Gerir pessoas em sectores altamente competitivos

Por Cátia Silva, directora de Recursos Humanos da BOLD International

Ao longo dos últimos anos tem-me sido colocado o desafio de gerir pessoas num sector que, para além de ser altamente competitivo, tem a particularidade de ser um dos sectores que nas últimas décadas tem estado em constante evolução e onde a “Inovação” é e sempre será a palavra de ordem.

Colaboradores altamente qualificados e cujas competências ainda são escassas num mercado pequeno como o nosso, políticas retributivas aliciantes por parte de empresas que se encontram sedeadas em países tão próximos como a Alemanha, Bélgica, Irlanda ou Reino Unido por exemplo, o aparecimento constante de novos projectos com um carácter tecnológico muito apetecível estão entre os três principais factores que, a meu ver, levam as empresas do sector das Novas Tecnologias de Informação e Telecomunicações a registarem turn-overs acima da média e a terem de ser cada vez mais criativos na Gestão de Pessoas.

Estas dificuldades acrescidas são, ao mesmo tempo, para os profissionais de Gestão de Recursos Humanos desafios estrondosos e inigualáveis face a outros sectores. Todos os dias é preciso estarmos atentos ao mercado, a cada passo da concorrência, aos novos normativos de âmbito legal e fiscal, aos programas de incentivos à contratação, sem nunca esquecer que é também preciso estar sempre a inovar nas formas de atracção e recrutamento de pessoas. Por exemplo, os típicos anúncios de empresa estandartizados não são nunca suficientes para chamar à atenção de um público que por si só já é curioso e procura informação através de diversos meios tecnológicos e digitais a toda a hora. Ainda, apresentar uma simples proposta de remuneração acima da média é insuficiente. É preciso todos os dias trabalhar e repensar em novos modelos de compensação e benefícios directos e indirectos que sejam suficientemente apelativos para estes colaboradores que diariamente são alvo de propostas para abraçarem novos desafios. Paralelamente, o desafio dos profissionais de Gestão de Pessoas passa naturalmente também por garantirem que estas políticas retributivas continuam a dar poder competitivo e margens de negócio que sejam sustentáveis a curto, médio e longo prazo para a empresa.

E a gestão das emoções onde fica? Qual o valor das soft skills neste sector que prima pela escassez de competências técnicas tão valiosas para o sucesso das diferentes organizações nos dias de hoje? As emoções que, no meu caso pessoal e neste sector, já duram há 9 anos, gerem-se todos os dias de forma diferente. A frustração da saída de alguém é sempre muito grande quando achamos que já oferecemos um leque de condições e benefícios tão diferenciadores e que ainda assim são muitas vezes insuficientes. Por outro lado, também a gestão de competências comportamentais neste sector é muito diferente quando falamos de profissionais da área de Informática e Telecomunicações em particular, pois se em muitos casos são efectivamente muito valorizadas, noutros, pela escassez de competências técnicas predominante neste sector esta exigência está claramente e sempre em segundo plano.

Em jeito de conclusão, queria apenas deixar a nota a todos os profissionais de Gestão de Pessoas de sectores altamente competitivos como o caso deste que aqui partilho, que se por um lado temos de gerir emoções positivas e negativas todos os dias, por outro, os desafios aqui nunca acabam, o poder da criatividade acompanha-nos e tem de nos acompanhar todos os dias e nunca uma tarefa ou projecto chega ao fim. Sim, vale a pena tentar.

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