Há ou não há guerra?
Por Ricardo Florêncio
ricardo.florencio@multipublicacoes.pt
No passado dia 13 de Março, realizou-se a XV Conferência da Human Resources, com o tema “Talent’s War – a Guerra pelas Pessoas”. Em 2017, dedicámos as nossas duas Conferências a temas ligados à digitalização, à transformação digital e às suas repercussões nas empresas, e muito especialmente no mundo da Gestão de Pessoas, na Gestão de Recursos Humanos. Em Março, com o “Dark Side of Digital”, e em Novembro, com o “People 4.0”, tivemos dois momentos altos com a partilhas de várias opiniões e experiências que muito enriqueceu a todos.
Contudo, e atendendo à nossa proximidade ao mercado, às empresas e aos seus gestores, fomo-nos apercebendo ao longo desse tempo que outro assunto começava a despontar, a marcar a agenda e a preocupar empresas e gestores. Ao princípio de um modo ténue, mas a ganhar relevância e importância com o passar do tempo. E, assumamos, felizmente por bons motivos. O facto de Portugal estar na agenda das empresas internacionais, no Turismo, nas áreas Tecnológicas, na Saúde, na Educação, e até como modo de vida (aqueles que querem vir para cá viver), tem levado ao desenvolvimento da economia e à criação de mais emprego. No ano passado foram instalados em Portugal perto de 40 centros de desenvolvimento das mais variadas empresas. Para este ano está previsto ultrapassar-se esse número. São muito boas notícias. Contudo, quais os efeitos deste aumento de procura no mercado de trabalho? Alguns recursos até podem vir de fora, mas na sua larga maioria são recrutados localmente. E assim, há ou não há uma guerra pelas pessoas? Há ou não há uma guerra pelo talento? Neste momento, alguns deverão estar a pensar, que exagero! Mas então coloquemos a pergunta noutro tom: é, ou não é, mais difícil atrair e reter as pessoas que desejamos, e que precisamos, hoje do que há dois, três ou quatro anos? Penso claramente que sim! Mas será essa escassez sentida apenas em alguns sectores de actividade? Em algumas profissões muito específicas? Ou vai generalizar-se? E será apenasnas grandes cidades? Lisboa e Porto? Ou é também sentido noutros locais? E o que estão a fazer as empresas para enfrentar e minimizar estas situações? Pois, como foi referido de modo claro nas duas conferências do ano passado, e em todas as nossas publicações e eventos, apesar de toda a tecnologia que nos rodeia, de todo o avanço digital, o que é mesmo distintivo, o recurso fundamental nas empresas, são, sempre serão, as pessoas!
Editorial publicado na revista Human Resources n.º 89 de Março de 2018