Há três sectores que se destacam como os que mais pretendem contratar em 2024 (mas quase metade das empresas dizem que vão aumentar as equipas)

As intenções de contratação dos empregadores portugueses revelam-se positivas, com 42% das empresas a antever aumentar as suas equipas no próximo trimestre, face a 14% que prevê reduzir e a 41% que planeia manter o seu número actual de colaboradores.

 

Os dados são do ManpowerGroup Employment Outlook Survey e reflectem assim uma projecção para a criação líquida de emprego de +28% para o primeiro trimestre do próximo ano. Este valor, já ajustado sazonalmente, traduz uma descida de sete pontos percentuais face ao trimestre anterior, mas um aumento considerável de 16 pontos percentuais quando comparado com o período homólogo de 2023, quando as preocupações com a subida nos custos da energia, o aumento da inflação e a revisão nas taxas de juro directoras provocavam um maior pessimismo nos empregadores nacionais.

Estes valores posicionam Portugal dois pontos percentuais acima da média global e cinco pontos percentuais acima da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África). Portugal é, no entanto, o 5.º país a apresentar a maior redução trimestral a nível global e o 2.º a nível da região EMEA, a par da África do Sul, e abaixo da Irlanda, que cai 10 pontos percentuais.

 

Por sector
Os empregadores dos nove sectores analisados em Portugal esperam aumentar as suas equipas nos primeiros três meses de 2024, mas apenas três destes sectores apresentam intenções de contratação mais optimistas quando comparadas com as do trimestre anterior.É o sector das Tecnologias da Informação o que apresenta as intenções de contratação mais dinâmicas, com uma projecção para a criação líquida de emprego de +57%. Esta é a projecção mais elevada no sector português das TI em oito trimestres, remontando ao primeiro trimestre de 2022, quando registou um valor de +67%. Globalmente, Portugal revela-se, assim, o terceiro país com a maior projecção neste sector, superando a média global em 21 pontos percentuais.O segundo sector mais optimista é o dos Serviços de Comunicação – que inclui Telecomunicações e Media –, com uma projecção de +50%, que traduz uma subida considerável, de 12 pontos percentuais, relativamente ao trimestre anterior, e de 32 pontos percentuais, quando comparada com o período homólogo de 2023.

O sector dos Transportes, Logística e Automóvel avança igualmente com perspectivas animadoras quanto à criação de emprego, sinalizando uma projecção robusta, de +36%. Este valor traduz, no entanto, uma redução de 13 pontos percentuais face ao trimestre anterior, sendo mesmo o sector com a maior descida entre trimestres.

Com uma projecção de +34% encontra-se o sector da Energia e Utilities que, apesar de se manifestar com um sentimento optimista, apresenta uma descida considerável de 12 pontos e nove percentuais face ao trimestre passado e ao período homólogo de 2023, respectivamente

Igualmente com uma projecção de +34%, o sector das Finanças e Imobiliário estabiliza em relação ao último trimestre do ano 2023, com o aumento de apenas um ponto percentual. Segue-se o sector dos Cuidados de Saúde e Ciências da Vida, com uma projecção de +29%, que revela um decréscimo de nove pontos percentuais face ao trimestre passado, mas um aumento acentuado de 23 pontos percentuais relativamente ao mesmo período do ano passado.

Os empregadores do sector da Indústria Pesada e Materiais, que abrange os subsectores da Agricultura e Construção, revelam também intenções de contratação sólidas, com uma projecção para a criação líquida de emprego a situar-se nos +24%, o que revela uma descida de 12 pontos percentuais face aos três meses anteriores, mas um aumento 11 pontos percentuais, na comparação com a projecção do primeiro trimestre de 2023.

Com a projecção menos optimista, mas ainda positiva, o sector dos Bens e Serviços de Consumo fixa-se nos +14%, registando uma redução de 12 pontos percentuais face ao quarto trimestre de 2023. Em contrapartida, este valor revela também um aumento acentuado de 22 pontos percentuais relativamente ao período homólogo de 2023, quando o sentimento dos empregadores face à evolução no consumo tinha atirado a projecção para valores negativos, com -8%.

 

Por região
De norte a sul de Portugal, os empregadores de todas as regiões avançam com previsões de contratação positivas para os primeiros três meses do ano 2024. Ainda assim, três destas regiões evoluem negativamente face aos meses de Setembro a Dezembro de 2023, e as duas restantes estabilizam. Na comparação com o período homólogo do ano anterior, apenas o Centro de Portugal apresenta uma evolução negativa.

A Região da Grande Lisboa é a que apresenta a projecção para a criação líquida de emprego mais próspera, a fixar-se nos +37%, o que se reflecte numa estabilização face ao trimestre anterior, com o aumento de apenas um ponto percentual.

Segue-se o Grande Porto, com uma projecção de +29%, valor que traduz, no entanto, uma redução de 10 pontos percentuais face ao trimestre passado. O mesmo comportamento é observável na região Norte, com uma projecção forte, de +22%, mas em queda de 11 pontos percentuais entre trimestres.

A região Sul surge como a quarta com a projecção mais optimista, com +21%, uma descida de quatro pontos percentuais quando comparada ao trimestre anterior, e uma estabilização face ao mesmo período de 2023, com a subida de apenas um ponto percentual.

Por último, mas também com uma projecção positiva, surge a região Centro, com o valor de +18%., valor que revela uma estabilização face ao último trimestre de 2023.Por dimensãoTodas as categorias de dimensão de empresa analisadas avançam com previsões de contratação positivas para o primeiro trimestre de 2024, com duas a assumir uma evolução negativa face ao período compreendido entre os meses de Setembro a Dezembro de 2023. Ainda assim, todas evoluem positivamente em relação ao período homólogo do ano passado.

Com as previsões mais prósperas encontram-se as Médias Empresas, com uma projeção para a criação líquida de emprego de +36%, seguindo-se as Grandes Empresas de até 1000 trabalhadores e entre 1000 e 5000 trabalhadores, com projeções de 34% e 30%, respectivamente.Os empregadores das Microempresas e as Pequenas Empresas avançam igualmente com um sentimento de contratação positivo para o primeiro trimestre do ano, com as projecções a fixarem-se nos +28% e +21%. Em ambos casos, a trajectória face ao trimestre passado é, no entanto, negativa, com reduções de oito e 17 pontos percentuais, respectivamente. Finalmente, as Grandes Empresas, de mais de 5000 trabalhadores, são as que apresentam as perspectivas mais conservadores, mas igualmente positivas, com +17%, o que traduz uma redução de 26 pontos percentuais face ao trimestre anterior.A nível globalA projecção para a criação líquida de emprego a nível global é de +26%, registando um decréscimo ligeiro de quatro pontos percentuais quando comparada com a do trimestre passado. A projecção reflecte, ainda assim, uma ligeira subida face ao mesmo período do ano passado, com o aumento de três pontos percentuais, o que revela uma melhoria ligeira da situação de emprego face ao panorama verificado no início de 2023.

Todos os 41 países e territórios inquiridos apresentam perspectivas de contratação positivas, mas apenas nove países estabilizam ou aumentam as suas intenções de contratação face ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, 27 países apresentam uma evolução positiva da projecção para a criação líquida de emprego.

A nível mundial, a Índia e os Países Baixos avançam com a projecção mais optimista, ambos a fixarem-se nos +37%. Seguem-se a Costa Rica e os Estados Unidos da América, com o mesmo valor, +35%. Por outro lado, é na Argentina que a projecção é mais moderada, com +2%, seguida da República Checa (+8%). Além destes, também a Hungria e o Japão apresentam os valores menos optimistas, com intenções de contratação de +10% em ambos os países.

Na Região EMEA, onde se situa Portugal, a projecção para a criação líquida de emprego é de +23%, situando-se dois pontos percentuais abaixo da registada no último trimestre.

O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou 40.077 empregadores, em 41 países e territórios.

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