as condições que lhe oferecemos também o são. São mais de quatro mil metros quadrados de experiências, de momentos de convívio e descanso, de momentos de foco. O nome das salas, os objectos espalhados pelo edifício, a localização dos ecrãs que passam as nossas mensagens internas, tudo foi idealizado ao pormenor, nada está feito ao acaso. Ultrapassa a ideia de um simples escritório.

É verdade que já temos uma equipa muito grande, o que faz com que esta experiência de trabalho só seja bem-sucedida quando ouvimos atentamente cada um dos nossos profissionais. Temos um ambiente inclusivo e de respeito, onde nos preocupamos, efectivamente, em escutar aquilo que têm para nos dizer.

Além disso, oferecemos oportunidades de desenvolvimento profissional, de acordo com as ambições de cada um, e reconhecemos sempre o esforço de todos, recompensando-os nesse sentido, de forma personalizada. Não acreditamos no “one size fits all”. Olhamos para a particularidade e individualidade de cada um.

 

Os desafios na PHC são muito diferentes, comparando com os que tem tido ao longo de já mais de 20 anos de carreira?
Sim, são diferentes. Mas são mais empolgantes. Lidar com uma equipa ágil e inovadora, promover uma cultura descontraída, mas profissional, e responder rapidamente às mudanças no ambiente de trabalho exigiu um novo conjunto de habilidades e uma mentalidade flexível. Sinto que estou em aprendizagem contínua – e não só na minha área core –, e isto é muito gratificante.

 

Neste primeiro ano na PHC, quais foram os principais desafios?
Quando cheguei, em Agosto de 2022, a PHC tinha acabado de reformular os seus processos de recrutamento. Um dos primeiros desafios foi conseguir colocá-lo em prática, adaptando-o e melhorando-o incrementalmente, à medida das necessidades que foram surgindo. Isso obrigou a uma grande optimização de processos, e interligação com diferentes áreas da empresa, de forma a aumentar os índices de sucesso e a retenção das pessoas.

Numa segunda fase, o meu foco está em desenvolver um plano de carreiras diferenciador e cada vez mais personalizado.

A verdade é que a PHC já tinha uma estratégia de Gestão de Pessoas muito inovadora em Portugal. E é uma empresa com práticas de gestão muito avançadas, usando software para tudo. Cada momento do ciclo de vida do colaborador é acompanhado por métricas – HR Analytics. Isso permite levar mais longe a forma como acompanhamos a avaliação do bem-estar, desenvolvimento, engagement e produtividade dos colaboradores.

 

Muitas tecnológicas têm trabalho 100% remoto. Vocês não o advogam. Porquê?
Temos um modelo de trabalho híbrido que prioriza, simultaneamente, a flexibilidade e a colaboração. Acreditamos que o trabalho híbrido traz o melhor dos dois mundos, a colaboração e o foco. Não nos podemos esquecer dos riscos de saúde mental associados ao full-remote, tal como de deterioração da cultura organizacional. E a inovação só surge quando as pessoas estão juntas. Procuramos o equilíbrio. O bem-estar e a consequente produtividade surgem quando a balança está efectivamente bem calibrada.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Agosto (nº. 152) da Human Resources, nas bancas. 

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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