Foguetão da Space X usa componentes de Portugal. Adivinha quais?
A Corticeira Amorim forneceu a Space X, de Elon Musk, para componentes usados nos foguetões espaciais da empresa, adiantou o presidente da empresa, António Rios Amorim.
«É o nosso maior cliente [deste segmento] neste momento desde que a NASA parou» de lançar os próprios vaivéns, disse o gestor, durante um debate sobre «40 anos de Ciência e Conhecimento: capacitar as empresas para os novos desafios», organizado pelo INESC, no Porto.
Este segmento de negócio, que faz parte do esforço da corticeira em diversificar actividade, terá rendido entre três e quatro milhões de dólares (1,7 milhões de euros a 2,6 milhões de euros) e é «a aplicação a seguir a rolha que mais traz valor acrescentado», segundo Rios Amorim.
A empresa, que trabalhava antes com a NASA para fornecer componentes de foguetões que são obrigatoriamente de cortiça, produz as peças nos EUA, por ser mais fácil de certificar, mas a cortiça é portuguesa.
No mesmo debate, sobre inovação e ligação entre empresas e instituições de conhecimento, o presidente do Conselho de Administração da Sonae, Paulo Azevedo, defendeu que a evolução das empresas e da ciência tem acontecido «em paralelo», referindo que discorda da “narrativa” de que as duas dimensões nem sempre se ajudam.
«Discordo da análise e narrativa de que não havia ciência em Portugal e agora é espectacular e as empresas não conseguem usar a ciência. É a narrativa errada», referiu.
«O progresso na ciência foi fabuloso, mas nas empresas também foi muito grande», adiantou.
Para o presidente da Sonae é ainda importante dar mais formação a trabalhadores que só têm capacidades usadas em negócios de pouco valor acrescentado.
«Acho que as coisas estão a evoluir nos nossos sectores tradicionais, mas temos o que temos. Temos uma faixa muito grande de pessoas com qualificações que não vão além do ensino básico», destacou, adiantando que existem muitas formações que podem ajudar estes trabalhadores a reformular as suas competências.
Por sua vez, Isabel Furtado, presidente da TMG Automotive, realçou que é «difícil trazer doutorados para meio industrial».
«Habituam-se a meio académico que é muito diferente da indústria», afirmou.
A gestora apontou o problema da «falta de comunicação» e pediu uma maior «network [ligação em rede] entre as empresas e academia».